Aiprah I

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As colunas exaltavam sua imponência. Inúmeras janelas contornavam o prédio. Um hall amplo de entrada sinalizava as salas de carteiras e lousas nos outros cômodos. Mais adiante o espaçoso refeitório. A Casa De Kaphia levava o mesmo nome da cidade, na qual, encontrava-se a alguns quilômetros da capital Nidon.

Cecília era bem exemplar. Sempre respeitadora e muito educada. Era uma das mais velhas da turma, portanto, nada podia fugir desse seguimento. De mãe alcóolatra e pai desconhecido, sua personalidade não condizia com a história que carregava. Ela era diferente. Ela decidiu ser diferente, mesmo não tendo os pais como referencia.

A Sra.Leed era a líder daquele lugar. Uma mulher de poucos amigos, séria e extremamente rígida. As marcas de expressões do seu rosto destacavam-se sob as luzes. Mesmo com a idade avençada, seu vigor era forte a frente da Casa De Kaphia.

Cecilia, assim como os jovens da sua idade, mantinham-se a disposição das outras crianças no auxilio em suas lições, mais precisamente com Keyla. Uma recém-chegada. De poucas palavras, mas de um olhar atento.

Uma noite, Keyla foi pega por tentar pular o muro da ala leste. Era uma noite fria e chuvosa. Sua mão escorregara, tendo varias escoriações pelo corpo.

Foi levada a enfermaria da Casa De Kaphia acompanha de algumas senhoras.

Era uma sala pequena, de azulejos nas paredes e piso. Tinha uma mesa e cadeira ao lado e do outro lado da sala, uma cama de solteiro com um fino lençol sobre ela.

Keyla foi atendida pela Sra.Root. Uma mulher gentil, de cabelos grisalhos e sorriso fácil. Totalmente diferente da Sra.Leed.

"Foi um tombo feio, minha jovem." - disse Sra.Root anotando em um caderno de mão. "Já é a terceira vez esta semana. Estou achando que gosta muito de mim." - continuou ela sorrindo.

Keyla mantivera sua cara fechada, sem expressão.

Ao final do dia, todos estavam de dentes escovados, tomado banho e deitados.

O quarto era retangular, piso de madeira e inúmeras janelas. As camas localizavam-se nas extremidades, acompanhadas de seus abajures, deixando apenas um estreito corredor de centro.

A cama de Keyla ficava ao lado da de Cecília. No final do corredor, à direita.

Cecília observara que a menina era um pouco abaixo de sua idade, mas de estatura equivalente. Ela carregava uma marca em seu corpo. Espalhava-se no rosto, pescoço e braços, puxando para uma tonalidade avermelhada.

"O que aconteceu?" - questionou Cecília deitada esticando seu braço.

"Não toque." - respondeu Keyla deitada, quando virou-se dando as costas para a menina.

Assim a noite seguiu, sem palavras.

A convivência no orfanato não era relativamente boa para Keyla. Ela não se misturava. Sempre aos cantos por conta das outras crianças que ficavam mexendo com ela, chamando-a de "A manchada".

Certa vez, na sala de aula, alguns alunos estavam ajudando outros com as lições. Cecília foi então, ajudar Keyla, mas ao aproximar-se...

"Não tente." - disse ela de cabeça baixa.

As inúmeras tentativas que Cecília fazia para aproximar-se de Keyla igualava-se com as estadias dela na enfermaria por suas tentativas frustradas de fugir.

"Por que faz isso? Você vive se machucando." - disse Cecília sentando-se sobre a cama, em mais um ato de conhecer a jovem.

"Pra quem já está ferido, um arranhão não é nada." - respondeu Keyla sentada de modo fetal sobre a cama olhando pela janela.

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