Reagan
Acho que todo mundo já passou por isso, caso não, vai passar algum dia. Sentir esse vazio por dentro, como se os dias não fizessem mais sentido e o ponteiro do relógio parasse no tempo, mas não para, porque horas iguais são só uma bobagem na qual a gente se agarra para não se sentir tão idiota por pensar em alguém que não está nem aí pra gente. Estou deitada no chão do meu quarto desejando desaparecer, encarando o teto e me perdendo entre pensamentos, mas não sinto nada além do sangramento dentro de mim, da dor que me corrói e me devora ao ser ignorada por ela. Achei que estávamos bem, mas todas as minhas mensagens ignoradas e as minhas ligações perdidas me dizem o contrário. Eu esperei por qualquer sinal de vida, esperei ela sentir a minha falta, mas tudo o que recebi foi a sua indiferença e o seu silêncio. Uma semana. Faz uma semana desde a última vez que nos falamos, eu enchi o seu celular de mensagens e comecei a imaginar se era dessa forma que mamãe agia com o meu pai até ele nos abandonar.
Reagan: Podemos conversar? Bessie, eu preciso saber se fiz ou falei algo de errado.
Essa foi a minha última mensagem não respondida e ignorada com sucesso dois dias atrás. Sinto as lágrimas caírem pelo meu rosto e levo uma mão ao peito, começo a imaginar um mundo onde não nos conhecemos, onde nossos caminhos nunca se cruzaram um com o outro. Nos conhecemos ou só sabemos uma da outra o que permitimos conhecer? Lembro de quando terminei o meu antigo relacionamento em San Diego, eu costumava pedir ao universo um daqueles amores que vemos em filmes, alguém que me tirasse todo o ar dos meus pulmões só com o olhar ou que me fizesse rir só por estar perto. As pessoas estão realmente destinadas a ficarem juntas ou só a se completarem por um tempo? Por que eu e Bessie não podemos ser um casal como qualquer outro? Por que com ela é tudo tão complicado?
Ela tem tempo pra sentir a minha falta? Alguma vez no seu dia o meu rosto ou a minha voz surgem na sua cabeça e a tortura como me tortura a cada segundo? Quando ela deita a cabeça no travesseiro e dorme, eu invado os seus sonhos ou não sou tão importante assim?
Três dias atrás eu li em algum site de notícias na internet que Lucca Devito está em New York. Isso está me deixando doente, de todos os seus clientes, Lucca é o que mais me causa um embrulho no estômago quando o imagino com ela. Quero morrer cada vez que os imagino juntos na mesma cama fazendo amor, ele a tocando, a beijando, a fazendo rir.
Ele a faz rir como eu faço, Bessie? Daquela forma que os seus olhos se fecham para acompanhar o sorriso em seus lábios e você precisa levar a mão ao rosto para se esconder? Ele lhe conta como você é linda até nos dias em que você duvida da própria beleza? A presença dele te faz esquecer a minha existência tanto assim? Nenhum pensamento durante o dia? Sem arrependimentos por me deixar aqui do outro lado com o celular na mão esperando uma mensagem? Uma ligação? Ele fala pra você como a sua voz é o som mais gostoso que já ouviu na vida? E quando você chora, ele te acolhe em seus braços e diz "estou aqui"? Ele sabe que apesar de toda a sua marra de mulher que nada sente e nada afeta, existe uma menina assustada com medo de ser deixada? Ele sabe quando você sente medo e tenta te acalmar mesmo quando você não fala nada?
Ele sabe?
Três batidas na porta do meu quarto me trazem de volta para a realidade, aquela onde ainda encaro o teto do meu quarto me perguntando se há como me sentir ainda mais sozinha do que estou. Meredith se aproxima de mim, deita no chão ao meu lado e a minha melhor amiga Carter, do outro. Respiro fundo ao sentir a presença das duas ali, o silêncio não é incômodo, mas é dolorido, me fere, porque ainda sinto a solidão que me devora. Uma resposta, tudo o que eu queria era uma resposta e não tenho nada.
— Danon me falou que você não está comendo direito — Carter fala, virando o seu rosto para encarar o meu. Não a olho, permito que as lágrimas continuem a cair enquanto encaro o teto. — Reagan, está se torturando. Bessie sempre faz isso, ela some, não te procura, não dá notícias e depois aparece como se nada tivesse acontecido.
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Love Affair
Roman d'amourEla quase a atropelou. Se aquilo fosse o destino lhe dizendo que, para conhecer o amor da sua vida, Reagan Gray precisava ver a morte passar diante dos seus olhos, talvez ela já tivesse tentado fazer isso antes. Ela não era uma suicida e nem nada do...