The Guardians

A Descoberta

Ajoelhada sobre um dos telhados na parte Entre-cidades, Gallyty passeava com seus olhos vigilantes por sobre as ruas da capital nidoniana. Mesmo com o céu sem lua, nada passava despercebido do seu olhar, muito menos do fiel parceiro, Sky, que ficava sobrevoando em círculos, fazendo uma vigilância maior do perímetro.

Gallyty saiu de sua posição e foi para uma torre cobrir outra área. Mudou seu olhar de direção, mais voltado para o sul, mas foram subitamente interrompidos pelos rugidos do seu felino.

"Hora da caçada. " - disse ela pulando sobre os telhados.

Sky mergulhou atrás do seu alvo, ou neste caso, alvos, por entre as vielas. Alguns soldados perseguiam com seus cavalos e outros a pé.

Grupos de rebeldes sempre atacavam quando o céu ficava encoberto, facilitando a entrada e a saída das áreas nobres da cidade alta, pois podiam ocultar-se sob a noite. Mas com a chegada da nova recruta ao exército nidoniano, os furtos e assaltos ficaram mais difíceis, não impossíveis. Pareciam estar mais audaciosos.

Gallyty piscou seus olhos deixando-os esverdeados. Saiu dos telhados e acelerou seus passos sobre o chão.

Os soldados e Sky puderam ver os foragidos perfeitamente destacados em vermelho por trás de cada esquina, casa ou torre... Graças ao compartilhamento da visão da caçadora.

Duas flechas nos calcanhares de um, uma flecha no ombro de outro. Sky pegara um e os soldados aprenderam outros três, mas infelizmente um conseguiu escapar, escorrendo por entre os corredores da cidade baixa.

Gallyty sorriu com os olhos balançando a cabeça sob o capuz.

"Dão conta deles? " - questionou ela.

Os soldados confirmaram com a cabeça.

"Sky, vamos. " - ordenou ela para seu gato alado que rapidamente posicionou-se ao seu lado.

A caçadora misturou-se aos becos nessa área inferior da capital sob a escuridão, transformando-se naquilo que eles conheciam: o manto negro.

Olhares de temor rodeavam-na em cada passada. Seus olhos vasculhavam cada canto em busca do foragido, mas mesmo precisa em sua busca, as imagens daquele local, das pessoas, mexeram com ela.

Gallyty olhou para Sky movimentando seus dedos em um formato circular. Seu animal bateu asas e voou. Ela fez o mesmo, desapareceu dali, deixando a penas a ilusão de sua imagem.

Rapidamente Sky a chamou com movimentos em ziguezague pelo céu. Gallyty respondeu prontamente pelo chamado por sobre uma casa indo ao seu encontro.

Ajoelhada sobre o telhado, as nuvens não a cobriam mais, mas sim, a lua descia sua luz prateada sobre ela. Silenciosamente a caçadora observou o ladrão adentrando uma residência e guardando as sacolas de dinheiros e alguns tecidos, mas isso não seria nada comparado ao que ela iria ver logo em seguida.

Sky esboçou mostrar os dentes, mas foi contido por sua parceira.

O homem entrou silenciosamente em um cômodo, não queria que sua presença fosse notada.

Gallyty prestou mais atenção e armou seu arco.

Tirando as mãos das costas, o homem aproximou-se de uma pequena mesinha de canto, na qual, encontrava-se uma lamparina ainda acesa e colocou um ursinho de pelúcia sobre sua superfície.

Gallyty não entendeu muito bem.

Indo para a outra parte do quarto, a arqueira o acompanhou e avistou ele ao lado de uma cama. O rapaz inclinou-se lentamente deixando um beijo sobre aquela que estava deitada.

A arqueira ficou surpresa. O ursinho, o beijo, todo o sentimento envolvido, pegaram-na, assim como um caçador pega a sua presa, silenciosamente.

Uma lágrima escorreu dos olhos da caçadora.

Depois de beijar sua filha, o homem direcionou seu olhar para fora, numa clara demonstração de ter visto algo, mas não encontrou nada.

Olhou a rua, o céu, a lua e as estrelas. Fechou as duas folhas de madeira da janela do quarto. Apagou a luz e foi dormir.