Capítulo 141 :

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ARTHUR

Maria Clara não parou um segundo de ressaltar o quanto a irmã era linda e especial. Minha satisfação foi saber que as suspeitas de Carla estavam corretas... Não havia mais ciúmes, apenas a felicidade pela chegada da nossa nova garotinha.

Maria Clara: Fiquei muito feliz pela mamãe. É bom vê-la contente, né pai? — deitou-se em sua cama e coloquei a coberta por cima de seu corpo pequeno.

Arthur: Muito querida. Viu como ela estava sorrindo com sua irmã? Agora o mau humor passou — me sentei na beira de sua cama, acariciando o cabelo.

Maria Clara: Finalmente! Não vejo a hora de trazermos a Maria Ísis para casa. Já penso nela no bercinho. Vai ser tão bonitinha! — Ela dizia com voz meiguinha — Parece uma boneca.

Arthur: Igual você — Ela sorriu tímida. — Parece que você encolheu novamente. — Faço casquinha e ela se contorce toda rindo.

Maria Clara: Te amo papai. Obrigada por me dar uma irmã linda — agradeceu.

Arthur: Também te amo Maria Clara. Não precisa agradecer, isso é um presente para nós dois.

Maria Clara: Mamãe vai vir quando?

Arthur: Depois de amanhã — me estiquei para beijar sua testa — Agora trate de dormir. Amanhã tem aula e se a senhorita se atrasar mamãe vai cortar meu... Pescoço — Maria Clara se revirou de rir na cama — Chega de rir. Nanar!

Maria Clara: Boa noite papai — virou para a parede.

Arthur: Boa noite minha princesa de porcelana rosa — ainda ouvi sua risadinha e saí do quarto apagando a luz.

No meio da noite liguei para Carla. Ela ria sem parar e dizia que Ísis estava chorando a meia hora e somente parou quando ouviu minha voz no telefone. Falou que a bebê era igual a mim, as expressões de raiva e nojo se assemelhavam muito! Até os gritinhos da bendita eram doces.

Assim que acordei coloquei Maria Clara no ônibus escolar. Fui para a Delux acertar a licença de Carla e a minha também, afinal, havia uma semana em casa para o papai aqui curtir a filhinha recém-chegada. No caminho, comprei um álbum de fotos e embrulhei em presente, assim como uma caixa de bombom para levar a minha Rainha.

Carla: Não consigo parar de olhar para o seu rostinho, coisinha linda — parei na porta e fiquei apenas olhando.

Carla estava sentada no sofá com a bebê no colo. Usava batas, pantufas e o cabelo em um coque bagunçado — Veja só quem chegou... Seu papai bobão. — Entrei sorrindo e olhando fixamente para a adormecida Ísis. Abaixei-me à sua frente e beijei-a rapidamente — Que presentes são esses?

Arthur: São para você — Pisquei e sentei-me ao se lado — Passe a princesa para poder abri-los.

Carla: Certo — Passou a bebê rapidamente, ansiosa para desenrolar os embrulhos. Segurei Maria Ísis na minha frente e admirei-a deitada em minhas mãos, chacoalhando os bracinhos para todos os lados. Balancei-a um pouquinho e espirrou.

Carla: Olha ela... — ela repreendeu rindo.

Arthur: Foi somente um espirro — Desculpei-me trazendo a bebê para mais perto e tocando seu nariz minúsculo com o meu — Ela cheira a leite.

Carla: Porque é uma pequena faminta — Carla disse retirando o álbum de dentro do pacote e alisando a capa com a mão delicadamente. Era lilás escrito em preto "Arthur, Carla, Clara e Ísis". Soava bem alegre, como deveria ser

Arthur: Gostou do álbum? — Questionei ficando de pé com Maria Ísis e passeando pelo quarto com ela.

Carla: Sim, eu amei! — Encarava o presente com carinho — Comprou porque eu disse que um álbum era a única coisa que faltava em casa? — Sorria me observando com Ísis e ainda alisando a capa do álbum.

