Reagan
Sirenes. Polícia. Paramédicos. Enfermeiros. IML. Tudo ao mesmo tempo. Fomos tirados do ginásio pelos coordenadores que nos levaram até a diretoria, ligaram para nossos responsáveis para informar o que havia ocorrido antes que o incidente tomasse a repercussão indesejada. Os demais alunos da Lewis H. High School foram mandados para casa, os ônibus do colégio ficaram à disposição daqueles que não tinham como voltar para casa ou que os pais não tinham como vir buscar. Erick está aflito, preocupado e se sentindo culpado por ter insistido tanto para que eu entrasse no teste de líderes de torcida, o arrependimento cobre a sua face em um tom escuro e sofrido. Meredith chora nos braços de Carter, o rosto pálido, mas vermelho pelo tantos de vezes que passou as mãos abaixo dos olhos para secar as lágrimas que não param de cair. Ela está em choque pela cena que presenciou, assim como eu e o resto do time.
— Cadê o Ross? — pergunto, me dando conta da ausência dele.
Erick tira uma mecha do meu cabelo do rosto e coloca atrás da minha orelha, sua mão desliza por meu rosto e delicadamente seus polegares secam as lágrimas que escorrem sem aviso.
— Acho que ficou para ajudar os professores a desligarem todo o equipamento de som e iluminação. Reagan, olha para mim — encaro o garoto na minha frente, seus olhos castanhos são profundos e intensos. Por um instante, o que me fere é que dentro de seus olhos eu busco o verde esmeralda que me tranquilizavam. — Está tudo bem. Você está bem. Vamos ficar bem.
Assinto com a cabeça e ele beija a minha testa.
A porta da diretoria se abre e Danon entra desesperado procurando por mim, solto Erick e corro para os braços do meu tio e começo a chorar, permito-me bancar a menininha assustada pela primeira vez desde que saí do ginásio, os soluços dificultam a minha respiração, mas o carinho de Danon em meus cabelos me tranquilizam mais do que suas palavras de consolo. Fico abraçada com ele, sentindo seus braços fortes me apertarem e me protegerem de qualquer mal que possa querer acontecer de novo. Ele beija o topo da minha cabeça e quando me solta, seca minhas lágrimas com seus polegares, os olhos cinzas correndo desesperados pelo meu rosto e corpo a procura de algum machucado.
— Estou bem, só um pouco assustada — o tranquilizo.
Ele concorda com a cabeça.
— Vou ver como Carter está. Eu já volto, está bem?
Percebo o desconforto de Erick, sei que o fato de ter me segurado para não chorar na frente dele e chorar igual uma garotinha assustada nos braços do meu tio o fez se sentir impotente. Seguro em seus quadris e o puxo para mim, deito minha cabeça em seu peito e ele me abraça mais uma vez. Danon conversa com Carter, ela está abalada, mas aguenta firme por causa de Meredith. Ele abraça as duas, noto que lágrimas finalmente caem sobre o rosto da minha amiga, mas ela vira o mesmo para que Meredith não perceba.
Aos poucos vão entrando os pais das meninas do time de líderes de torcida, logo depois dois senhores chegam quase ao mesmo tempo, um deles é o pai de Carter. O outro é o pai de Meredith. Ela desmorona nos braços dele.
— Ele morreu! — soluça entre o choro. — Na minha frente, papai. Era para ter sido eu, eu que estava debaixo do lustre.
O Sr. Miller permanece sério, seus braços apesar de estarem em volta da sua filha para envolvê-la em um abraço, nada fazem. Ele cerra o maxilar, parece zangado, confere as horas no relógio como se tivesse coisa mais importante para fazer. Seu celular toca e essa é a sua deixa para soltar a filha e sair da sala da diretoria, deixando Meredith Miller chorando sozinha, abraçando a si mesma em busca de consolo.
— Pelos céus! — alguém exclama antes de entrar na sala. — Meredith, querida, como você está?
Dabria puxa Meredith para um abraço apertado, fico contente por alguém além de Carter finalmente dar um pouco de consolo a Meredith, mas ao mesmo tempo me sinto estranha ao ver as duas abraçadas. Quando vi Dabria entrar na sala achei que ela tinha vindo por mim, que estava preocupada comigo, porque se passou pela minha cabeça que talvez o meu tio tivesse ligado para ela e contado tudo o que aconteceu, mas me enganei. Ela não está aqui por mim.
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Love Affair
Roman d'amourEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...