REAGAN
No refeitório, não consigo pensar em nada além da reação de Aaron com a Bessie. Ele me defendeu, tomou as minhas dores e partiu para cima dela, coisa que nenhum cara que já se mostrou interessado por mim fez antes.
— Queria ser resistente assim — a voz de Carter me tira dos meus devaneios.
— Ao que? — pergunto. Estou distraída demais com os meus próprios pensamentos.
— Você está sorrindo faz uns dez minutos.
Reviro os olhos para ela, que ri baixo.
— Estava pensando no Aaron — ela me olha com os olhos semicerrados e com um sorriso convencido — O que? Carter, você não pode negar que foi muito legal da parte dele ter me defendido. Eu realmente não esperava por essa atitude.
— "Você não pode negar que foi muito legal da parte dele ter me defendido" — me imita. Quero ficar brava com ela, mas só consigo rir — Minha nossa, Reagan! Você está tão afim dele que nem consegue esconder.
Na saída da escola, Aaron me espera no estacionamento encostado no capô do seu Mustang 1969. Quando me aproximo dele, meio sem jeito pela presença dos seus amigos, quase tropeço no meu próprio pé. Tempero a garganta e desejo com todas as minhas forças que nem ele e nem ninguém ali presente tenha visto a minha incrível habilidade de esquecer como se anda quando se quer impressionar um garoto.
— Estava te esperando — diz com um sorriso, virando o rosto em seguida. Posso ver o quanto ele se esforça para não rir.
— Você viu? — pergunto fingindo surpresa e ele cai na gargalhada.
— Desculpa, foi engraçado — empurro levemente seu ombro e ele abre a porta do carro para mim. Quando entro, seu perfume está impregnado por todo o carro. Não é um daqueles cheiros fortes que nos fazem querer espirrar a todo momento, é gostoso.
Em casa, Hierly está na cozinha preparando uma torta de maçã, o cheiro é inebriante e faz Aaron umedecer os lábios a cada minuto. Subo as escadas e vou para o meu quarto pegar seu celular, reviro cada canto a procura, já que não lembro onde o deixei. Por fim, o encontro na pia do banheiro. Quando volto para a sala, não encontro Aaron, mas posso ouvir suas risadas vindas da cozinha.
— Ah... — ele está sentado à mesa, comendo uma fatia da torta de maçã — Achei o seu celular, desculpa a demora.
Hierly corta mais um pedaço da torta e coloca em um prato.
— Por favor, me diga o que acha — diz para mim.
— Está uma delícia — Aaron interfere — Faz um bom tempo que não como nada tão gostoso. A senhora tem mãos divinas.
Pego o prato e me sento. Minha barriga ronca descontroladamente, parece que não como a meses. Se não fosse pela presença de Aaron, teria devorado o meu pedaço da torta em menos de quinze segundos, da maneira mais selvagem e rápida possível apenas para poder comer um outro pedaço em seguida. Mas não posso fazer isso agora, o que ele vai achar de mim? Ele deve estar acostumado a andar com garotas que comem salada e nada além disso. Não que eu vá me tornar uma dessas garotas só para impressioná-lo, mas a primeira impressão é essencial, certo?
Quando corto o primeiro pedaço da torta para colocá-la na boca, toda contente e animada para experimentar e conferir se realmente está tão boa quanto Aaron fala, o pedaço cai do garfo e vai parar no meu colo. Tenho que pegar com a mão e colocar na boca. Aaron me olha de soslaio e é evidente que está se segurando para não rir. Onde me escondo?
— Reagan, para que tanta pressa? — pergunta Hierly, deixando-me ainda mais envergonhada — Tem torta o suficiente para todos — brinca.
Aaron e ela começam a rir e mentalmente eu já crio o assassinato perfeito.
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Love Affair
RomansaEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...