Nossas obrigações.

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REAGAN

Nunca fui muito fã de filosofia, é uma matéria que não possui graça alguma, mas tenho que me dar a oportunidade de ouvir o professor, escutar o que ele tem a dizer sobre o assunto e debater com o que sobrou do resto dos alunos que não foram "capturados" pela Carter. Até que a aula é legal, talvez pela pouca quantidade de gente e por esses poucos estarem realmente interessados em aprender e participar, não que seja o meu caso.

Recebo algumas mensagens de Carter me pedindo pra voltar pra festa, mas cada vez que o meu celular vibra, o meu coração aperta. Acho que no fundo, uma parte minha implora bem baixinho "Seja a Bessie, por favor!", mas não é. Ela não liga ou retorna as minhas mensagens e isso faz eu me sentir estranha.

A próxima aula é no laboratório, para fazer experiências com outra turma. Para a minha surpresa, Kev está entre os alunos. Parece que assim como eu, ele não ficou muito mais tempo na festa. Quando me vê, vem até mim e puxa assunto, atraindo todos os olhares para nós dois, o que já não me incomoda mais. Todos nessa escola me olham de cara feia, mas acho que seria pior se ninguém me notasse. Ao menos sabem quem sou e, se sabem, entendem que mexer comigo não é uma boa opção.

— Não ficou muito tempo na casa da Carter — Kev fala, colocando suas luvas e seus óculos de proteção. — Por falar nisso, você é lésbica? Vi o beijo que deu na sua amiga.

Meu rosto esquenta automaticamente. Acho que estou mais vermelha que um camarão nesse momento.

— Prefiro não me rotular — respondo sincera. — Escuta, você conhece a Bessie? — pergunto curiosa e então eu mesma respondo a minha pergunta: — É claro que conhece, todo mundo a conhece.

— Conheço tão bem que sei que ela não gostou nenhum pouco de ter visto aquele beijo — diz com malícia. — Você quer saber se eu vi ela indo embora, não é? Sim, eu vi. Ela caiu fora assim que você beijou a Carter.

Mas por que?

Ela faz coisa pior e eu tenho que aceitar calada, mas se eu beijo alguém, pronto, é motivo o suficiente para me ignorar e sumir do mapa? Droga! A Bessie é tão cabeça dura e idiota, que nem percebe o quanto está sendo ridícula. Será que dá pra alguém dar um puxão de orelha nela e falar que ela está errada? Se ela quer alguma coisa comigo, esse não é o caminho certo e agindo assim, ela só vai conseguir me afastar e me tirar de sua vida. E eu não quero... Não quero ficar longe dela, não quero ser um "tanto faz", não quero porque eu a amo e me odeio por amá-la. Tanta gente no mundo e eu vou me apaixonar logo por uma garota de programa, por alguém que quando está comigo é toda minha e quando sai, é do mundo.

— Você fala como se tivesse certeza...

— Se estou dizendo, é porque realmente tenho — diz, sem olhar pra mim. — Conheço a Bessie melhor que qualquer outra pessoa nessa escola, do mesmo jeito que Nadia também a conhecia muito bem.

— Você conheceu a Nadia? — minha voz soa num sussurro. Pra mim, falar sobre essa garota é como expor um segredo. — Então pode me contar o que aconteceu com ela?

Ele sorri de canto e volta a misturar alguns experimentos. Kevin não vai me contar nada sobre a Nadia e algo me diz que ele sabe perfeitamente de toda a história. Preciso ouvir o lado dele. Não acredito no lado do Aaron, mas acredito fortemente no da Bessie e assim como toda história tem dois lados, não me custa ouvir um terceiro. Ouvir de alguém que não esteja ligado à Nadia de alguma forma e que me conte detalhadamente o que aconteceu com ela.

— Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo, Aaron? — a professora Jackson comenta quando o playboy adentra a sala. — Junte-se com Olívia.

E ele faz exatamente o que a professora manda, formando dupla com uma garota da outra turma. Ela é bem bonita e ele a come com os olhos. Não sinto ciúmes, mas é incrível como aos poucos eu vou descobrindo quem ele é de verdade.

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora