Bessie
Na primeira noite que fiquei com Reagan naquele quarto de hospital, não consegui dormir. Fiquei com medo de que, de repente, ela acordasse e se assustasse com o ambiente ao redor, com o acesso venoso em suas veias, o tubo da intubação orotraqueal em sua boca e o barulho dos aparelhos ao seu lado. Seria assustador para ela se ver ligada a tantos aparelhos e seria ainda mais assustador para mim não conseguir te explicar tudo aquilo sem me debruçar em lágrimas. A Dra. Dillard veio me ver e me mandou para casa, Danon que também dormiu no hospital insistiu para que eu fosse embora porque nas minhas condições não faria bem ao bebê. Fui grossa com os dois, eu não dava a mínima para a gravidez ou para mim.
Eu precisava ficar com Reagan.
Passei a noite inteira ao lado dela, cheguei a dormi segurando a sua mão, esperando que ela acordasse a qualquer momento. Ela não acordou.
**
No dia seguinte, Meredith, Carter, Ross, Drina, Cal, Dabria, Skyla, Kaleb e Erick vieram visitar Reagan. Entraram um de cada vez, todos com os olhos cheios de lágrimas ao ver Reagan deitada naquela cama sem se mexer, falar, ou abrir os olhos. Meredith saiu arrasada da sala, foi a penúltima a ver a amiga, Carter teve que a levar para casa porque Meredith começou a gritar para que Reagan acordasse. As enfermeiras precisaram intervir para tirá-la do quarto, na mesma hora quis contatar a Dra. Dillard e encerrar as visitas, mas ainda tinha o Erick. Ele foi o último, passou tanto tempo lá dentro que o ciúmes crescia em cada parte do meu ser, imaginando as coisas que ele estava falando para Reagan, se estava beijando os seus lábios ou fazendo planos de um futuro juntos que não daria certo porque eu não permitiria.
Danon se aproximou de mim, pediu para que eu fosse para casa e tomasse um banho, foi o que eu fiz quando cheguei em um dos apartamentos de Lucca, mas quando sentei na cama para colocar os sapatos acabei dormindo. Acordei de madrugada desesperada e peguei o carro de Lucca estacionado na garagem para ir até o hospital. Reagan ainda estava lá deitada naquela cama, entubada, odiava ver aquele tubo em sua boca, me lembrava de todos os ferimentos internos que eu não podia ver.
Prometi a Reagan que nunca mais a deixaria sozinha, que estaria sempre ali ao seu lado. Eu não faço a menor ideia de como convenci a Dra. Dillard a me deixar ficar o dia todo com Reagan, mas consegui esse privilégio, uma das mordomias que eu tinha por ter sido namorada da filha dela. Helena me adorava, eu era quase como uma filha para ela e naquele momento, eu até gostava disso porque dava para tirar proveito da situação.
Uma semana depois
Reagan não apresentou nenhum sinal de melhora.
Duas semanas depois
A espera de que ela acorde a qualquer momento parece cada vez mais distante. Contei para a Dra. Dillard que tive quase certeza de ter visto Reagan contorcer o canto da boca, mas ela logo tratou de cortar fora as minhas esperanças, disse para eu sair um pouco para me distrair com Nadia ou Serena, que passar os dias e as noites no hospital estava me fazendo mal.
Porra, o amor da minha vida estava em coma, era para eu estar sorrindo?
Um mês depois
Conversamos sobre o bebê. Dessa vez vim carregada com bolsas de compras cheias de roupinhas de bebê que Lucca escolheu para Kenna. Mostrei uma por uma a Reagan. Ela não podia ver, estava de olhos fechados, não tinha acordado, não tínhamos ideia de quando isso aconteceria, mas gostava de fazer de conta que ela estava vendo e ouvindo tudo o que eu estava falando. Houve um momento enquanto eu lhe mostrava as luvinhas de Kenna que eu pude ouvir a voz de Reagan na minha cabeça falando: "Dá pra acreditar que a mãozinha dela vai caber toda aqui dentro?"
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Love Affair
RomanceEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...