Capítulo 3 :

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CARLA

Xxx: Um homem minha rainha? Oh meu Deus, e ele era bonito?

Carla: Gilberto, por favor, você também? — beberiquei meu cappuccino observando um de meus melhores estilistas sentado na cadeira a minha frente — Não preciso de um homem bonito. Nem de um capacitado. Não preciso de homem nenhum! Nem de homens eu gosto...

Gil: Opa, como é que é minha rainha? — o olhei percebendo como interpretou errado minha frase — Você, Deusa gostosa e sexy, não se interessa por homens? Senhor! Homem é a melhor coisa que existe querida, não podemos viver sem eles! Eu que sou um deles resolvi mudar toda minha estrutura para... Você sabe, amar sem medidas!

Carla: Gil,  me poupe dos seus ataques, ok? E mais uma vez — coloquei a xícara sobre o pires em cima de minha mesa — Eu não sou lésbica! Sou apenas uma mulher ocupada, uma mãe solteira que só tem tempo para o trabalho e para a filha!

Gil: Estou totalmente ciente disso, minha rainha! — cruzei os braços olhando para ele — Porém, ainda sou dono da opinião de que tudo o que falta para você é um homem forte e másculo para te proteger e trazer alegria para sua vida... — abraçou a si mesmo com expressão apaixonado, me olhando com seus olhos castanhos brilhantes apenas imaginando o homem em questão. Másculo. Forte — Garanto que a pequena Maria Clara não irá fazer objeção a isso. Você mesma diz que o que ela mais lhe pede é um papai...

Carla: A Maria Clara não precisa de um pai e nem eu de um... Homem — suspirei — Já tive problemas demais a vida toda com homens, não preciso de mais um. E você... Trate de se controlar! O candidato era sim um rapaz interessante, mas...

Gil: É? Ele era interessante? — sussurrou interessado, apoiando os cotovelos sobre a mesa para me ouvir falando. Cruzei os braços e rodei os olhos — Fiquei sabendo pelas meninas que tinha um cara gato no escritório, mas não sabia que era para ser seu secretário. OMG! Me conta como ele era? Você tem o endereço dele?

Carla: Ele não era gay — pareceu não mudar em nada seu interesse. — Ele é queimado de sol, vamos falar que ele é moreno, um e oitenta e poucos de altura, olhos claros, um pouco forte, moreno — Gil ergueu uma sobrancelha — Tudo em, admito! Ele era gostoso, mas e daí? Com certeza era tão tarado quanto às outras secretárias e iria colocar fogo nesse escritório. As meninas iriam pirar com ele aqui, inclusive você!

Gil: Inclusive você, minha rainha! Quem é que resiste a um homem desses?

Quando ele gargalhou, a frase "Foi exatamente por isso que o dispensei. Porque é um homem interessante!" surgiu em minha mente.

Mas ficou apenas por ai, já que gritos começaram a invadir o ambiente vindo lá de fora. Gritos de criança. Assim que pensei na possibilidade de ser a Maria Clara, sai correndo junto a Gil. Nós dois abrimos a porta correndo e andamos apressadamente até a aglomeração de pessoas. Quase todos os empregados estavam rodeando alguém; alguém que gritava. Na hora em que vi minha filha se queixando que não conseguia mexer a perna berrando no chão, quase tive um colapso. Afastei todo mundo e me ajoelhei ao lado dela sem saber o que fazer! Ela está ferida!

Carla: Maria Clara? Oh meu Deus! O que foi que aconteceu? — sem saber onde tocar nela, comecei a me desesperar aos poucos, sendo invadida por desespero a cada grito de dor que ela dava.

Arthur: Não mexe nela! — quando olhei para cima através de algumas lágrimas que já desciam por meu rosto, vi Arthur, sim, o candidato, ajoelhado do outro lado da minha filha segurando a perna fraturada imobilizada, para ninguém tocar.

Carla: O que você está fazendo aqui? — praticamente cuspi as palavras cheia de raiva, desesperada, sem saber o que fazer. Gilberto  afastou as pessoas, que olhavam também nervosas.

Arthur: Ajudando a sua filha, por acaso! — Maria Clara continuava gritando alto, chorando muito — Calma, vem cá, passa o braça no meu pescoço. Tudo bem, eu sei que dói, mas preciso te levantar sem mexer a sua perna... Pode ser?

Maria Clara: Mas está doendo muito... — choramingou alto, com o rosto vermelho e molhado. Gritou mais — Não consigo me mexer... AI!

Carla: O que está fazendo? Larga a minha filha! — gritei também — Thaís chame a ambulância!

Arthur: A ambulância vai demorar, temos que levá-la logo para o hospital! Tem idéia de como ela está sofrendo?

E mais gritos de Maria Clara atravessaram em mim como facas. Ao mesmo tempo em que queria pegá-la a agarrá-la para ninguém tocar nela, para socorrê-la, tinha medo de machucá-la.

Maria Clara: Mamãe... — disse em meio aos gritos. Quase desmaiei também chorando, nervosa, sem saber o que fazer!

Arthur: Eu já disse, temos que levá-la para o hospital!

Ele mesmo com cuidado passou o braço de Maria Clara em seu pescoço e a ergueu no colo. Ela seguia gritando como uma louca, chorando, me chamando, e não tive escolha a não ser ir atrás dele.

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