Submissão.

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BESSIE

Observo o corpo esbelto da mulher correndo na esteira enquanto seus cabelos negros e presos em um rabo de cavalo balançam graciosamente de um lado para o outro, no mesmo movimento de seu quadril. Suas coxas torneadas dentro da calça de ginástica se alternam, uma de cada vez, em busca de uma perfeição inexistente. Ela não precisa disso, seu corpo não precisa disso, mas mesmo assim ela insiste em correr cada vez mais rápido na máquina.

Encosto meu ombro na porta e cruzo os meus braços para observá-la. Ela ainda não me vê, mas aperta o botão de parar a esteira e desce da mesma, aproveitando para recuperar um pouco do fôlego antes de partir para o próximo aparelho. Em um movimento rápido, seu corpo gira para o lado e o seu olhar cruza com o meu através do espelho da academia improvisada em seu apartamento.

Sorrio cinicamente e olho para o seu corpo, mais precisamente para o seu abdômen definido.

— Srta. Lotrov? — sua voz soa rouca e cansada. — Perdeu alguma coisa?

Me assusto num sobressalto.

— Perdi — murmuro, despertando do meu transe particular e voltando a encará-la nos olhos. — A vergonha na cara no caminho de Eugene para cá.

— Como entrou aqui? E o que você está fazendo aqui?

Arqueio uma sobrancelha.

— Acho que você tem algum problema de memória, mas eu tenho a chave — mostro o pequeno chaveiro que ela mesma me deu alguns meses atrás, quando ainda éramos noivas.

Dou as costas para Bree e volto para a sala.

Bree Young vem atrás de mim como um furacão, posso ouvir os seus passos rápidos e precisos sobre o carpete de luxo do seu apartamento. Não preciso olhar para trás para saber que a irritei, mas não me sobram dúvidas disso quando ela segura em meu braço com força, me fazendo virar bruscamente para trás e encontrar os seus olhos azuis cheios de fúria. Existe uma pequena ruga em sua testa pela irritação de eu ter invadido o seu apartamento, o que me faz soltar um sorrisinho cínico. Eu a estresso com facilidade e me orgulho disso, é um dom natural.

— Estou dizendo, Srta. Lotrov, da próxima vez ligue ou avise com antecedência. Afinal de contas, como diabos você passou pelos meus seguranças?

Dou de ombros.

— Oh, querida — sussurro bem próximo de seus lábios — Você melhor do que ninguém sabe que eu tenho os meus meios de conseguir o que quero.

Bree balança a cabeça negativamente e leva sua mão ao meu traseiro, me puxando com brutalidade e violência para si.

Prendo minha respiração pelo seu gesto brusco e inesperado, mas não tiro os meus olhos dos seus, não consigo. É a raiva borbulhando dentro deles que queima sob a minha pele, que corre como correntes elétricas até o meu estômago e se estendem abaixo da minha barriga. Calor, sinto calor. O pequeno espaço entre nós duas é insuportavelmente constituído pela excitação que emana dos meus poros aos seus.

Ela aperta um lado do meu traseiro com força, talvez pelo prazer de me tirar um gemido, mas não dou esse gostinho para ela, não tão fácil. A palma de sua mão percorre meu traseiro por cima do vestido até o outro lado, ela o aperta também e o traço de um sorriso assume o canto de sua boca, mas ela não se permite sorrir.

— Vou ficar com isso aqui — fala, aproximando sua boca da minha. Seu dedo ágil retira da minha mão a chave de seu apartamento e eu prendo a minha respiração novamente, mas quando Bree se afasta, me permito soltar todo o ar acumulado em meus pulmões. — Não tolero ter a minha privacidade violada, Srta. Lotrov. Não importa quem seja, você poderia ser a rainha da Inglaterra que eu não daria a mínima.

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora