Bree
Minha cabeça vai explodir.
Detesto enfrentar jet lag, mas não tenho outra alternativa depois de ter sido convocada com urgência para a reunião de umas das maiores empresas de lingerie de Xangai. Deveria ter mandado o incompetente do Bailey Bowles ficar responsável por isso, mas como posso confiar milhões a alguém que já me fez perder dois contratos importantes? A sorte daquele imbecil é ter se tornado pai há dois meses, caso contrário já teria o colocado na rua. Não tolero erros, não dentro da minha empresa, qualquer pessoa que seja contratada pela Young Enterprise Inc. é informado sobre isso antes de ser admitido. O sucesso caminha de mãos dadas com a perfeição e para chegar aonde estou hoje, não pude cometer erro algum, precisei ser perfeita em tudo onde já haviam falhado.
Desde que fui a imprensa me pronunciar sobre o fim do meu noivado, tento aproveitar o doce sabor da liberdade dentro dos limites e das regras que eu mesma criei. Ser uma grande empresária publicitária não requer apenas uma boa administração das empresas e de toda a fortuna que os negócios proporcionam, mas também da vida pessoal, um deslize e o que levou anos para ser construído com suor e anos de trabalho duro vai por água abaixo. As pessoas ainda tem a ideia de que sou só mais uma filhinha de papai e que cuido das empresas depois que Michael Young construiu o império que são hoje, mas a verdade é que cresci com o meu pai falando que eu nunca seria capaz de cuidar dos negócios da família porque esse era o papel de um homem e não de uma mulher.
O que o fez mudar de ideia? A ruína. Michael sempre esteve nos holofotes das casas noturnas, nos cassinos de Las Vegas esbanjando toda fortuna que recebia pelos acordos milionários que fechava. Seus gastos eram maiores que os ganhos, Michael não tinha controle sobre o próprio dinheiro quando o assunto eram mulheres, bebidas, apostas ou carros do último ano. A ruína o deixou sem alternativa para manter a Young Enterprise Inc. e pela má fama que construiu ao redor do mundo, acabou perdendo contratos e contatos importantes, e mesmo recorrendo aos bancos ele já não tinha o que negociar, todos sabiam que com ele à frente dos negócios o mais provável de acontecer era um imenso prejuízo coletivo. Foi então que me ofereci para ficar a par das empresas e apesar da sua reluta em me conceder o cargo, me deu o desafio de convencer o banco central a nos emprestar o dinheiro necessário para que pudéssemos nos reerguer.
Nada nessa vida vai superar o prazer de ter saído da sala de reunião com o gerente, diretor do banco central e um aperto de mãos. Michael Young engoliu o próprio veneno e quase enfartou com ele. Nos dias seguintes em que assumi o seu cargo, ainda o ouvia dizer para seus sócios que eu estava aprendendo e que não duraria um mês antes de colocar tudo a perder, mas todos sabiam que era dor de cotovelo por ter perdido o seu cargo para mim, para uma mulher.
Empurro a porta de vidro da sala de reuniões atraindo os olhares de todos os curiosos que aguardavam impacientemente pela minha chegada. Não atrasei por vontade, porque se fosse da minha vontade, eles não teriam o privilégio da minha presença aqui essa tarde.
— Mais cinco minutos e essa reunião teria sido cancelada. — o diretor geral da empresa alfineta.
— Talvez devesse informar com antecedência antes de me convocar de última hora, Sr. Chen. — eu digo, assumindo a cadeira principal na mesa de doze cadeiras, todas ocupadas, exceto pela outra principal à minha frente. — E pelo visto não sou a única atrasada, mas posso me retirar do projeto e deixar vocês a mercê de uma publicidade vagabunda que não o farão recuperar um terço de tudo o que já investiram.
O Sr. Chen engole em seco, a raiva perpassando o seu rosto e a impaciência o fazendo brincar com a caneta em suas mãos, passando-a por entre um dedo e outro até cair sobre a mesa, chocando-se contra o material de vidro. Todos sabem que sem mim não chegarão a fechar o contrato que tanto estão empenhados em torná-lo gigante. Sou a majoritária, a que mais pode investir e que apesar dos pesares tem uma equipe excepcional em Nova Iorque. Pego a xícara de café que a secretária me oferece antes de se retirar da sala, lanço um olhar para ela antes que feche a porta, passando meus dedos abaixo da curva dos meus lábios enquanto a observo sair. Nunca dormi com uma asiática e a possibilidade de abranger os meus horizontes entre quatro paredes tira a minha concentração para o que os publicitários sugerem em relação a abordagem da publicidade do projeto.
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Love Affair
RomansaEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...