Inseguranças.

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REAGAN

Ontem Bessie me emprestou algumas roupas para vir ao colégio e hoje estou com tudo lavado e passado para lhe entregar. Não a vejo desde ontem, por sinal, desde que me deixou no colégio. Ela não assistiu aula, nem sequer desceu do carro. Com certeza deve ter ido atrás de Serena Redfield. Ficou óbvio para mim que tinha um clima estranho entre as duas ontem durante o café da manhã. Não que eu me importe com isso. O que Bessie faz ou deixa de fazer da vida dela não é problema meu. Só não acho certo perder aulas, isso pode acabar prejudicando o seu futuro, mas não é como se eu me importasse também, afinal de contas, é a vida dela.

O dia hoje está quente, abafado, e isso está me deixando completamente estressada e sem paciência para as piadinhas de Meredith. Juro que está faltando muito pouco para eu meter um soco na cara dela.

— Eu acho que não tem como se recuperar disso, é sério — ela diz para o seu exército de manequins — Depois que uma pessoa começa a usar drogas, ela não para. Acreditem em mim, meu vizinho escondia toda a maconha dele dentro da maleta de maquiagem da esposa. A coitada não se arrumava, então nunca descobriu. Deve ser por isso que ele passou a usar drogas, pra ver se a mulher ficava um pouco mais apresentável.

Ela e o exército começam a rir escandalosamente, de uma forma que me deixa fervendo de raiva. Apesar de usar o seu "vizinho" como exemplo, eu sei que, no fundo, ela está querendo me alfinetar por conta da minha mãe.

— Esquece ela — Ross diz — Se continuar dando bola pro que ela fala, isso nunca vai parar.

Sim, é um fato. Meredith adora me provocar e me tirar do sério. Parece que esse projeto malfeito da Victoria's Secret gosta de brincar com a vida. Decido ignorar ela mais um pouco. Serei paciente e vou me esforçar ao máximo para não voar naquele pescoço de frango depenado que ela tem.

— Ih, Aaron! — gritos vindos do corredor assustam não só a mim, mas todos os alunos da turma, que estavam distraídos com a aula vaga — Apanhando de uma mulher! — a voz zomba.

Levanto junto com Ross e vou ver o que está acontecendo do lado de fora. Aaron está parado no meio do corredor, com a mão no rosto, como se tivesse acabado de levar uma bofetada e Bessie está bem na sua frente, seu olhar faiscando de raiva para o playboy. Alguns alunos estão filmando quando o diretor do colégio aparece de cara feia, com os óculos um pouco abaixo dos olhos e não é preciso dizer nada para eles, que seguem para a sala da diretoria.

— O que aconteceu? — pergunto para Carter quando me aproximo dela, que está parada no canto do corredor. — Por que eles estavam brigando?

— Não entendi muito bem — minha amiga responde, parecendo estar tentando juntar cada peça em sua cabeça — Aaron foi tirar satisfação de alguma coisa com a Bessie e você sabe que ela não é do tipo que leva desaforo para casa, então, de repente, Aaron a estava chamando de vagabunda.

Meredith também aparece no corredor, interessada no que Carter diz. Seu olhar cruza com o meu e, por um momento, posso ver um lampejo de medo por eles. Ela sabe que eu sei e, assim como eu, está preocupada que mais alguém descubra.

— E a Bessie? — pergunto com dificuldade, preocupada com o segredo dela. — O que ela disse?

— Deu um belo de um tapa na cara dele! — Carter diz animada. Ela parece ter gostado daquilo — Não gosto nenhum pouco dessa garota, mas gostei da atitude dela. E você acredita que ele ainda teve a cara de pau de dizer que pagaria o quanto ela quisesse? Ele estava chamando a Bessie de prostituta, Reagan! — exclama, indignada — Isso não se faz com nenhuma mulher. E mesmo que ela fosse, qual o problema? Homens podem sair fodendo metade da cidade e mulheres não? A diferença é que nós somos espertas e podemos pedir dinheiro ao invés de amor. É mais vantajoso sofrer em Dubai do que sofrer em qualquer lugar vagabundo.

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