Dupla de patricinhas.

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REAGAN

Tem dois dias que eu não vou pra casa, isso porque a minha necessidade da Bessie é maior do que qualquer outra coisa e acho que, no fundo, estou tentando evitar qualquer assunto que tenha a ver com a minha mãe. Nos três dias que Bessie esteve fora da cidade, eu tentei passar um tempo com ela, conversar, saber como ela estava depois desse tempo na reabilitação, mas tudo o que percebi foi que Elizabeth Gray está muito longe de estar limpa. Talvez Bessie tenha razão quando diz que ela só voltou porque precisa do dinheiro de Danon para continuar se drogando, principalmente quando ela insiste que eu tenho que voltar para San Diego com ela, mas não quero voltar para aquela vida de antes, não quero passar novamente por tudo o que passei, tendo que dormir sem nunca ter certeza se vou ter comida ou água o suficiente para o próximo dia.

Acordo me sentindo no céu, porque tem um anjo lindo dormindo ao meu lado, coberta dos pés à cabeça por conta do frio que faz. Não quero acordá-la, por isso, fico observando Bessie dormir durante alguns minutos, admirando seus traços, seus lábios, quando um som irritante começa a soar pelo quarto, despertando minha pobre garota do seu mais profundo sono. O despertador anuncia que são sete e meia da manhã, o que significa que nós temos que nos levantar para ir ao colégio. Quando abre um olho e me vê, Bessie abre um sorriso tão bobo e sincero que coro no mesmo instante. Levo uma mão até a sua e entrelaço nossos dedos. Ela se aconchega mais em mim e roça a ponta de seu nariz no meu.

— Bom dia, dorminhoca — diz com a voz rouca de quem acabou de acordar. — Seus olhos são lindos, sabia? Não consigo distinguir qual a cor deles, porque tem horas que parecem ser azuis e em outras, parecem ser cinza, mas quando a luz do sol bate neles, tenho certeza que estou olhando para um oceano coberto pela neblina.

— Ah, Bessie! — digo baixinho, envergonhada. — Você é linda!

Um sorriso se forma em seus lábios e, em um gesto rápido, me sento em seus pernas e lhe beijo intensamente. Suas mãos vão parar em minha cintura, mas faço questão de segurá-las e apoiá-las em meus seios, por cima da blusa de dormir que visto. Bessie os aperta com força, me fazendo soltar um gemido em seus lábios. Meus quadris se mexem involuntariamente e uma de suas mãos sobe até o meu cabelo, ela o puxa enquanto sua língua invade cada canto da minha boca.

— Parece que alguém acordou com a corda toda — murmura entre o beijo.

— Senti sua falta — respondo, passando minhas mãos em seus cabelos, para tirá-los do seu rosto. Ela joga a cabeça para trás e eu deposito vários beijinhos em seu pescoço. — Você significa muito para mim, Bessie.

Ela não diz nada, apenas fica me encarando com suas esmeraldas profundas. Batidas na porta do quarto nos interrompe, me fazendo sair de seu colo e ela se levanta da cama com um pouco de preguiça.

— Bom dia, Zi — cumprimenta sua empregada assim que abre a porta. Não sei ao certo qual a relação das duas, mas dá para ver que Zita é mais do que uma empregada, pois cuida de Bessie como uma verdadeira mãe.

— Bom dia, menina Bessie — responde com um sorriso. Quando me vê sentada na cama com o cabelo todo desgrenhado, seu sorriso aumenta e eu passo a mãos pelos meus fios rebeldes com um pouco de pressa, numa tentativa falha de arrumá-los. — Bom dia, Srta. Gray.

— Bom dia, Zita — sorrio fraco.

— O café da manhã está na mesa, meninas — fala para nós duas. — Estou indo até o mercado para comprar algumas coisas que estão faltando. Quer que eu traga alguma coisa, filha?

— Vai tranquila — Bessie responde. — Ah, e não se esquece das laranjas. Serena me disse ontem que vem pra cá no fim de semana e você sabe que ela detesta tomar cafeína logo cedo.

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