Conto de Falhas.

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REAGAN

Acordo com o celular tocando, um toque irritante que eu vou mudar assim que atender a ligação. Pego o aparelho em cima da mesinha de cabeceira e, olhando para os lados, sinto falta de algo, ou melhor, de alguém. Cheiro meu travesseiro e sinto o cheiro de seu perfume impregnado nele, não tão doce, mas que me traz a lembrança de Bessie pendurada na árvore para entrar em meu quarto. O celular para de tocar e o relógio marca sete e quarenta e cinco da manhã. Só consigo me perguntar o que Carter quer comigo tão cedo, provavelmente avisar que está com uma ressaca daquelas e que não vai para a aula. Depois de ver o quanto ela bebeu na boate essa noite, é a única coisa que passa na minha cabeça.

Levanto da cama e vou direto para o banheiro, na esperança de encontrar Bessie tomando um banho, mas não. Não há nenhum sinal dela. Estou prestes a xingá-la de todos os nomes possíveis por ter ido embora sem se despedir quando vejo um bilhete em cima do travesseiro onde ela dormiu. Não diz muito nele, mas apesar de ter escrito apenas que precisou ir embora, eu sorrio ao me dar conta de que talvez isso signifique que ela apenas tenha feito isso: ido embora. Sozinha.

Pego o meu celular e ligo para ela, mas não atende. Insisto mais algumas vezes até que me canso e decido não ficar igual essas garotinhas da cidade, que vivem no seu pé. De qualquer forma, minhas ligações estarão lá em seu celular e assim que ela pegar nele, vai ver. Será que ainda dá pra voltar atrás e ter mandado apenas uma mensagem? Que droga!

Meu celular toca e eu me assusto. Rapidamente viro o mesmo para ver quem é, mas para o meu desapontamento, é Carter novamente. Decido atender e saber logo o que ela quer, antes que turbine minha caixa de entrada com mais de mil mensagens, bem no estilo Carter de ser.

— Reagan, vem pra minha casa agora! — diz eufórica do outro lado da linha. — Estou dando uma festa na piscina, consegue ouvir a música?

Uma música do Ed Sheeran toca na maior altura, mal consigo ouvir o que minha amiga diz aos berros. Não consigo entender o motivo dela estar dando uma festa na piscina a essa hora da manhã, numa segunda-feira de aula.

— Como assim dando uma festa, Carter? Te deixei totalmente bêbada na sua casa.

— Só falta você e o Ross aqui — responde aos risos — Mas ele é muito careta e diz que prefere não perder o dia de aula, acredita? — pergunta abismada com a escolha de nosso amigo. Não o julgo, eu também não gosto nenhum pouco de perder aula. — Se você não vir, eu juro que fico pelada na frente de toda a nossa turma e a culpa vai ser totalmente sua se eu for parar no jornal da escola.

Respiro fundo e confirmo minha presença. Não posso deixar uma Carter provavelmente bêbada fazer uma besteira tão grande. Vou direto para o banho e me arrumo no estilo de sempre. Não estou com ânimo e muito menos com humor para uma festa. Pego meu celular e ligo novamente para Bessie, mas cai na caixa postal mais uma vez e eu deixo pra lá. Quando me olho no espelho, me acho pálida demais. Parece até que eu saí de um daqueles filmes de vampiro. Horrível!

— Bom dia! — cumprimento os meus tios assim que entro na cozinha.

Hierly está preparando panquecas e Danon beberica o seu café enquanto lê o jornal matinal. Quando me vê, fica sem jeito, provavelmente pela nossa última conversa. Me sento à mesa, preciso agir naturalmente para não levantar nenhuma suspeita, já que estou de castigo. Como as panquecas que minha tia coloca em meu prato e estão simplesmente deliciosas, não posso negar que ela cozinha muito bem.

— Parece com pressa — Danon observa, um pouco desconfiado, enquanto eu me levanto e bebo meu café.

— Aula de álgebra — respondo com um sorriso forçado. Ele levanta suas sobrancelhas como quem se desculpa. — Já estou indo, tenham um ótimo dia!

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora