Não te suporto.

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BESSIE

Caminho com Reagan até o local onde o carro de Carter está estacionado. Encontramos a garota sentada na calçada, com os braços cruzados e a cabeça baixa, em um claro sinal de chateação. Quando nos aproximamos mais, posso perceber que seus olhos estão vermelhos e inchados, como se ela estivesse chorando minutos antes da gente chegar.

— Carter? — Reagan vai até sua amiga, cheia de preocupação — O que aconteceu? Você andou chorando?

— Reagan! — exclama aliviada — Ainda bem que você chegou, não aguentava mais ficar aqui sozinha.

Carter se joga nos braços de sua amiga, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Reagan. Algo nessa cena me incomoda e eu sinto vontade de vomitar, mas me limito apenas em revirar meus olhos diante da situação patética em que as duas se encontram.

— O que aconteceu? — Reagan pergunta novamente, dessa vez mais firme.

— Meu pai, Reena... — a riquinha finalmente se solta do abraço em Reagan, me fazendo respirar aliviada — Ele disse pra mim que não podia me encontrar esse final de semana porque estava viajando... — sua voz quase falha e ela precisa respirar fundo antes de continuar: — Aquele Audi Q7 estacionado ali perto daquela motocicleta preta, ele é do meu pai. Eu entrei no restaurante para procurá-lo e dei de cara com ele beijando uma loira de farmácia.

Pigarreio duas vezes, para atrair a atenção das duas garotas na minha frente. Carter olha espantada para mim, como se não tivesse reparado em minha presença antes.

— O que essa idiota está fazendo com você? — pergunta para Reagan, que dá de ombros.

— Oi pra você também, Carter — forço um sorriso irônico.

A garota revira seus olhos e me mostra o dedo do meio, que eu ignoro.

— Eu a encontrei na praia — Reagan fala simplesmente. — Mas me fala, Carter, seus pais não são divorciados?

— São, se separaram recentemente — responde — Minha mãe me disse que o motivo da separação foi porque ela flagrou o meu pai no hotel com uma amante e eu não acreditei — seus olhos marejam novamente e noto que ela se controla para não recomeçar a chorar — Eu não acreditei, Reagan.

— E então você culpou sua mãe — deduzo.

Carter assente com a cabeça.

Olho para o lado e vejo um senhor de terno se aproximando de nós. Seus cabelos são grisalhos e os olhos azuis. Sinto que o conheço de algum lugar, parece muito com um cliente que frequenta o bar toda semana, mas não posso afirmar porque nunca o atendi e também, sua barba por fazer lhe dá um visual desleixado, se comparado com os clientes do Burn Ground.

O homem para na frente de Carter e toca levemente o seu ombro, mas ela recua bruscamente, limpando o rosto para encará-lo.

— Querida, não seja mimada. Por que não entra para almoçar comigo e me deixa te explicar as coisas? — a voz do pai de Carter é calma, mas impaciente ao mesmo tempo.

— Mimada? Papai, você me disse que não era verdade o que minha mãe disse sobre você ter amantes, mas eu acabei de ver você com aquela mulherzinha — acusa, mas o homem apenas faz um gesto com a mão, como se sua filha estivesse dizendo o maior dos absurdos.

— Carter... — Reagan intervém, atraindo a atenção dos dois — Acho que deveria ouvir o que o seu pai tem a ouvir. Vocês precisam conversar.

O Sr. Bloom abre um largo sorriso para Reagan, se virando para nós duas, mas quando seus olhos encontram os meus, ele congela onde está e precisa piscar algumas vezes, o que me faz constatar minha teoria sobre ele ser cliente do Burn Ground.

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