Bessie
— Levanta daí sua filha da puta! — a voz de Evelyn me fez abrir um olho. Lá estava ela, pronta para morrer junto comigo e usando a sua bendita saia de couro. — Não é que você tem mesmo talento para ser atriz?
— O que esperar da mulher que embebedou um homem para se casar com ele? — retruquei e ela sorriu.
Evelyn me estendeu a mão e a agarrei para conseguir o apoio necessário para ficar de pé. Tirei o casaco na sua frente para que ela pudesse analisar o estrago que o tiro causou no colete a prova de balas, ela curvou os lábios para baixo, estava surpresa, seu amigo, o que tinha lhe vendido o colete, não tinha lhe passado a perna de novo. Ela estava surpresa por isso, não por eu ter sobrevivido a um tiro. Voltei a vestir o casaco certa de que tinha cometido um erro; prendi a respiração pela maior quantidade de tempo que conseguia só para que Reagan pensasse que eu tinha morrido, que a bala tinha tirado a minha vida. A culpa me detonava, levar um tiro, com certeza, não seria tão doloroso quanto ouvir a voz de choro dela, o desespero que nem a fez checar a minha pulsação. Reagan tinha acreditado e o que eu não tinha chorado antes, comecei a chorar agora.
— Foi melhor assim — Evelyn me disse, tirando a arma do quadril. — Se ela soubesse que você estava viva, ia querer vir com a gente.
Evelyn tinha ido embora depois das ameaças de Mark, consegui entrar em contato com ela uns meses atrás. Foi por e-mail, um meio de comunicação ultrapassado demais, mas foi ela quem descobriu com a ajuda dos amigos de onde vinham os e-mails que Reagan recebia. Todos eles eram enviados do Burn Ground, eu já desconfiava de Mark, mas ainda assim não deixou de ser uma surpresa quando ele me confessou isso por ligação na noite anterior. Mark estava cercando a minha noiva há meses, ele foi o responsável pela morte da avó de Reagan e de Cal. Aaron foi quem começou com a brincadeira enviando fotos minhas e de Lucca para causar discórdia, depois os assuntos ficaram mais sérios, Reagan não pode identificar porque nunca tinha trocado uma palavra com Mark, mas quando bati o olho em cada um daqueles e-mails em sua caixa de entrada, estava muito claro para mim que era alguém muito próximo de nós duas. O acidente que matou James Condor também era culpa do Mark, Aaron deve ter ajudado, estremeço só por imaginar que talvez Reagan fosse o alvo. Mark sabia que eu estava apaixonada e sabia que cedo ou tarde eu abriria mão de tudo por causa de Reagan, meu casamento tinha o convencido até o momento em que Aaron deu com a língua nos dentes e dedurou para o pai que tinha visto eu e Reagan aos beijos no colégio, o que resultou em um novo e-mail e em uma nova maneira de fazer Reagan ter medo das suas ameaças. O e-mail que lhe causou o acidente de carro e que quase a matou.
Eu só preciso fazer o filho da mãe confessar que foi o responsável por tudo isso.
Entrei no carro depressa, Evelyn iria dirigir e eu carreguei a sua arma como ela me pediu. Na estrada, conseguimos avistar o carro de Mark pela estrada há alguns metros de distância da gente. Evelyn acelerou, estávamos ultrapassando o limite permitido de velocidade, mas nenhuma de nós dava a mínima para multas quando a polícia demorava para fazer o seu trabalho. Ela se aproximou, passando uns três carros que estavam na nossa frente, abaixei o vidro da janela do carro ao meu lado e me curvei nela, apontei a arma para o pneu traseiro do carro de Mark e atirei.
Ele derrapou na estrada, os outros carros atrás de nós desviaram para o sentido contrário, alguns bateram, mas eu e Evelyn só seguimos em frente. Mark ia pagar muito caro pelo que tinha me feito, pelo que tinha feito a Reagan e pelas vidas que tinha tirado. Mark ainda conseguiu conduzir o carro e pegar a curva à direita, Evelyn me pediu para me agarrar e tomar cuidado, o carro dele acelerava cada vez mais fazendo ziguezague pela estrada, desviando de outros carros, indo na contra mão. Mirei no outro pneu quando Evelyn conseguiu estabilidade, e atirei, errei o tiro, mas Mark desviou para a floresta do Maine Park. Atirei na janela do carro, nos faróis, tentei acertar o pneu mais uma vez e quando consegui, o carro de Mark bateu numa árvore.
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Love Affair
RomanceEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...