Quase não desisti.

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REAGAN

Dizem que não há nada mais triste do que duas pessoas que se amam e não podem ficar juntas, seja pelos obstáculos que a vida coloca no caminho ou pelos motivos dos quais nunca irá haver uma explicação exata. Eu sei como funciona, como é existir amor e ainda assim não ser o suficiente, mas discordo totalmente disso, porque não há nada mais triste do que duas pessoas que se amam, estão juntas, mas que não conseguem fazer dar certo. Elas estão ali tentando todos os dias, indo contra todas as leis da vida, quebrando obstáculos e barreiras, correndo contra o tempo, mas algo os impede de continuar dando certo. As brigas se tornam rotineiras, as discussões que antes eram as piores vão se transformando em desgaste físico e emocional, e a única vontade que prevalece é a de ficar calado, ir dormir, ficar dias sem se falar. Elas se amam, mas não consegue continuar dando certo. Elas se amam, mas chegam ao ponto de uma não tolerar mais a outra. Elas se amam, mas ouvir os problemas se torna cansativo, sentar e conversar é dar início a uma guerra onde um não quer ouvir e o outro não quer falar por dois.

Pessoas são diferentes umas das outras, alguns tem dificuldade para colocar os sentimentos para fora e outros falam até demais, falam até perder a voz, até se tornarem repetitivas e chatas. É chato ouvir reclamações, mas é chato falar o que dói e sentir que não é levado à sério ou que é irrelevante trazer aquele assunto à tona mais uma vez. Acho que tudo o que incomoda deve ser conversado, porque relacionamentos acabam por falta de diálogos. Se dói no outro e não em mim, tem algo de errado. Carência é quando mesmo você tendo a pessoa ao seu lado, você a quer a todo momento, mas quando a pessoa não se dispõe a tirar uma hora do seu dia para te ver ou ficar junto, fazer um programa a dois, não é carência, é ausência da sua parte.

O meu relacionamento com Bessie Lotrov é uma montanha-russa cheia de altos e baixos e nós duas estamos na ponta, na parte onde se sente a adrenalina e o medo percorrendo o corpo como ondas eletrizantes e insuportáveis, nos sugando, esgotando, desgastando. Sentimos a dor e ignoramos, sentimos medo e ignoramos, sentimos vontade de pular e ir embora, mas somos incapazes de deixar uma à outra. Fizemos promessas, nos comprometemos, ultrapassamos limites e conseguimos fazer o que poucos conseguem: superar problemas insuperáveis. E eu quero chamá-la, dizer baixinho em seu ouvido que somos capazes de qualquer coisa, que se conseguimos superar um problema que achávamos que nunca iríamos superar, podemos passar por cima de tudo e ela me fazia sentir que sim, que nada nos separaria uma da outra, mas acho que estou sozinha agora.

Sua ausência.

Nada me dói tanto quanto a sua ausência.

Sinto vontade de chorar ao pensar no quanto temos nos afastado, ontem a encontrei no colégio e apesar de termos passado algum tempo juntas, eu senti entre a gente a distância, o muro do qual permitimos que se erguesse e nos separasse. Eu a olho e a procuro, mas não a encontro, não a vejo, não a sinto. É ela, mas ao mesmo tempo, não é. Sua ausência dói tanto que machuca a minha alma e machuca ser sempre a que procura, a que faz questão em estar perto, que precisa abrir a boca e pedir "fica um pouco comigo?", esperar uma mensagem, uma ligação que nunca recebo. Esperar... Eu esperei tanto que, confesso, permiti que o muro crescesse e a distância tomasse conta, esperei atitudes dela que não vieram e me fechei por isso. Ela trabalha, seus dias são corridos, a sua rotina tem mudado drasticamente nos últimos meses e ela consegue fazer tudo, organizar todo o seu tempo para dar conta de suas obrigações, mas ela esqueceu de mim.

Como eu disse: não há nada mais triste do que duas pessoas que se amam, que estão juntas, mas que não conseguem fazer dar certo.

Não é que eu a queira todo o tempo, grudada em mim nas 24 horas que constituem o dia, mas não ser procurada no fim dele é como estar sozinha na relação. Ela passar dias sem me procurar, sem falar comigo, sem mandar uma mensagem quando discutimos por algo idiota, é frustrante e cansativo, cansativo esperar ela tomar atitude e cansativo esperar ela sentir a minha falta tanto quanto eu sinto a dela. A gente sente quando o outro faz questão, quando o outro mesmo cansado, percebe e se esforça para passar um tempo com você, não porque foi preciso pedir, mas porque o seu "eu também estou com saudades" não é só da boca pra fora. Eu também tenho minha rotina, minhas ocupações e obrigações, claro que nada se compara com a rotina dela, mas é pedir demais um pouco de tempo pra mim nos seus dias? É errado querer estar por perto?

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