Algumas crianças observavam um grupo de soldados treinarem no Quartel. Seus olhos brilhavam com as habilidades deles, e suas mentes flutuavam imaginando como seriam dali alguns anos. Então, para não ficarem só na imaginação, decidiram praticar ali mesmo. Criando uma situação de batalha.
Olharam em volta e pegaram algumas espadas de madeira.
Um dos meninos ali presentes, avistou outra criança do lado de fora, quase que na entrada do Quartel.
Chamou.
O jovem recusou. Foi insistido duas vezes, até que aceitou.
Quando aproximou-se do grupo, Araau não disfarçou o que estava sentido.
Faziam-se quatro dias desde que perdera o seu escudo quando brincava de queimada numa das praças do outro lado cidade. De tanto procurar e já não tendo mais tanta esperança assim, acreditou que seu presente poderia estar próximo ao Quartel, já que é um lugar onde tem armas. Alguma pessoa poderia ter trazido e dado para algum soldado guardar, já que, de qualquer maneira, é uma arma também.
O jovem perguntou o que tinha acontecido.
"Estava procurando uma coisa, mas acho que perdi" – respondeu, mas sem querer responder sobre o que realmente ocorrera. "Acreditei que estaria aqui, mas não está"
"Sinto muito" – disse o menino. "Mas essa coisa é sua? " – questionou.
"Sim" – respondeu Araau.
"Então, não se preocupe. " – colocando a mão no ombro dele. "O que é seu, sempre volta pra você. Bom, meus pais sempre dizem isso pra mim" – afirmou.
Araau soltou um singelo sorriso de canto de boca.
"Quem sabe uma batalha, não te anima um pouco? " – apontando para as outras crianças com as espadas de madeiras nas mãos.
Assim, começaram a brincar. Cenários de florestas, outrora aldeias e cidades surgiram naquele lugar.
No momento daquela imensa batalha, gritos eram ouvidos.
"Sentirá minha fúria! " – bradou um menino.
"Provará o gosto amargo da minha lamina! " – gritou outro.
"Vai se entalar com a minha espinha! " – apontou Araau com sua espada de madeira para seu inimigo.
Todos riram.
Minutos depois, a batalha foi momentaneamente cessada pela chegada de mais um integrante.
"Será que estou atrasado? " – questionou o jovem.
"Não, tá de boa" – respondeu outro.
"Você é daquele time" – comentou um garoto ali próximo, quando apontou para o time onde Araau estava.
O menino então, tirou o saco que carregava nas costas e colocou-o encostado na parede, retirando um escudo circular com um "A" em relevo no meio dele.
Nitidamente, o filho de Baldur, o ferreiro, percebeu.
"Meu escudo" – comentou.
"O que? " – questionou o jovem sorrindo. "Pra cima deles! " – apontou com sua espada de madeira, não dando muita atenção.
"Meu escudo" – repetiu Araau mais uma vez ao encontro com o menino.
"Que escudo? " – retrucou o jovem.
"Esse" – apontou.
"Eu achei ele. E achado não é roubado. "
"Eu ganhei do meu pai" – puxando o escudo para perto de si.
"Ganhou nada" – afirmou o garoto.
A brincadeira deixou de existir, o escudo tinha entrado em disputa.
Um puxão daqui.
Outro puxão de lá.
"É meu! "
"Me dá! "
"É meu! "
"Não é não! "
De repente... Escapou. Os dois caíram no chão e o escudo saiu voando e foi em direção aos soldados, quase os ferindo.
Todo mundo parou e voltaram seus olhos para o fundo do Quartel.
Os dois meninos amedrontaram-se.
"Viu o que você fez? " – questionou o garoto dando um soco no ombro do Araau.
"Eu nada! Foi você" – respondeu empurrando ele.
Não demorou muito e Vanrror apresentou-se diante do grupo.
"Quem foi? " – perguntou com sua voz grossa.
O grupo rapidamente afastou-se, deixando os dois em destaque.
"Não vou falar de novo" – disse o Major.
"Foi ele! " – respondeu o garoto, levantando-se e apontando para o Araau.
"O que? " – questionou. "Não foi! " – levantando-se rapidamente.
"O escudo é dele! " –afirmou o jovem.
Vanrror olhou para o filho de Bladur, o ferreiro...
"O escudo é seu? " – questionou o Major.
"Sim. Não! " – respondeu.
"É ou, não é? "
"Sim, é meu. Mas não fui eu quem fez isso. Foi ele. " – apontou.
"O que? Ele tá mentindo! "
"Mas foi você! "
"Não foi! "
"Parem! " – gritou o Major. Segundos depois, olhou para os dois meninos. "Você" – apontou para o garoto. "Comigo" – ordenou Vanrror, virando as costas.
Nesse momento Araau suspirou em alivio.
"Araau" – falou o Vanrror.
"O que? " – questionou assustado.
"Comigo" – chamou o Major.
"Mas... Eu não fiz nada" – suplicou.
"Agora" – ordenou.
Araau bufou...
O garoto atrás da mesa, escutava atentamente a tudo de cabeça baixa, o que Vanrror falava, gesticulando positivamente entre um geste e outro, que o Major fazia.
Minutos depois, saiu da sala.
Araau entrou logo em seguida.
"Você tem sorte que eu conheço seu pai" – comentou o Major-dos-Royal.
"Mas..." – tentou falar.
"Isso foi muito perigoso. Poderia ter machucado alguém. "
"Mas foi ele quem fez isso" – gesticulou com as mãos.
"Não importa. A penalidade é para os dois. " – escreveu em um papel. "O escudo ficará aqui. " – finalizou.
"Mas, senhor..."
"Chega"
"Senhor, por favor..." – suplicou.
"Encerramos aqui" – apontou com os olhos para a porta.
"HAAA!!"
Araau saiu pisando firme, e fechando a porta bruscamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Guardians
FantasyO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...