O Passarinho Acorrentado

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Keyla colocou a mão no portão de grade e entrou. Desceu inúmeros degraus na passagem estreita e cilíndrica que serpenteava para os confins da terra. O fogo pendurado nas paredes iluminava o caminho.

Com mais alguns passos, a Fênix chegou a uma segunda grade. Adentrou. Um amplo salão abriu-se diante dela. Um local já conhecido pelos seus olhos. Do seu lado esquerdo, presa a correntes nos pulsos, tornozelos, de costas nuas e olhos vendados, estava Cecília. E do seu lado direito estava seu pai, o Líder dos Escarlate.

Keyla aproximou-se dele.

"Muito bom" – elogiou Velfhus. "Mas... como conseguiu? " – questionou com os olhos para a prisioneira.

"Eu tenho os meus contatos" – respondeu Keyla com um sorriso.

Velfhus soltou um riso de canto de boca.

O Líder dos Escarlate olhou para um soldado próximo a uma manivela que ligava a um madeiramento circular, preso a uma corrente. Velfhus fez um sinal de positivo com a cabeça. O soldado começou a girar o madeiramento.

As correntes ficaram esticadas, fazendo Cecília, presa a elas, fazer um "Y" com o seu corpo diante deles. Ela estava mole. Claramente não controlava seus movimentos, devido as drogas que foi submetida para perder a consciência.

"Tirem tudo" – disse Velfhus. "Pena por pena... bem lentamente" – completou.

Assim foi obedecido.

Um grupo de soldados começou a despenar as asas de Cecília, que logo o sangue tornou-se visível a todos.

"Passarinho" – sussurrou Keyla ao ouvido da Herdeira de Aiprah. "Pode voar? " – indagou com um sorriso.

~~

EM ALGUM LUGAR DO BOSQUE-RUBRO...

Keyla estava frente a frente com as Irmãs Samoy.

"O que devemos fazer? " – questionou Anny.

~~

Retornando sob as copas das árvores depois de fazer o que sua mãe havia lhe pedido, Cecília, num piscar de olhos, percebeu que tinha perdido a visão. Tudo tinha fica completamente escuro, e logo em seguida, sentiu algo cobrindo o seu rosto.

~~

AO LADO DA ESTÁTUA DO REI NO MEIO DO BOSQUE-RUBRO

Momo com a perna esquerda no chão e a direita dobrada a uma árvore, girava uma de suas adagas na mão, enquanto que sua irmã foi ter com Keyla.

Quando a Ceifadora das Sombras ficou de frente com a Fênix, ela estendeu a mão direita.

"A água e o passarinho... feitos"

"Foi um prazer trabalhar com vocês" – elogiou Keyla, entregando um pacote de moedas.

"Então ele teve um filho? " – perguntou Anny.

"Sim" – respondeu a Fênix.

As irmãs sumiram, assim como Keyla que desapareceu entre algumas árvores.

~~

Os dois Salgueiros sentiram mais uma vez a presença sombria, amarga... das tropas nidonianas sobre seu território.

"Vocês já sabem" – começou Bryan. "Sem prisioneiros"

Hyesoo, os Olhos Afiados, Zoe, a Bombardeira, Connor, o Rastreador, e todos os soldados atrás deles, confirmaram com a cabeça.

Sem demora, apareceram sobre a colina e viram toda a aldeia lá embaixo. Bryan fez um sinal com a mão e desceram rumo aos Ypuis.

Foi inevitável. Invadiram toda as Okios que viam pela frente. Caçaram cada Ypui nos vales, florestas, campos... destruíram tudo. Queimaram tudo.

Depois que a misteriosa doença adentrou a aldeia, não tinha como defende-la. O caminho estava aberto para tropas nidonianas avançarem.

O santuario de Ogan e Lasad, totalmente destruído. Assim como o Campo dos Consolados, que foi completamente tomado pelas chamas.

Todas as cores tinham ganhado um outro tom através das armas nidonianas; o vermelho e o cinza. E a melodia das florestas, dos animais... a alegria das crianças, ganhara um outro som. Um som que é ouvido e inegável a todos.

O silêncio.

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