REAGAN
Abro os olhos ainda sonolenta e me deparo com um par de olhos castanhos tão próximos do meu rosto que fico vermelha de vergonha na hora. A mão que acariciava meu rosto para com o pequeno gesto de carinho e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Me acomodo na cama, sentando na mesma com cuidado, exatamente como ele me pede, me ajudando a recostar as costas na cabeceira depois de colocar um travesseiro para servir de apoio. O meu coração quase para quando o sorriso doce e branco apodera dos seus lábios, e com o seu cuidado comigo que tanto senti falta. Preciso apertar novamente os olhos para ter certeza de que o estou vendo em minha frente e que nada disso é fruto da minha imaginação. É real, digo a mim mesma ao sentir o cheiro do seu perfume amadeirado e nada forte. Erick beija o meu rosto, mas quando a sua boca desce para o meu pescoço e sua respiração quente toca a minha pele, me arrepio. Seus lábios quentes distribuem um beijo leve e carinhoso em meu pescoço e consigo sentir as pinicadas dos pelos da sua barba em crescimento.
As lágrimas se acumulam no canto dos meus olhos.
— Você voltou... — murmuro e ele levanta da cama para abrir as cortinas da janela do quarto de Carter. — Erick?
Ele me olha e posso vê-lo nitidamente pelos pequenos flashes de luz solar que invadem o quarto. Seus cabelos foram cortados até a nuca e estão presos no alto em um coque improvisado, à luz do sol, seus fios castanhos são realçados quase atingindo a tonalidade de um loiro escuro. Ele abaixa a cabeça, envergonhado, mas com um sorriso contido no canto da boca. Os pelos em crescimento no seu rosto são notáveis, perceptíveis a olho nu, sua roupa é uma camisa na cor preta e uma calça moletom da mesma cor, justa ao seu corpo, o tênis branco complementa seu visual simples, mas sofisticado.
— Senti a sua falta. — ele fala, indo até a mesinha ao lado da minha cama para pegar a bandeja com café da manhã. Erick senta ao meu lado, colocando a bandeja em meu colo. Bolo, suco, salada de frutas e waffle. — Espero que essa careta seja fome.
Franzo o cenho antes de gargalhar. Toda essa comida na minha frente me dá ânsia, passei a madrugada inteira vomitando e Meredith foi quem me ajudou segurando o meu cabelo, me dando xícaras e mais xícaras de café para que eu melhorasse da ressaca, mas agora parece que minha cabeça vai explodir. Pego o meu celular na mesinha ao lado da cama, tem mensagens de Danon perguntando se estou bem, mas não respondo, assim como não respondo a mensagem de Serena Redfield. A própria claridade da tela do aparelho piora minha dor de cabeça e me sinto quase um membro desconhecido da família Cullen.
— Não estou com fome, eu só... — umedeço meus lábios ressecados e passo as mãos em meus cabelos a fim me arrumar para parecer menos pior do que realmente estou. — Estou feliz por você estar de volta. Como está sendo o tratamento?
Erick Palmer se põe ao meu lado, apoia às costas na cabeceira da cama e pega um pouco da salada de frutas da bandeja, o seu entusiasmo é tão contagiante que quando menos me dou conta estou devorando as fatias de bolo de cenoura que ele trouxe. Dividimos o suco, utilizando o mesmo copo e apenas o observo. Emilly era linda, mas não consigo entender o que me atrai tanto em Erick que com a Emilly passava despercebido. Tem algo de diferente, talvez a sua confiança em ser ele mesmo o torne tão irresistível aos meus olhos, ou talvez a forma como ele tenta conter o sorriso mais travesso do mundo no canto da sua boca, mas que continua lá da forma mais doce que já vi em toda a minha vida.
Ele me fala sobre como está sendo o tratamento, parece realmente empolgado para realizar a mastectomia masculinizante, mas ainda tem um longo caminho pela frente e sessões com a psicóloga. Tento tranquilizá-lo colocando a minha mão sobre a sua quando seu rosto assume uma expressão triste e desamparada e ele a beija, leva a sua boca e deposita um longo e demorado beijo enquanto os seus olhos castanhos se perdem dentro dos meus. O meu coração acelera, posso senti-lo como se tivesse acabado de pular de paraquedas. A sensação é boa, mas sinto o meu rosto esquentar.
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Love Affair
RomanceEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...