REAGAN
Pra mim, não existem momentos melhores do que os dias em que Bessie vem assistir aos jogos de futebol americano com o meu tio Danon, porque é uma maneira de passarmos mais tempo juntas, dela ficar mais próxima do meu tio, que é no momento a pessoa mais próxima que eu tenho de uma família, e sem dúvidas por me dar o prazer de irritar a minha tia Hierly que fica resmungando consigo mesma na cozinha por não suportar que além da sobrinha, o próprio marido goste de Bessie.
É como matar dois coelhos com uma cajadada só.
— Depois do jogo, espero que a sua amiguinha vá embora da minha casa — Hierly fala quando entro na cozinha pra pegar uma latinha de Coca-Cola na geladeira.
Viro-me pra ela, sentindo meu rabo de cavalo balançar drasticamente ao fazer isso e bater no meio das minhas costas. Desde que Bessie falou que adora quando uso rabo de cavalo, eu tenho aderido mais ao penteado e até gostado mais, porque sai um pouco da mesmice de sempre.
— Bessie não é minha amiga. Ela é minha namorada — corrijo e Hierly segura no ar a faca que ia usar para cortar uma fatia de torta para servir o marido. — Sabe, quando duas pessoas se amam muito e eventualmente seus lábios tocam um no outro...
— Eu sei o que significa, Reagan — me interrompe, findando o momento de implicância. Ela corta a fatia de torta de qualquer jeito, fazendo com que a mesma se espedace no prato. — Leve para o seu tio, eu vou para o meu quarto. Estou com enxaqueca.
Quase me sinto mal por tê-la provocado quando a vejo subir as escadas abalada. Hierly não precisa aceitar o meu relacionamento com a Bessie, porque não preciso da aprovação de ninguém, mas respeito é algo fundamental pra mim e a verdade é que desde que mudei pra cá, Hierly não tem o menor respeito por mim, por minha mãe, pelos meus amigos ou pela Bessie.
Volto pra sala e entrego o prato de Danon, em seus olhos ele praticamente me implora por uma explicação sobre a sua esposa, mas quando contorço um pouco a boca, ele entende. Bessie pega a latinha de coca das minhas mãos e desliza a sua outra mão boba pelo meu traseiro até a minha perna, um toque ousado, mas que por sorte, escapa dos olhos de Danon que vibra no sofá depois do touchdown.
— Te falei que o seu time é péssimo — Danon estende a mão pra Bessie, que está de mau humor pela derrota dos Cleveland. Ela tira alguns dólares do bolso. — Ah, grana fresquinha!
Quase rio da dança da vitória que o meu tio faz, de pé, no meio da sala.
— Vocês apostaram? — pergunto o óbvio e Bessie coloca a latinha de Coca-Cola em cima da mesa do centro da sala, fora do porta-copos que Hierly colocou mais cedo.
— Não quero falar sobre isso — Bessie resmunga. Acho fofo seu mau humor por ter perdido cinquenta dólares para meu tio. — Vamos sair pra tomar um sorvete?
Assinto com a cabeça, mas antes de seguir para a porta, coloco a latinha de coca sobre o porta-copos antes que Hierly desça e tenha mais um motivo pra odiar a Bessie. Danon nos acompanha até a porta, pedindo pra que minha namorada não fique zangada com ele por conta de jogo e logo fazem uma nova aposta para o jogo da semana que vem. Eu particularmente detesto futebol americano, queria que Bessie gostasse tanto de NBA quanto eu, mas nunca tive a sorte grande em relação a isso, seja com namoro ou amizade.
— Tomem cuidado, as duas — Danon avisa quando me despeço dele com um beijo no rosto.
Bessie e eu caminhamos pela calçada, o seu mau humor pela perda da aposta parece ter ido embora com a nova proposta que Danon lhe ofereceu, dessa vez o triplo do valor, no jogo da próxima semana. Deixo que ela me conte sobre as jogadas do Cleveland, ainda chateada, falando mal de todos os jogadores e reclamando do esquema de ataque, mas não presto muita atenção, porque fica difícil me concentrar no que me diz com toda a raiva que se apoderou dela. A minha mente pervertida só consegue visualizar uma maneira de tirar todo esse estresse dela e não é tomando sorvete, mas dentro do meu quarto, especificamente, na minha cama.
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Love Affair
RomanceEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...