O Senhor Da Neve X O Espírito Da Noite

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O pessoal da tribo começaram a olhar desconfiado para Morin, depois das notícias sobre a suposta aparição do Espírito da Noite.

Morin circulava entre eles, fazia as tarefas da tribo e lá estava os olhares, até mesmo os mais próximos a ele. O olhavam com descrença, negação.

Morin passava inúmeras vezes na frente da tenda da Líder, na tenda da sua mulher. Bom, ele ainda a considerava como esposa. Pensava em falar com ela, mas não os assuntos do passado, mas do presente. A ameaça existente lá fora. Porém, recuava nas tentativas de falar com ela. Por que iria acreditar nele? Depois de tanto tempo... a distância. Nenhum sinal de vida, nada. Não teria motivos de ouvi-lo agora, ainda mais quando todos o chamavam de maluco. Mas ele sabia que tinha que fazer alguma coisa. Não podia deixar a tribo correr perigo. Seu filho correr perigo. Sua mulher correr perigo.

"Eles estão errados" – falou consigo mesmo.

Ele saia todas as noites atrás da criatura. Saia sobre piadas, risos... zombavam dele. E retornava todas as manhãs sozinho.

Sua mulher o via de longe. Ela não sorria, não zombava, não falava palavra alguma. Apenas acompanhava-o com os olhos.

Morin fez isso por vários dias. Mas sempre regressava de mãos vazias. Então, começou a se entregar ao que os outros falavam. E assim, os dias de sua procura foram diminuindo, diminuindo, diminuindo...

"Só mais uma vez" – disse novamente para si.

A lua estava a pino e Morin encontrava-se entre os pinheiros. Caminhou para a direita, direcionou seus passos para a esquerda, mas nada. Seguiu um pouco mais a frente e o resultado não mudara.

Tendo consciência de tudo o que estava fazendo e não tendo nada satisfatório, resolveu voltar. Mudou seus calcanhares para o caminho da tribo. Então, foi surpreendido por algo adiante.

"Achei você"

Não pensou duas vezes e atirou um projetil congelado de sua mão direita no lombo da criatura quando foi iluminada pelo brilho prateada da lua.

O lobo gritou.

Morin escondeu-se rapidamente. Segundos depois, perseguiu a criatura com mais dois, três projeteis congelados.

Procurou pelo animal, mas nada da imagem dele. Olhou para os lados, mas por algum motivo sabia que não estava sozinho.

Os inimigos se escondem no silêncio.

Morin parou por alguns segundos, respirou fundo e desviou.

O vulto negro passou rente ele e num rápido movimento atacou-o. Morin reagiu de forma instintiva e segurou a boca a aberta do lobo com suas mãos congeladas, jogando-o logo em seguida para o lado.

O terreno abriu-se em uma clareira. O lobo levantou-se diante dele. Olhos totalmente brancos como a neve. Pelos negros como a noite. Os dentes semelhantes a facas.

Morin sem hesitação, atirou quatro projeteis um após o outro na direção do Espírito da Noite. Mas com movimentos ágeis, o lobo, um pouco maior do que um homem, ziguezagueou dos ataques e avançou sobre o Senhor da Neve.

Num rápido movimento, Morin colocou suas mãos a frente do corpo para defender-se. O lobo cravou os dentes nos braços congelados dele. Chacoalhou-o e jogou-o para longe. Uma árvore ali próxima recebeu todo impacto de Morin.

O lobo mais uma vez foi em sua direção. Mas desta vez, Morin rolou-se para o lado e atirou cristais de gelo naquele animal. O Espirito da Noite gemeu. Morin levantou-se e atirou mais uma vez. O lobo correu com outro gemido. Morin caminhou, mas caiu. Estava exausto. Todo o seu corpo doía. E o ar gelado pesava em seus pulmões.

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