Arthur: Oh, essa foi boa! — estreitei os olhos para ver aonde a pedrinha chegava — Se conseguir mais do que isso, te dou uma caixa de bombom pra comer sozinha...Maria Clara: Nossa! Uma só pra mim? — aquilo pareceu ser a coisa mais legal de se ouvir — Então vou tentar... — a pequena se abaixou e começou a vasculhar na margem do lago mais uma pedrinha que fosse apropriada para ser arremessada.
O dia estava quente, apesar de o céu estar escurecendo, evidenciando uma possível chuva. Maria Clara parecia uma boneca, uma miniatura de Carla, usando um short jeans e maiô vermelho. Estava com umas botinhas de borracha cor de rosa, o cabelo amarrado para trás... Era meio impossível parar de olhar para ela, desviar a atenção de seus olhos verdes brilhando no sol e da forma como sorria. A garota era muito apaixonante, e apenas o som de sua voz era capaz de despertar o que tenho de melhor. Esse laço entre nós era algo que, às vezes, me surpreendia e assustava. Os sentimentos que sempre nutri por Maria Clara eram quase os que mantenho por Carla, excluindo, é claro, a parte do desejo. Seria fácil dar a vida pelas duas.
Arthur: Só falar em comida que a senhorita já cresce os olhos, não é? — provoquei vendo-a pegar a pedrinha e começar a medir a distância como ensinei.
Maria Clara: Claro! Mamãe não me deixa comer porcaria, é só você que me oferece essas coisas... — gargalhou e arremessou a pedra. Observamos a distancia que ela tomou — Ah, não consegui! — choramingou realmente triste, com os olhinhos pequenos — Desculpa...
Arthur: Não, tudo bem! — me abaixei ao lado dela, sentando na beira do lago. A água era de um azul esplêndido, límpido e claro, podíamos até enxergar o fundo na parte mais rasa — Vou te dar o chocolate do mesmo jeito, garota persuasiva.
Maria Clara: O que é persuasiva? — se jogou encima de mim e me abraçou.
Arthur: Digamos que é alguém que tem o poder de fazer com que as outras pessoas mudem de opinião — expliquei da forma mais simplificada que achei, a ajeitando no meu colo. Seu rostinho estava confuso.
Maria Clara: Ah, entendi. É como a mamãe... Que te odiava e agora te ama. Você a persuadiu! — encarou-me como se me acusasse e riu depois.
Arthur: Ainda não... Mas tenho muita vontade! — sorri também. Ficamos em silêncio, os olhos focados no lago.
Maria Clara: Sabe... Acho que seria muito legal se você e mamãe se casassem! Pensa... Seriamos papai e filhinha — tocou minha barba — Todo mundo já fala que nós nos parecemos.
Arthur: É, todos falam — concordei estudando seu rostinho infantil e lindo — Mas tem muito da senhorita sua mãe ai também, não concorda? O fato de me persuadir... Ah, são rainhas nesse quesito.
Maria Clara: Quesito? — estava novamente confusa. Riu — Que estranho! O que é quesito?
Arthur: Ah Maria, para de me encher de perguntas... — choraminguei e ela riu muito alto de minha expressão.
Maria Clara: Então te encho do que? — cruzou os bracinhos com o queixo empinado.
Arthur: De beijos e cócegas! — a abracei e comecei a beijar seu rosto freneticamente, fazendo cosquinhas em sua barriga. Ela ria e me afastava; apenas o som de suas gargalhadas enchiam o ambiente. Quando estávamos cansados, me abraçou com força.
Maria Clara: Por favor, casa com a minha mãe... Eu te amo muito, Arthur. Quero que você seja meu pai...
O jeito como disse partiu meu coração, nem tive a coragem de olhar em seu rosto. A coisa mais dolorosa que já fiz foi não ter podido garantir nada a ela, foi ter ficado sem a resposta.
Arthur: Vou fazer o possível pra derreter aquele coração, Maria — continuamos abraçados, seus braços cravados ao redor de meu pescoço — Prometo.
[...]
Tia Bia e eu sabíamos que o momento era somente dos dois, por isso tentamos entreter Pedro na outra margem do lago para que Arthur e Maria Clara tivessem sua conversa e seu momento. Ficamos conversando, brincando também, até que o tempo começou a virar e ela me pediu para chamar Arthur para irmos embora antes que a chuva resolvesse cair. Procurei os dois pela margem, e quando os achei presenciei cenas que tocaram o mais fundo de meu coração...
"Por favor, casa com a minha mãe... Eu te amo muito, Arthur. Quero que você seja meu pai...".
Quando percebi que estava prestes a chorar, respirei fundo e limpei os olhos, tomando coragem para atrapalhar aquele momento. Assim que me viu, Maria Clara se separou do abraço de Arthur e acenou, me chamando. Caminhei até os dois e parei ao lado.
Carla: Tia Bia disse para voltarmos. Está prestes a chover, não vamos querer problemas com isso, certo? — me ignorando, Maria Clara me chamou com a mão.
Maria Clara: Vem cá mãe, dá um abraço na gente...
Sua carinha pidona não me fez pensar duas vezes. Arthur me olhava confuso, um tanto abalado pelas palavras de Maria Clara anteriormente, mas me abraçou também quando esmaguei Maria Clara entre nossos corpos. Trocamos um longo olhar e disse mil palavras
Maria Clara: Amo vocês — em duas palavrinhas à pequena explicou tudo o que nós três sentíamos neste momento.
Amor.
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...