Capítulo 144 :

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Alguns Dias Depois

Carla: Espera... Espera... — O empurrei brevemente, sentindo no mesmo instante um incessável desconforto por ter que desfazer nosso contato — A Maria Clara disse boa noite?

Arthur estava certo em ficar indignado e me olhar daquele jeito irritado. Parei no meio do sexo para perguntar uma coisa aparentemente sem nexo. Compreensivo, respirou fundo sobre mim e tombou para o lado totalmente insatisfeito. Me arrependi quando o fiz, mas Maria Clara ir dormir sem antes dizer boa noite não era um bom sinal! Por milagre Maria Ísis ainda não havia chorado para mamar e já passava de uma da manhã. Tentei consolá-lo e tocá-lo para não ficar bravo, mas não adiantou muito.

Arthur: Ela não disse boa noite... — Sussurrou após um tempinho calado, deitado ao meu lado olhando para o teto. Virou-se para mim todo confuso e preocupado — Será que aconteceu alguma coisa? Ela nem jantou direito, já tomou banho e deitou.

Carla: Não é melhor ir checar? — Ameacei me levantar, mas ele foi mais rápido. Ficou de pé e colocou a calça de moletom jogada perto da estante.

Arthur: Deixa comigo — Piscou enquanto caçava o chinelo apenas com a luz do abajur acesa — Daqui a pouco Ísis começa a chorar e ali é só com você que as coisas se resolvem! — Referiu-se a amamentação — Volto em um minuto! — Saiu do quarto.

Voltei a me deitar contra o travesseiro quente e fechei os olhos. Tentei pensar em algo para agradá-lo, uma vez que não foi certo parar daquele jeito, algo que para nós tinha tempo limitado desde a chegada da bebê. Arthur me chamou um pouco nervoso. 

Carla: O que houve? — Encontrei Arthur sentado ao lado de Maria Clara na cama — Meu Deus! O que está havendo?

Arthur: Ela está com febre! Olha... 

Carla: Vamos para o hospital!

Maria Ísis não chorou o caminho todo em sua cadeirinha. Permaneceu quieta somente olhando em volta e sugando sua chupeta enquanto as atenções pairavam totalmente ao redor de sua irmã mais velha. Arthur atravessou a cidade em menos de quinze minutos até o pronto socorro infantil mais próximo, tomando cuidado com a chuva que caía naquele momento. Atenta, Maria Ísis deslizava os olhos verdes por todos os lados, talvez sentindo a tensão que pairava no ambiente.

Arthur entrou na emergência com Maria Clara nos braços enquanto eu levava Maria Ísis ao lado. Não haveria jeito... Maria Ísis não poderia entrar, então, um de nós iria ficar para fora.

Arthur: Tudo bem — Assegurou segurando Maria Clara — Eu vou com ela. Daqui a pouco vai estar tudo bem.

Carla: tudo bem... — Sussurrei quase sem voz de tão nervosa, sabendo que de nada adiantaria protestar.

Arthur era o único que cuidaria dela tão bem quanto eu. Eles foram e fiquei com a bebê na sala de espera. Ainda quietinha, Maria Ísis tinha os olhos no meu rosto

Carla: Não precisa ficar assim... — Toquei seu rosto — Daqui a pouco a Maria Clara está bem — Ajeitei-a em meu colo e beijei sua testa.

Permaneci em plena agonia na sala de espera até Arthur sair da sala da médica com um sorriso e Maria Clara em seus braços. A pequena tinha expressão cansada, mas estava calma deitada no ombro do pai. O diagnóstico foi inflamação na garganta e sinusite. Agradeci por ser algo simples de solucionar, mas tive que repreendê-la por não ter dito que não se sentia bem antes. Arthur levou-a para a sala de medicação, uma vez que teria que tomar uma injeção contra inflamação e remédios específicos no hospital. Após isto estaria liberada.

Quando finalmente consegui me acalmar Ísis abriu o berreiro em meio ao hospital. A pequena realmente se parecia comigo e não sabia chorar discretamente, apenas entendia a linguagem dos gritos. Era noite e apenas seu choro estridente ecoava na sala de espera. Sai para dar uma volta com ela tentando acalmá-la, mas nada parecia distraí-la. Me sentei para amamentá-la e o choro foi cessando. Uma voz baixa se fez ao meu lado.

Xxx: Mas que lindo bebê... Quanto tempo ela tem?  — Assim que meus olhos pousaram sobre a figura ruiva e rechonchuda parada a minha frente tive um sobressalto. Baixinha. Ruiva. Olhos azuis. Sardenta. Olhar triste. — Meu Deus! — Sussurrei cobrindo a boca com a mão livre pelo susto — É mesmo você? Carla?

Xxx: Meu nome é Carla, mas... Te conheço? — A mulher se aproximou da poltrona onde eu estava sentada me olhando confusa.

Carla: Sou... Carla. Lembra de mim? — Retirei Ísis do peito e ajeitei minha blusa. Surpresa, comecei a fazer a bebê arrotar apenas para me distrair do impacto —Nos conhecemos há sete anos no consultório do doutor Brawn... Nos confundiram e fizeram a sua inseminação em mim.

Karla: Nossa! — Sorriu ao se recordar — Carla? Como pude não reconhecê-la se está exatamente igual? 

Carla: Bondade sua! Que mundo pequeno!

Karla: Nem acredito que seja você... — Aproximou-me e me deu dois beijos no rosto

Carla: Que coincidência! — Coincidência mesmo ou havia algo por trás daquele encontro do destino?

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