As grandes janelas ao entorno conduziam os raios do sol sobre o piso, as paredes... Todo o lugar. A longa mesa de mármore, acomodava os braços dos membros ali presentes. Além, é claro, das cadeiras de madeira nobres, trazerem um conforto ainda maior, trazia sentada uma integrante muito importante: a princesa.
O rei não queria que sua filha só ficasse cumprindo lições sobre chás da tarde e aulas de comportamento, linguagem... Ele queria mais. Ele queria ela mais participativa ao seu lado. Por isso, começou a chama-la para os assuntos relacionados ao reino. Afinal, ela será uma rainha, e rainhas devem saber tudo que acontece ao seu redor.
Entretanto, os olhos da filha não tinham mais o mesmo brilho de antes. Casclan sabia o motivo.
Repassaram os últimos assuntos e encerraram a reunião. Todos saíram. Menos Lívia, que, quando prontificou-se em ficar de pé, foi rapidamente interferida pelo seu pai.
"Fica"
Quando só restaram os dois, o silencio pairou sobre eles por alguns segundos. Lívia de olhar triste, percebeu a expressão séria, e talvez, um pouco decepcionada do pai.
Ela fez menção de falar, mas foi ele quem rompeu o silencio.
"Sua mãe..."
Lívia levantou os olhos e direcionou-os a ele com atenção.
"Muito mais do que ficar sentada ao lado de um rei, ela acreditava que uma rainha tinha que estar à frente do seu povo. Não ser o centro das atenções, mas sempre disposta a tudo, até mesmo nas guerras, defendendo seu reino. " – fazendo uma leve pausa. "Mas... Esse era o motivo das nossas brigas" – suspirou. "Seu corpo revestido com a armadura no campo de batalha, e meu coração totalmente exposto, vulnerável. "
Lívia não tirava os olhos dele.
"Enquanto ela defendia o povo, eu só queria proteger o reino." – levantando-se, e indo para a janela. "Ela era o meu reino. " – olhando para as ruas, a praça central, mas, mais precisamente, ao Muro dos Imortais. Para o rosto da amada cravado na rocha. "Por isso, espero que entenda porque a deixei de castigo" – seus olhos foram para a filha.
"Sim, pai, mas..."
"Foi muito perigoso o que você fez" – fazendo uma expressão mais séria.
"Pai..."
"Você acha que eu não sei? " – aproximou-se dela. "Saindo escondida para treinar" – apontou para fora. "Estando no meio dos soldados, participando de batalhas... E ainda trazendo aquele animal aqui! " – gesticulou com as mãos.
"Ela chama Promessa! "
"Promessa? " – questionou ele.
"Ela não é perigosa! " – exclamou.
"Claro que é, Lívia " – rebateu ele.
"Você não sabe de nada! " – levantando-se bruscamente.
"Eu sou o seu pai! " – Casclan falou ainda mais firme.
"Então o senhor sabe também que eu não gosto daquelas horas de chás, daquelas aulas, dessas reuniões... De ficar presa aqui"
"É para o seu bem" – afirmou ele.
"Não, pai! " – com a voz tremula. "Isso pode ser o seu desejo, mas não é o meu..." – seus olhos molharam. Lívia então saiu correndo da sala.
"Lívia" – Casclan deu um passo à frente. "Lívia! " – alterando ainda mais o tom de sua voz.
~~
Com os braços cruzados e a cabeça sobre eles, Lívia estava debruçada sobre a mureta do Coreto diante o lago, aos fundos do palácio, no Bosque-de-Marfim; nome este, devido aos vários tons pálidos das flores, pedras... Que espalham-se por este local.
Lívia tentava entender porque seu pai não conseguia entende-la, já que sabia de tudo sobre tudo.
No meio dessa mistura de emoções, seus pensamentos foram rompidos.
Era seu pai.
Os dois ficaram lado a lado por alguns segundos.
"A Espada-longa e o disco? " – questionou ele olhando para o lago.
Lívia virou o rosto para ele.
"Muito bom" – disse em um sorriso e logo em seguida olhando para ela.
Lívia sorriu também.
"Valeu" – afastando as lágrimas dos olhos com as costas da mão direita.
"Venha aqui" – abrindo os braços.
Casclan abraçou a filha e ela retribuiu, descansando sua cabeça no peito dele.
"Eu só não quero perder você"
"O senhor não vai" – olhando nos olhos dele.
"Promete? " – questionou Casclan.
"Prometo" – respondeu Lívia, recebendo um beijo em sua testa.
~~
Naquele mesmo dia, depois de conversar com alguns soldados sobre os eventos ocorridos semanas atrás no Portão-norte-de-Dunsan, e também com Saikon sobre as punições de alguns infratores no Poço-dos-Condenados, Casclan chamou Vanrror na Sala-do-Trono.
Não demorou muito, e o Major-dos-Royal prontificou-se diante dele.
"Sobre a Promessa... Você já sabe o que fazer" – disse Casclan sentado sobre o trono.
Vanrror fez um sinal de positivo com a cabeça.
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The Guardians
FantasyO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...