Dias passaram-se. As concubinas espalhavam-se sobre os pátios do palácio, mais precisamente o pátio da Fonte-dos-quatro-jardins. Elas circulavam a queda d'água em pares, outras sentavam-se nos bancos e mais algumas apreciavam sentir mais de perto a natureza; sentavam-se sobre o gramado sob as copas das árvores.
Os servos, como sentinelas, vigiavam cada passo que elas davam, cada mover de suas mãos, para que ao menor sinal, pudessem colocar-se adisposição de atender qualquer pedido.
O rei na Casa-Real, rodeado por seus conselheiros, não conseguia prestar atenção nos assuntos referentes ao reino: "Sim" – confirmou. Outrora: "Vamos verificar". Em outro momento: "Aham". Minutos depois, mandou para que todos fossem embora. Tomou mais um gole de vinho e chamou um servo. Mandou ver como estava Nilla, e assim, se fez.
O servo passou pelos corredores e foi até o pátio da Fonte-dos-quatro-jardins. Olhou para todas as concubinas, mas ela não estava lá. Perguntou por ela aos outros servos e para as mulheres, mas disseram que não a viram. Então, decidiu ir até seus aposentos.
Chegando ao quarto de Nilla, observou que ela estava deitada e notou que as frutas sobre a bandeja ainda permaneceram intactas.
"Você precisa comer" – disse o servo. "Se continuar assim, vai enfraquecer"
Nilla sobre a cama não esboçou nenhum movimento. Nenhuma palavra.
"Ficar aqui, não lhe fara bem" – falou o servo próximo a sacada. "Saia um pouco. As mulheres estão todas lá embaixo" – jogou seus olhos para a Fonte-dos-quatro-jardins. Segundos depois, virou sobre seus calcanhares e saiu.
Nilla estava triste. Uma parte dela não estava ali. Metade não existia mais. Ela sentia falta disso, dessa parte. E sim, só dessa parte. A outra metade dele pesava demais. Machucava demais. Sim, ela teve um marido, mas não a tratava como esposa. Só um lado dele agia assim. Mesmo que suas palavras, atitudes machucassem ela, ele a mantinha diante sua visão e dentro dos seus braços. Mas não eram abraços que aqueciam do frio, eles queimavam, ainda assim, ela sedia a isso. Sedia ao seu corpo, sedia aos seus desejos, para no fim, arrepender-se de todos eles. Ela não queria isso. Ela queria atenção. Queria seus desejos atendidos. Queria ser valorizada.
Quando despertou ao romper do sol, flores em um jarro estavam ao lado da cama. Logo em seguida, um servo entrou. Ela perguntou-lhe das flores e o servo respondeu que foi o rei. Nilla sorriu. Foi um sorriso tímido, mas sorriu.
No dia seguinte, mais flores. E no outro mais. E assim, seguiu.
Assentado ao trono, o rei mandou chamar o servo e perguntou-lhe de Nilla. O servo, por sua vez, respondeu que ela estava feliz.
O rei alegrou-se e chamou seu conselho e falou com eles. Dispensou-os minutos depois e sentou-se no imponente trono mais uma vez. Bebeu do seu vinho e sorriu também.
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The Guardians
FantasyO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...