Programas de uma noite.

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REAGAN

Ele acha que não, mas eu sinto o seu olhar pesar sobre mim a cada cinco segundos, cheio de segundas intenções e um sorriso de canto acompanhando a beleza de quando uma mecha de seu cabelo loiro escuro cai sobre sua testa com maestria, realçando seu belo par de olhos castanhos claros. A cicatriz na sua bochecha esquerda lhe dá o ar de garoto problemático que toda estudante do ensino médio deveria ficar longe se quiser concluir o colegial. Já me envolvi com garotos como o Logan antes de vir morar em Eugene. Eles te enchem de elogios, fazem você se sentir especial pra depois transar com uma líder de torcida qualquer e seu nome ir parar no jornal do colégio como a piada do ano.

— O diretor Lewis acha mesmo que implementar o uso de uniformes agora vai dar certo? — Carter resmunga, abotoando seu casaco. — Alguém avisou pra ele que isso deveria ter sido antes das aulas começarem?

A Lewis H. High School está cogitando adotar o uso de uniforme obrigatório até o final do semestre. O traje seria todo preto, com o nome Lewis bordado no blazer com linha vermelha, ganhando destaque sobre o tecido fino caríssimo. Para as meninas, saia, e para os garotos, calça. A roupa me agrada bastante, já que aderi ao uso de saia nas últimas semanas, diferente de Carter que acha clichê e fora de moda.

— Isso é porque você não tem nenhum senso de moda — a voz de Meredith ecoa atrás de nós, ela envolve o seu braço em torno da cintura da namorada e se inclina para lhe dar um rápido beijo no rosto. — Reagan, você está tentando construir uma vibe meio Ariana Grande com esse rabo de cavalo, mas até que combinou. Ficou bonitinha.

Sinto o seu deboche no seu tom de voz, ou talvez seja só impressão minha. De qualquer maneira, sorrio sincera para ela antes da mesma se afastar para se juntar ao seu grupinho de amigas próximo à árvore em frente ao colégio. Nos corredores, todos os alunos estão circulando com o folheto do novo uniforme em mãos, alguns comentam a respeito como se esse fosse a última fofoca do ano.

— Ouvi dizer que o diretor pretende fazer do colégio um internato no futuro — comento, depois de ter escutado Drina na semana passada falando a respeito disso com uma de suas amigas no banheiro.

— Sorte a nossa que só faltam mais dois anos para acabarmos a escola.

Concordo com a cabeça, incapaz de me imaginar dentro do colégio por vinte e quatro horas por dia, sem poder sair sem permissão ou ter que seguir regras o tempo inteiro. Tudo o que preciso fazer é rezar para que o diretor não mude de ideia e antecipe os seus planos.

— É, eu acho que sim — respondo, abrindo o armário para pegar os livros da próxima aula. Biologia.

— Não vai me contar o que está rolando entre você e o Logan?

Bato a porta do armário pra fechá-lo.

— Carter, não tenho nada pra te contar. Já conversamos sobre isso, ele fica me encarando toda vez que nossos caminhos se cruzam e só. E não me olhe desse jeito — aponto o meu dedo indicador para ela, que agarra seus livros e me acompanha até a sala de aula. — Você pode não aceitar, mas vai ter que lidar com o fato de que eu amo a Bessie.

Sentamos em nossas cadeiras, as primeiras da fileira no canto da parede. Abro o meu caderno e pego a caneta para deixar tudo pronto quando a professor entrar na sala e começar a explicar o assunto da semana. Carter faz o mesmo, exceto que começa a assoviar como um passarinho irritante prestes a ser morto.

— Desculpa! — exclama quando a olho de cara feia. — Bessie é uma pessoa maravilhosa, mas não acho que ela seja a pessoa certa pra você. É como a lua e — ela faz uma pausa, procurando a palavra certa a dizer: —, E um meteoro. Uma miragem entende?

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora