Quebrando regras.

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BESSIE

A música é alta e as pessoas dançam como se isso aqui fosse a única coisa que importa no mundo todo. Me sinto mal por estar saindo num domingo à noite. Lucca pagou por todo o meu final de semana e nem sequer aproveitou. Mas não é culpa minha, afinal. Ele quis pagar justamente para eu ter meu tempo livre e aproveitar do jeito que eu quiser e é exatamente isso o que eu estou fazendo: aproveitando do jeito que eu quero.

— Você não está se divertindo — Serena adverte enquanto me entrega um copo com uma bebida que eu não consigo identificar qual é. — Fala sério, Bessie, estamos aqui para esquecer os problemas. Se for pra ficar com essa cara de enterro, é melhor voltar pra casa e ficar se entupindo de sorvete, igual você estava quando eu cheguei.

Reviro os meus olhos, ignorando seu sermão.

Serena Redfield ama essa agitação. No auge de seus dezenove anos, tudo o que ela quer é uma boa noite regada à mulheres, bebidas e sexo, não necessariamente nessa ordem. Tenho certeza que amanhã estaremos em todos os tabloides do país. Já estou até vendo o ódio que Bree Young vai ficar quando ver que, mais uma vez, eu fui fotografada ao lado de alguém que não seja ela. Só esse pensamento é o suficiente para me fazer rir.

— Aproveite a festa, amor. Vou dar um giro por aí e ver se encontro alguma companhia bonita o suficiente pra gente dividir no final da noite — diz e encosta seu copo ao meu, em um brinde. — Tente não fazer nenhuma safadeza sem mim. Sabe que sou ciumenta!

E com um beijo rápido em meus lábios, Serena some na multidão, provavelmente em busca de sua próxima "vítima". Dou um longo gole em minha bebida. O líquido quente queima a minha garganta e parece estar me rasgando por dentro, mas é forte o suficiente para trazer a animação que eu estou precisando.

Muitos caras se aproximam de mim, me oferecem uma bebida, mas eu recuso todos. Não gosto de dar margem para que um deles pense que pode me levar para cama no final da noite. Algumas meninas aparecem também, mas assim como os homens, eu as dispenso apenas com um gesto de mãos. Resolvo ir para a pista. Dançar é sempre uma ótima opção. Peço mais um drinque para o garçom que passa próximo à mim e, quando ele traz, o viro de uma vez, deixando que o álcool percorra todo o meu corpo e me dê coragem.

Uma música agitada toca nas caixas de som. Não conheço o DJ, mas devo admitir que ele é muito bom no que faz. Fecho os meus olhos e começo a me movimentar no ritmo da música, aproveitando todas as batidas para fazer movimentos sensuais com o quadril.

— Bessie Lotrov em uma pista de dança! — diz uma voz familiar atrás de mim. — Isso é uma injustiça muito grande, porque quando você chega, não existe mais chance para as outras. Todos os homens só tem olhos pra você!

Viro minha cabeça para olhar quem é e encontro Kevin, o melhor amigo de Nadia, dançando com um garoto mais ou menos de sua idade. A julgar pelo tipo físico, tenho certeza que é mais um de seus casinhos.

Dou uma risada alta, talvez pelo efeito da bebida, e jogo os meus braços ao redor do pescoço de Kevin.

— Kev! — grito tão alto que ele precisa se afastar um pouco. — Não sabia que isso aqui tinha virado boate gay!

— E desde quando você frequenta boate hétero quando não está trabalhando? — diz divertido — E nem venha, eu vi você e sua amiguinha loira e perfeita. Parece que Nadia tinha razão sobre ela.

Nadia... Por que a simples menção de seu nome ainda é capaz de me deixar mal? Achei que isso passava com o tempo, mas pelo visto não. Kevin toca meu rosto com o polegar.

— Desculpe, não sabia que você ainda não tinha superado.

Balanço a cabeça, para afastar os pensamentos ruins, e volto a sorrir. Kevin entende o recado e voltamos a dançar, agora nós três juntos, porque sem querer eu acabei parando no meio dele e de seu "amigo".

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