Mudanças são necessárias.

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REAGAN

Acordo ainda sonolenta, meus olhos pesam e a mão dela toca o meu braço. Olho para o despertador, levando um tremendo susto ao perceber que já passam das nove da manhã. Pego o meu celular dentro do bolso da calça que estava no chão e tem mais de dez ligações perdidas do Danon. Isso mesmo, mais de dez. Sem contar as mais de quinze mensagens de Carter preocupada comigo, querendo saber onde estou. Envio uma mensagem para ela, pedindo para que, se puder, enrole meu tio dizendo que eu estou com ela, que estou bem e que meu celular está descarregado. Com a mensagem enviada, desligo o celular antes que um dos dois tente me ligar de novo e viro de bruços na cama, para olhar a maravilha de mulher que dorme feito um anjo ao meu lado. Devagar, me inclino um pouco e deposito um beijo em seu pescoço, tomando todo o cuidado para não acordá-la, mas não tenho muito sucesso e Bessie abre um olho.

— Bom dia, Reagan — sua voz está rouca.

— Bom dia, tigresa — dou um demorado beijo em seus lábios. Ela introduz sua língua em minha boca, iniciando um beijo que aos poucos vai se intensificando — Ai, Bessie... Não faz assim.

Ela sorri entre o beijo e me puxa para sentar em suas pernas. A gente acabou de acordar e eu já estou querendo que ela me toque novamente, daquele jeito maravilhoso e inesquecível que fez ontem à noite. Eu perdi a minha virgindade com ela... Ainda estou sem acreditar, parece que foi um sonho. Não, mais que isso, porque qualquer ideia que eu tinha sobre como iria me "tornar" mulher, não chega nem perto do que ela me proporcionou ontem. Bessie é incrível no que faz e ontem foi tudo tão diferente, tão mais intenso, a senti mais próxima de mim do que em nossa primeira vez. Ela não pode ser tão bom assim, nossa conexão é surreal e eu não acho que isso seja algo que ela tenha com todo mundo. Não daquele jeito.

— Não faço o que? — pergunta, dando um forte tapa em meu traseiro. — Gostei do apelido. Tigresa, hein? Posso me acostumar com isso, Reena.

Jogo minha cabeça pra trás e começo a rir enquanto ela beija meu pescoço, às vezes dando algumas mordidas que me fazem rir ainda mais.

— Eu te dou um apelido digno e você insiste em me chamar de Reena? — pergunto, incrédula.

— Desculpa, é que eu gosto de implicar. Você fica deliciosa quando está irritada — dá de ombros.

— Você não presta, Bessie!

— Mas você gosta mesmo assim — diz, ficando séria de repente.

E o sorriso também desaparece dos meus lábios. Fico ali, congelada, olhando para o seu rosto, acariciando o mesmo com os meus polegares, memorizando cada detalhe enquanto ainda tenho tempo. É que, de repente, me bate uma tristeza grande, mas tão grande, que sinto aquele nó preso na garganta. Tudo o que aconteceu na noite passada se tornaria apenas lembrança de um dia como outro qualquer para ela, porque em breve tudo o que tivemos será esboçado por outro alguém. Só não consigo entender porque isso me afeta tanto. Sei que não fui a única a me entregar de corpo e alma, mas Bessie Lotrov não é do tipo que se permite demonstrar algum tipo de sentimento.

— Vamos comer? — resmunga manhosa, me arrancando dos meus devaneios. — Estou morrendo de fome.

**

Chegou a hora de encarar Danon e mentir na cara dura. Me sinto tão culpada em ter que enganar ele desse jeito, porque ele fez e faz tanto e como eu agradeço? Mentindo descaradamente.

Bessie me deu uma carona até em casa. Com muita vergonha, perguntei como ela iria aproveitar o seu domingo e ela me respondeu dizendo que precisa ficar sozinha um pouco pra organizar seus pensamentos. Fico preocupada pela forma como ela falou, deu a entender que está com problemas, e eu tive que me segurar muito pra não perguntar o que era, porque ela não gosta de falar sobre sua vida. Sempre que eu faço uma pergunta sobre ela, Bessie faz umas dez sobre mim. Resolvo deixar isso pra lá, não posso pressioná-la. Pretendo ganhar sua confiança primeiro, até ela se sentir à vontade para se abrir comigo. Sem pressão.

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