UNIVERSO PARALELO

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Sobre seu lobo, Arithria direciona seus olhos para Denian ao seu lado. O Silencioso pressiona os dedos em seu arco. Logo em seguida, apontam os olhares para além dos pinheiros, e saem rapidamente.

Árvores e mais árvores. Troncos caídos. Ladeiras e subidas irregulares. O cenário então se abre em uma clareira, e do outro lado do vale, Kahafazz, o Chefe tribal.

O confronto é eminente.

Denian dispara uma flecha. Mesmo montado sobre o gigante Presa-de-gelo, Kahafazz consegue desviar do ataque.

Arithria, então, ataca-o do lado esquerdo com seu Machado-martelo. O Chefe tribal desvia mais uma vez, mas ataca logo em seguida com sua lança. A líder dos Fantasmas, desvencilha do ataque.

Danian, o Silencioso, um pouco mais afastado, ataca novamente. A flecha acerta o alvo: a costela direita daquele imenso animal. O Presa-de-gelo cambaleia, mas ainda assim, continua de pé. Arithria aproveita dessa oportunidade para contra-atacar, mas sem sucesso, é pega pelos enormes chifres do animal e lançada para longe.

Denian armar seu carco, mas é interrompido pela ação de Kahafazz, que ordena a montaria bater suas patas no chão, causando um forte abalo sísmico, derrubando-o.

A Líder dos Fantasmas, caída, aponta seus olhos para o garoto. Logo em seguida, direciona seu olhar para o Chefe tribal, que se coloca de forma soberana diante deles.

Pouco segundos depois, Kahafazz segue com sua fera em suas direções. Exausta e com seu lobo ferido, Arithria coloca-se diante dele, mas quando ele vai ataca-la, é surpreendido pelas boleadeiras que a Líder dos Fantasmas lança sobre seu animal, prendendo-o. Kahafazz tenta sair, mas acaba caindo, ficando preso sob seu monstruoso ser.

Denian, então, olha para Arithria e para seu inimigo. Arma seu arco e salta, girando para trás no ar. Inúmeras flechas de gelo saem do seu redor e vão sobre o Chefe tribal, finalizando-o com aquela que ele dispara do seu arco.

~~

O fogo espalhou por todo o lugar, assim como os vários corpos ao chão. Soldados de armaduras negras de um lado e soldados de armaduras brancas do outro. Entretanto, apenas dois resistiram em não se entregar: Bryan, a Força de Nidon e Saikon, a Espada de Dunsan. Ambos encararam-se, exaustos.

Um relâmpago iluminou o céu escuro. Sucessivamente um trovão reverberou. A chuva caiu sobre eles, como se fosse um sinal, chamando-os para o duelo.

Assim, atenderam ao chamado.

Bryan avançou. Saikon desviou com uma jogada de corpo. A Força de Nidon investiu mais uma vez. Saikon esquivou-se, atacando com sua longa espada logo em seguida. Mas num movimento rápido, Bryan colocou seus braços diante de si, impedindo o ataque. Com isso, pela força que recebera, foi empurrado para trás. Ambos olharam-se mais uma vez.

Bryan investiu. Saikon esquivou-se e atacou logo em seguida. Mas Bryan abaixou-se, socando-o com seu punho direito. Saikon balançou. Firmou-se e contra-atacou, jogando Bryan para trás. Gritou diante seu inimigo, mostrando sua soberania. Mas a Força de Nidon, não se entregou tão facilmente, e avançou sobre a Espada de Dunsan com mais fúria. Saikon colocou a espada diante o corpo, barrando o ataque do seu rival.

"Só usa espada, quem não se garante no soco" – afirmou Bryan.

"Se eu tenho espada, eu vou usar" – rebateu Saikon diante os olhos daquele que um dia já foi seu irmão.

~~

Jhon Helgar colocou suas botas sobre a praia. As folhas abaixo dos coqueiros mexeram-se. Ele atirou. Rapidamente jogou sua âncora no coqueiro mais próximo, e lançou em sua direção. Soltou um sorrido de canto de boca, mostrando seus dentes, e mergulhou na floresta.

Mais dois, três disparos. Sem sucesso. Entretanto, uma forte rajada gélida abriu passagem entre as árvores e foi em sua direção, chocando-se com seu peito. A consequência desse ataque o fez bater suas costas em uma árvore. Apoiou-se sobre o joelho direito e levantou-se.

Ma'ari, a Neve que Cavalga, surgiu em sua direção. Num rápido movimento de corpo, o Terror dos Mares desviou-se dos imensos chifres daquele animal que a carregava nas costas.

Ma'ari fez a volta, próxima a uma cachoeira. Movimentou seu grande martelo e soltou outra rajada gélida sobre ele. Jhon desviou e atirou mais uma vez, acertando a montaria de pelagem totalmente branca, assim como seus imponentes chifres, semelhantes a duas mãos abertas.

Ma'ari cedeu. Outro tiro. Seu animal foi para trás. Mais outro. E outro. Ma'ari caiu. O Terror dos MAres de forma autoritária, veio lentamente diante dela. A jovem olhou para ele. Helgar apontou sua arma para ela. Então, os olhos daquela menina de pele branca e cabelos semelhantes a prata, ficaram totalmente azuis. Um azul profundo.

A floresta tropical deu lugar a uma terra dominada pelo gelo. Ventos gélidos por todos os lados. Jhon Helgar olhou em volta. Não havia ninguém. Ele estava sozinho, sozinho num mundo de gelo.

De repente, no meio daquela tempestade que o assolava, atrapalhando sua visão, a silhueta de algo indecifrável veio rapidamente ao seu encontro.

O Terror dos Mares sentiu apenas o forte impacto no meio do seu peito.

Sobre o chão, coberto pela neve, forçou levantar-se. Outro impacto. O gemido ecoou por aquele inóspito lugar. Segundos depois, forçou-se mais uma vez, e assim, conseguiu decifrar a enigmática imagem a sua frente.

Ma'ari, a Neve que Cavalga.

Rapidamente, outro ataque, e suas costas chocaram-se contra um pinheiro. Mais outro ataque, mas dessa vez, pela direita. Seu corpo bateu fortemente contra uma rocha ali próxima. As feridas dela e do seu animal, não existiam mais. Somente os arranhões no rosto do Terror dos Mares, mostravam-se.

Ma'ari deu as costas ao seu inimigo estirado no chão, e tudo voltou ao normal.

Montada no alce, andando sobre a praia, um forte tremor eclodiu. Não demorou muito, e sons de árvores caindo no interior da floresta começaram a aproximar-se de onde ela estava. Ma'ari virou-se na direção do som, e sobre a linha do horizonte, um navio com suas velas abertas, e três bocas de canhões a frente, formando um triangulo, rasgava a superfície da colina vindo  rapidamente em sua direção.

A Neve que Cavalga, segurou firmemente em seu martelo-abissal, e sorriu de canto de boca.

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