O Festival

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Levou a caneca metálica à boca. Goladas expressivas. Retornou sobre a mesa, num barulho seco. Limpou a barba com as costas da mão esquerda. Pediu mais, e assim, foi atendido. Mais dois goles. Seus olhos caminharam entre as várias canecas sobre a mesa de madeira, e seus pensamentos foram para uma pessoa.

Segundo ele, algo estava errado. Não podia ficar assim. Não podia terminar assim. Então, jogou algumas moedas sobre a mesa e saiu da taverna.

As ruas de Ahnatnom iluminavam-se com as tochas de fogo nas paredes. E abaixo delas, um mar de gente, devido ao festival. Música, sorrisos, comida, e claro, bebida. Muita bebida. Canecas transbordavam-se, umas às outras.

Desceu três degraus. Pessoas esbarraram-se nele. Chiou com algumas delas, mas seu pensamento estava longe.

Virou para esquerda.

Andou e andou abrindo passagem pela multidão. Alguns companheiros do Exército-dourado chamaram-lhe atenção, mas não deu importância.

Minutos passaram-se, e nada. Nada de quem estava procurando. Ele queria respostas.

Duas ruas para direita. Três para esquerda. Caminhou com seus olhos turvos sobre a multidão.

"Achei você" – disse em sussurro.

Mesmo cambaleando, acelerou seus passos. Trombou em algumas pessoas até ficar diante de quem tinha-lhe deixado com dúvidas.

Uma mulher.

Ele, por sua vez, questionou os olhos castanhos, perfeitamente acompanhados por aqueles longos fios negros, como uma noite sem lua. Ela respondeu com o silencio. Ele insistiu. Mais silencio. Insistiu mais uma vez. E outra, e outra. Todas sem sucesso. Irritado, foi atrás dela depois de vê-la afastando-se dele.

Segundos depois de alcança-la, segurou-a pelo pulso direito, e tirou-a da multidão.

"Me larga! " – pediu a mulher, mas sem retorno.

Girou em seus calcanhares e direcionou-se até uma viela. Mais uma vez investiu contra a mulher. O medo nos olhos dela, transbordou sobre suas bochechas. A negação exibia-se em cada parte do seu corpo, assim, como, em cada parte dourada da armadura do soldado, que não aceitava um "Não" como resposta.

Tudo do que ele falava, era atendido. Por que agora seria diferente?

Pressionou seu corpo à mulher contra a parede. Tampou seus lábios, prendendo sua voz. Assim, usou de sua força para obter o que queria.

Depois de agir de forma brutal, selvagem, seus ouvidos recusaram ouvir o choro daquela que estava jogada ao chão. Mesmo com o clima quente da região, preferiu manter a frieza em seu olhar.

Girou sobre seus calcanhares para fora daquele estreito corredor. Mas ao final do beco, ouviu passos lentos atrás de si.

"A festa é lá do outro lado" – disse o soldado.

Os passos continuaram em sua direção.

"Não há nada aqui" – continuou ele.

"Há sim" – teve como resposta.

"Acho que você não quer problemas" – comentou o soldado.

"Você tem uma dívida" - indo direto ao ponto.

"Há, há! Dívida? Quem é você pra me falar de dívida? – indagou.

"Está na hora de pagar" – afirmou.

Sabe quem eu sou? " – questionou o soldado, quando virou-se com a mão em sua espada.

- POW-

Um passo à frente.

-POW-

Mais um passo.

-POW-

"Sei. Eu sou o cobrador" – direcionou seus olhos brancos sob o largo chapéu para o soldado ao chão. "E você..." - parou por um momento. "É quem estava devendo"

De repente, um garoto surgiu em sua frente, carregando um saco nas costas. Parecia com pressa.

Tirando vantagem do festival, Lin aproveitou para furtar as casas de alguns nobres.

"Você" – apontou Bill com o dedo.

Lin parou subitamente e voltou sua direção para aquele homem.

"Inocente" – afirmou o cobrador.

"Beleza" – respondeu Lin, todo assustado. "Eu... Eu vou indo nessa" – indicou para o lado. "Eu não vi nada. Nadinha de nada. " – e saiu correndo.

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