Segredos ocultos.

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REAGAN

O mar é sempre a nossa melhor companhia depois de um dia ruim. Ou no meu caso, uma semana ruim. Meus últimos dias foram horríveis. Depois que descobri a verdade sobre o meu pai, não consigo mais dormir direito, pois a cada vez que fecho os meus olhos, ele invade a minha mente, me perturbando. John Wilson era mesmo um monstro, como sua esposa e Jessica falam, mas no fundo, alguma coisa dentro de mim torcia para ele ter sido diferente, um homem diferente, um marido diferente, um pai diferente. Acho que eu só criei muita expectativa com o dia em que conheceria o meu progenitor, mas não tenho certeza se John teria se arrependido de abandonar a mim e a minha mãe em San Diego enquanto estava vivo.

— Caramba, hein? Que barra! — Bessie fala calmamente e se senta na toalha de banho que trouxemos. — Mas me diz, como você está se sentindo com isso que descobriu sobre o seu pai, amor?

Amor... Essa simples palavrinha vinda da mulher que amo é música para os meus ouvidos.

— Pra falar a verdade, eu não sei — respondo sincera. — Mas Danon se arrependeu de ter mentido para mim, acho que no fundo ele só queria que eu tivesse uma imagem boa do meu pai.

— Mas aí você acabou descobrindo que ele abusava da própria esposa — comenta, ainda impressionada com o meu desabafo limitado.

Não contei tudo sobre o John para Bessie. É vergonhoso para mim abrir a boca e falar o tipo de monstro que ele era, por isso desconversei quando ela quis saber o nome dele. Me contentei apenas em falar que ele era um homem muito ruim e que abusava da esposa. Sei que Bessie é a última pessoa no mundo que me julgaria, mas ainda assim sinto vergonha de ter o pai que eu tive.

— Eu não quero ver você assim, ursinha — fala, se levantando da areia e estendendo a mão para me ajudar a levantar também. — Sabe, tem uma coisa que eu deveria fazer com você agora mesmo.

— O que? — pergunto curiosa.

— Te encher de cócegas? — brinca, fazendo garras com as mãos.

Saio correndo para longe de Bessie, mas ela corre logo atrás de mim, no meu encalço.

— Você não me escapa, Reagan!

Corremos quase juntas na imensa areia da praia. A brisa leve bate contra o meu rosto e eu me sinto leve, solta. É bom sentir essa sensação de liberdade que purifica a minha mente. A última semana pode ter sido um turbilhão para mim, mas desde que encontrei com Bessie, sinto que estou totalmente limpa de sentimentos ruins, tudo graças à ela. Bessie me faz esquecer todos os meus problemas pelo simples fato de estar aqui comigo, me fazendo companhia. Sinto os seus braços envolverem a minha cintura quando ela me alcança e acabo soltando um gritinho agudo involuntário.

— Bessie, para! — peço quase sem ar quando ela começa a me fazer cócegas.

O desespero toma conta de mim. Rio como se não houvesse amanhã, como se não existisse ninguém nessa praia além de nós duas. Ela para de me fazer cócegas e me abraça forte. Seus lábios tocam o meu pescoço, fazendo minha pele inteira se arrepiar.

— Queria tanto transar com você aqui no meio desse monte de gente — sussurra em meu ouvido.

Suas palavras possuem contato direto com o meu sexo.

Me liberto de seus braços a contragosto. Por mais tentadora que seja a sua oferta, não estamos sozinhas e há diversas crianças brincando próximo de nós. Não é o tipo de comportamento adequado.

— Nossa mãe de Deus, que delícia! — um cara passando pela gente fala admirado. Ele está acompanhado por dois amigos, os três devoram Bessie com os olhos. — Com uma obra dessas em casa, quem precisa de pedreiro?

Love AffairOnde histórias criam vida. Descubra agora