The Guardians

Já Era Hora

Homens, mulheres, jovens e crianças treinavam diante os olhos de Velfhus, o Líder dos Escarlate e Kassia, a Dama de Ferro, do lado oposto ao campo.

"Bom trabalho" – elogiou Velfhus para a filha, quando aproximou-se dele.

"Obrigada" – agradeceu Keyla.

"Mas acho que você não veio aqui para falar sobre a contenção que fizeram contra os rebeldes de Dubor"

"Não, não vim"

"Então..." – disse Velfhus.

Keyla, então, mostrou a pena para ele. Seu pai não se interessou muito, porque ele queria a portadora de Aiprah, e não a fragmentação de sua asa. A filha, porém, insistiu. Ele continuou firme em seu pensamento. Percebendo a expressão do seu pai, ela chamou um jovem ali próximo e pediu sua espada. O garoto aproximou-se e entregou-lhe sua arma. Ela pegou e cortou a própria mão. O sangue escorreu sobre a armadura.

"O que está fazendo? " – questionou seu pai.

Então, Keyla balançou a pena com a mão direita sobre o ferimento e instantaneamente o sangue secara e o corte já não existia mais.

"Muito tempo, o rei anseia por uma vingança. Aqueles animais não terão chance contra nós"

Seu pai colocou a mão sobre o ombro da filha e sorriu.

~~

"Deixa entrar" – ordenou Bert do alto do seu trono.

Keyla e Velfhus entraram e posicionaram-se quase ao pé dos trinta degraus que ligavam o imponente trono de basalto.

"Meus parabéns. Você e Connor fizeram um excelente trabalho contra os rebeldes. Vinho para ela, rápido! "

Prontamente, servos trouxeram-lhe vinho, mas Keyla recusou.

"Só fiz o meu trabalho, senhor. Mas estou aqui por você"

"Por mim? " – questionou o rei.

"Sim"

"Então, diga" – pediu Bert.

"Vingança" – disse Keyla. "Sua vingança"

Rapidamente o rei mudou seu semblante e ficou sério.

"Sim. Todos sabem da minha vingança. Do vazio que há em mim. Do vazio que aqueles animais me deixaram" – bateu com o punho sobre o braço do trono.

"Sim, meu rei. Todos nós compartilhamos dores, e a sua não é diferente" – bateu com o punho no peito. "Sabemos onde vivem, mas não sabem que temos isso" – mostrou a pena.

O rei e os outros guardas dentro do salão olharam para a mão de Keyla.

"Uma pena? " – questionou o rei intrigado.

"Eu sei que a ave foi tirada do senhor... E sei também que falhei na missão de trazer aquela que possui seu poder, porém..." – deu um passo à frente. "Mesmo que não tenhamos ela, sua pena pode nos proporcionar tudo que Aiprah pode fazer"

"Como? " – inclinou Bert sobre o braço direito do trono.

Keyla pegou sua mão e raspou na lâmina de sua lança. O sangue pingou ao pé da longa escada. Logo em seguida, balançou a pena sobre o ferimento, e mais uma vez o corte havia sumido.

Alguns soldados pasmaram-se, pois acreditava-se que somente as asas poderiam fazer tal feito.

Do alto do seu trono, Bert observou atentamente, mas logo voltou-se ao encosto.

"Nossos inimigos não nos tratarão com tanta sutileza, minha jovem"

"Então escolhe" – pediu keyla.

"O que? " – indagou o rei.

"Você disse que não serão sutis conosco" – disse Keyla. "Então escolhe. Escolhe um soldado"

Todos olharam para ela.

Bert apontou para o guarda encostado na parede lateral. O Guarda-real apresentou-se.

Keyla ficou de frente para ele. Seus olhos pareciam mil fornalhas acesas.

"Não se preocupa, soldado. Você disse que faria qualquer coisa pelo seu rei. Até..." – Keyla jogou sua lança, que perfurou o peito daquele homem, pregando-o na parede. Todos dentro do salão respiraram fundo com a cena diante dos seus olhos. Logo depois, ela movimentou sua mão direita. A lança queimou por inteira no peito do saldado, desaparecendo e materializando-se em seguida em sua mão novamente. "Morrer por ele"

Bert arregalou os olhos, pasmado. Não esperava aquilo.

Keyla passou a pena para Velfhus. Seu pai foi até o Guarda-real e balançou a pena sobre ele. O peito do soldado brilhou e fechou-se. Ele estava de volta. Vivo.

Assentado sobre seus trinta degraus, Bert olhou para o Líder dos Escarlate.

"Reúna seus homens"