Esforços não são o suficiente.

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BESSIE

Reagan está demorando a voltar com a água que eu pedi e eu não aguento mais ficar trancada nesse quarto, aprisionada na cama como se fosse uma inválida. Com muita dificuldade, levanto da cama, me apoiando nos móveis e vou caminhando até a porta do quarto. Posso ouvir vozes de duas pessoas conversando, mas não consigo entender o que dizem muito bem, pois parecem cochichar. Só quando chego mais perto é que consigo ouvir Beth, a mãe de Reagan, comentar algo sobre eu ser uma drogada da pior espécie. Não me importo com sua opinião, afinal, que moral ela tem para falar de mim, mas não posso evitar de cerrar o maxilar quando ouço a voz irritante de Hierly:

— Não duvido, eu teria vergonha de ter uma filha como ela.

Assim que a mulher acaba de falar, eu abro a porta, pegando as duas de surpresa.

— Sorte a minha mão ser sua filha então, porque eu também odiaria ter você como mãe — digo grossa.

Odeio essa mulher com todas as minhas forças, odeio o modo como ela sempre precisa se achar melhor que os outros, só por ter tido um pouco mais de oportunidades. Não quero criar atrito com Reagan e sua família, não depois de Danon me receber tão bem, mas também não posso aturar os ultrajes de sua esposa.

— O que foi, Hierly? — questiono quando vejo que as duas agora olham diretamente para mim, horrorizadas. Reagan está logo atrás dela, com um copo de água nas mãos. — Acha mesmo que eu queria ter uma mãe feito você? Por favor, se enxerga! Deus não dá asas à cobra, Sra. Collins, e Ele sabia muito bem o que estava fazendo quando não permitiu que você tivesse filhos.

— Como se você entendesse alguma coisa de Deus... — diz com desdém.

— Tenho certeza que entendo bem mais do que você — sorrio cínica. — E você, Beth, acha que ofende me chamando de drogada? Logo você, a dona da boca?

Beth me olha atônita e abre a boca para retrucar, mas não dou chance.

— Desculpe, não deveria ter dito isso. Você não é a dona da boca, porque tenho certeza que a dona da boca não precisa ficar arrancando dinheiro da própria filha para se drogar — balanço minha cabeça negativamente, quase desacreditando de onde estou e de estar me prestando à esse papel, mas no momento não consigo me controlar: — Acha mesmo que ninguém aqui ia perceber que você só apareceu com esse papinho de "mãe do ano" porque sabe que agora Reagan está bem de vida? Você quer o dinheiro dela, Beth, quer o dinheiro dela e de Danon, mas não se iluda, eu não vou permitir que você ouse explorar duas pessoas tão boas feito eles dois.

— A melhor coisa que sua mãe fez nessa vida foi ter te abandonado na porta daquela igreja — Hierly me interrompe. Sinto o peso de suas palavras sobre mim, pois me atingem com força total, mas não deixo transparecer. — Imagino o desgosto que ela teria hoje se descobrisse que aquele bebezinho se tornou uma garota de programa...

— Garota de programa? — questiona Beth. — Reagan, você está se envolvendo com uma prostituta?

— Não é nada disso, mãe — Reagan se defende.

Levanto uma mão para fazer ela se calar, mas ela ainda tenta continuar me defendendo.

— Bessie não é uma garota de programa...

— Eu sou sim, Reagan — interrompo e, por um momento, fixo meus olhos nos dela. — É isso o que eu sou, Beth, uma prostituta. E eu não tenho vergonha do meu trabalho, Hierly. Teria vergonha de ser feito você: velha, frustrada, sem filhos e dependendo de um marido até para comprar uma calcinha.

Com dificuldade, caminho devagar até Hierly, ficando bem na sua frente e olhando dentro de seus olhos, negros como noite sem luar, e que agora estão um pouco brilhosos por conta das lágrimas que começam a se formar neles.

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