Os gritos enchiam o quarto. As servas faziam de tudo ao lado da mulher que esperneava sobre a cama. Bacias com água ao redor e vários panos, na tentativa de estancar o sangramento.
"Força" – pediu a serva.
"HAAA! " – gritou a mulher entre dentes.
O sangue não cessava.
"Vamos ter que tirar" – sugeriu outra serva.
"Mas... perderemos a mãe" – alertou uma ao lado.
"Meu bebê..." – disse a mãe. "Não percam meu bebê"
"Senhora..."
"Eu...HAAA! " – gritou mais uma vez. "Eu não estou pedindo"
Assim as servas fizeram. Abriram a barriga da mãe e tiraram a criança.
"Uma menina..." – disse a serva. "Uma linda menininha" – mostrou a mãe.
"Ah, minha filha..." – sussurrou a mãe para a filha.
A serva envolveu a criança em panos e deu para outra serva próximo a ela. Mas a mãe começou a perder os sentidos. As servas tentaram reanima-la, chamando-a. Uma das mulheres colocou-se ao seu lado, mas apenas um único sussurro conseguiu ouvir entre os lábios já sem cor.
"Kassia"
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A menina cresceu entre as ruas da capital nidoniana, nos corredores do palácio, e claro, nos campos de treinamento, no qual, conheceu um jovem soldado.
O soldado depois de um tempo, subiu de patente e tornou-se General.
Casou-se com ela.
Nunca chamou-a pelo nome. Sempre de Dama. Porém, Kassia tornou-se viúva muito sedo. Seu marido deixou-a de forma precoce. Diziam que sua ambição foi quem o matou. Mas ela sempre defendia os ideais do seu esposo. Entretanto, não ficou totalmente só. A imagem e semelhança do seu companheiro estava com ela.
Seu filho sonhava em seguir os exemplos deles, mas ela sempre o repreendia sobre isso.
"Você tem opção de escolha. Você pode ser qualquer coisa. Mas, por favor... não seja o que seu pai foi e o que eu sou" – disse Kassia para seu filho em volta da mesa antes de deitarem.
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A guerra contra Dunsan pra tentar conquistar Lahoj não foi fácil. Nidon sempre procurava expandir seu território para aumentar seu poder, e claro, destacar-se sobre qualquer outra região.
Porém, no campo de batalha, o destino quis lembra-los que nunca fica ausente.
A espada estava para descer sobre Kassia, sem que ela percebesse. Mas num rápido movimento, a guerreira foi empurrada para o lado. E assim, a espada terminou sua trajetória no corpo de um soldado.
Kassia levantou-se rapidamente e confrontou o portador da espada, derrotando-o. Sua posição fazia com que muitos soldados se sacrificassem por ela.
Girou sobre seus calcanhares e levou seus olhos para o soldado caído. O elmo dele estava para sair de sua cabeça, devido ao impacto que sofrera. Mas a imagem causou estranheza para Kassia. Tirou o elmo rapidamente da cabeça do soldado. E o que era estranho, tornou-se conhecido. O soldado... era seu filho. Seu único filho.
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Na Praça dos Lembrados, Kassia visita as colunas de mármore negro do marido e do filho. Nesses encontros ela toca sutilmente seus nomes, acariciando-os.
Não importa o resultado das guerras. Não há vencedores.
Muitos a veem de forma brutal e fria, mas Kassia chora, chora escondida. E ali, sozinha com sua companhia, não há uma guerreira de armadura pesada, não. Há uma pessoa. Que através das lágrimas tenta sobreviver a cada dia.
Contudo, mesmo com todas as situações difíceis, ela não rende-se a espada, ou a ponta de uma lança... Ela procura manter-se firme diante os inimigos, príncipalmente o pior deles... o destino.
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The Guardians
FantasyO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...