O apelido.

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BESSIE

Meredith me contratou pelo final de semana inteiro, mas resolveu sair com Aaron hoje à noite. Não reclamo. Pelo contrário, agradeço muito. É realmente ótimo ter um dia de folga e ainda ser paga por isso. Infelizmente, eu não tenho nada para fazer. Tinha marcado de ir pra Manhattan ver Serena esse final de semana, mas Meredith foi mais rápida quando me reservou com Mark, e acabei precisando desmarcar com minha única amiga. Resolvo usar minha noite livre para caminhar um pouco pela pracinha perto de casa mesmo. Sinto falta de ter uma amiga na cidade. Nadia era uma ótima companhia para passar o tempo, mas desde que ela se foi, me sinto sozinha sempre que Serena não está por perto. Atualmente ela é a única que me entende e que me conhece de verdade.

Caminho pela praça, observando o movimento ao redor. Algumas pessoas estão aproveitando o fim de semana prolongado ao ar livre. Várias famílias brincam com seus filhos na areia em um canto. No outro, um casal apaixonado troca carinhos enquanto espera o pipoqueiro preparar o seu pedido. É em momentos como esse que sinto uma pontinha de vontade de ter alguém, de ter uma vida normal, mas é como se a vida a todo momento fique jogando na minha cara que não, eu nunca vou ser feliz porque eu simplesmente não mereço ser amada de verdade.

Estou quase chegando nos bancos quando a vejo sentada em um deles. Não posso evitar que um sorriso escape dos meus lábios. Incrível como o destino prega essas peças na gente. Me aproximo com todo cuidado do mundo e me sento ao seu lado, atraindo sua atenção. Ela me olha como se não estivesse acreditando no que vê.

— Isso só pode ser brincadeira com a minha cara — diz ríspida e abraça o próprio corpo. Pelo modo como seus dentes batem um no outro, posso perceber que está com frio.

— Parece que alguém está de mau humor essa noite... — digo baixo.

Reagan revira seus olhos, aparentemente irritada comigo, e se encolhe mais ainda em seus braços.

— Nossa, você é bem observadora mesmo — ri ironicamente.

Ignoro sua grosseria e retiro minha jaqueta de couro italiana, colocando a mesma por sobre os ombros de Reagan. Automaticamente a garota se agarra nela, vestindo-a adequadamente.

— E um pouco prestativa também — murmuro em desânimo.

— Ao menos isso, certo? Bem que você poderia ser assim o tempo todo.

Solto um riso baixo e apoio meus braços nas costas do banco, aproveitando para cruzar minhas pernas no processo.

— E você deveria ser um pouco mais educada e gentil com a mulher que, pela segunda vez, te dá algo para se proteger do frio, não acha? — digo convencida.

Reagan arqueia uma de suas sobrancelhas para mim, me olhando com incredulidade.

— Por toda a raiva que você já me fez passar, não espere agradecimentos de minha parte.

Meu sorriso se alarga com sua ousadia, mas cubro o mesmo disfarçadamente, passando a mão no rosto.

— Você é dura na queda — digo. Aproveito a proximidade para retirar uma mecha de cabelo que está perto do seu olho esquerdo, prendendo a mesma atrás de sua orelha — Gosto disso.

O rosto de Reagan cora com o meu toque, mas ela o vira para o outro lado para disfarçar.

— E você não parece ser do tipo de garota que gosta de ficar em uma praça pensando na vida — fala.

Dou de ombros.

— Todos nós temos algo para nos arrepender e pensar, Reena.

Seus olhos cinzas encontram com os meus e, por um momento, é como se ela estivesse pensando se deve falar aquilo que está em sua mente.

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora