Inimiga ou Amiga?

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REAGAN

Uma boa noite de sono foi o suficiente para apagar metade do que estava sentindo. É como dizem: dormir resolve os problemas. No meu caso, não os resolve, mas alivia, o que já ajuda e muito. Acordei com a mente bem mais limpa e já não sinto mais aquela dor de cabeça incômoda sempre que penso em John ou em tudo o que ele fez de ruim durante sua vida. Meu tio Danon fez questão de me contar com detalhes tudo o que ele sabia a respeito do meu pai e não pude evitar de me sentir constrangida e envergonhada por ter o mesmo sangue que alguém tão cruel. Assim que descobri que meu pai havia morrido, fiquei me perguntando o motivo pelo qual ele nunca tentou uma aproximação comigo enquanto estava vivo, nem mesmo para me dizer um "Oi, eu sou seu pai", mandar um cartão de Natal, nada. Mas agora não posso evitar de sentir um alívio, não tenho certeza se queria conviver com uma pessoa como John Wilson. Suas maldades eram tantas que até agradeço por ele ter me deixado com minha mãe. Elizabeth Gray tem todos os defeitos do mundo, é uma viciada de carteirinha, mas mesmo com todas as suas merdas, ela tem um bom coração e me ama de verdade, quis ficar comigo mesmo quando as coisas estavam difíceis e pesadas.

— Bom dia, drogadinha — Meredith me cumprimenta assim que entra em nossa sala de aula.

Dessa vez a loira não está acompanhada de seu exército de manequins ambulantes, o que era de se estranhar.

— Bom dia, querida — respondo sarcasticamente.

Ela sorri para mim e vai para o seu lugar, exibindo para quem quiser ver sua nova coleção de canetas importadas. Não consigo evitar o revirar de olhos que dou, porque não entendo como uma pessoa pode ser tão fútil e sem valores como Meredith Miller.

Quando o sinal toca, anunciando o início das aulas, todos os alunos entram apressados na sala, seguidos pelo professor Karston, de Álgebra. Aaron se senta uma cadeira atrás de mim e isso me incomoda, porque sempre que ele quer ficar perto de mim é para falar barbaridades sobre a Bessie e hoje definitivamente eu não estou com humor para suas gracinhas de namorado traído que foi trocado por uma mulher, ou pior ainda, por uma garota de programa, como ele faz questão de sempre remoer.

— Ei, Reagan? — me chama baixinho. A porta da sala se abre novamente. Carter entra de óculos escuros, elegante como sempre, atraindo para si o olhar e a concentração de todos no ambiente, inclusive de sua namorada ou quase namorada, Meredith. — Bem que poderia rolar um sexo à três entre você, Carter e Meredith, o que acha?

— Com saudades dos velhos tempos, Aaron? — questiono. — Desculpe, mas se tem alguém aqui que gosta desse tipo de coisa, esse alguém não sou eu.

O playboy se ajeita na cadeira, visivelmente desconfortável com minha especulação.

— O que está querendo dizer?

Dou de ombros.

— Fiquei sabendo de um ménage entre você, Meredith e Drina. Ah, Aaron... — deixo a frase suspensa no ar, escondendo com minha mão um risinho debochado.

Minha amiga se senta na cadeira ao meu lado. Quando retira seus óculos escuros e olha para mim, para que eu saiba que ela está bem, suspiro aliviada, mas o olhar inquisitivo de Meredith Miller ainda me incomoda. Achei que as duas estivessem bem depois de toda a confusão com o Todd, mas a patricinha não para de nos olhar. Uma coisa eu preciso admitir: posso odiar Meredith com todas as minhas forças, posso não concordar com as coisas que ela faz ou deixa de fazer, mas o amor que ela sente por Carter é real, é verdadeiro, é sincero. Qualquer um pode enxergar isso em seu olhar. Quem diria que a garota mais fria de todo o colégio tem um coração, afinal. Mas todos nós temos, até mesmo Bessie, que faz de tudo para esconder o dela.

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