Arthur: Agora é o momento mais oportuno para isso. Estamos todos aqui, né Maria Ísis? — Parecia procurar onde poderia obter leite em mim.

Carla: Obrigada meu amor... Os bombons — Abriu a caixa de chocolate — São meus farotivos!

No final do dia levei Maria Clara ao hospital e tiramos juntos a primeira foto em família para inaugurar o álbum. Carla segurava a neném e Maria Clara estava sentada entre nós dois. Olhando aquela imagem compreendi que a chegada de Maria Ísis não era somente uma benção... Era o toque que faltava para nós, o empurrão final para unir a mim e a Carla novamente. Para sempre. De todas as maneiras.

[...]

Maria Clara: Pai... Olha! A cabeça da Ísis cabe na sua mão! — Sentados no sofá, Maria e eu olhávamos para a bebê cheios de ternura. 

Carla e Maria Ísis chegaram em casa a menos de uma hora. Carla parecia disposta demais para quem teve um bebê três dias atrás, mas nada a impedia de checar os números da empresa nem que fossem cinco minutos. Sabendo o quanto era importante para ela, me prontifiquei a tomar conta das meninas em meio a seu tempo.

Arthur: A sua já foi assim Maria Clara.

Maria Clara: Você não me viu bebê, não é papai? — Era o tipo de momento em que as palavras me faltavam. Engoli a respiração vendo Ísis esfregar seus olhinhos em meu colo.

Arthur: Não filha — Confirmei encarando-a.

Era incrível a capacidade de Maria Clara ser séria em situações tão constrangedoras. Parecia entender perfeitamente a gravidade da situação. Olhando-a perto de Maria Ísis não consegui escolher qual das duas era mais encantadora. Entre elas, Maria Clara era mais parecida com a Carla do que a bebê, que mesmo não apresentando tantos traços assim ainda lembrava demasiado minhas fotos de criança.

Arthur: Mas o papai daria tudo para poder voltar no tempo e te ver desse tamanho.

Maria Clara se arrastou até mim e me deu um longo beijo na bochecha. Ísis choramingou em meu colo, balançando os braços.

Maria Clara: Ísis! Não chora! Vamos brincar? — Ela começou a bater palmas tentando entreter a irmã e não deu certo. Logo fiquei de pé para acalmá-la, mas não demorou muito para Carla aparecer na sala.

Carla: Quer leite Maria Ísis? — Fez sinal com as mãos como se a chamasse. Rapidamente passei a neném para ela, que se sentou no sofá e começou a alimentá-la — Pegue a toalhinha para mim Arthú? — Atendi prontamente seu pedido, como o súdito tão submisso que era de minha rainha.

Maria Clara: Posso mamar também mãe? — Maria Clara espiou a boquinha de Ísis envolvendo o seio de Carla com certa curiosidade.

Arthur: Desse tamanhão e quer mamar no peito? — Carla ria um pouco

Carla: Meu amor, você não pode mamar. Sua época já passou, querida. Você parou de mamar no peito com dois anos. Você é grande, meu amor.

Maria Clara: Já que não posso mamar, vou comer alguma coisa na cozinha — Torceu os lábios e saiu da sala.

Maria Ísis se alimentava quieta e não fazia nada que não fosse sugar e apertar a mão contra a pele de sua mãe para sair mais leite. Carla parecia somente ter olhos para ela, encarando-a com tanto amor que chegava a me comover. Não reclamava como minha irmã fazia com Pedro ao nascer, pelo contrário, até acariciava a mãozinha da bebê para acalmá-la. Observando a cena, fui pego de surpresa quando decidiu iniciar o diálogo que vinha me atormentando.

Carla: Será que nossa filha já estaria aqui se não fosse por eu ter lido aquela carta?

Arthur: Talvez tenha sido a hora certa — Dei de ombros e deslizei a ponta do dedo delicadamente pelo cabelo de Ísis.
O silêncio dominou e apenas o ruído da boquinha da bebê trabalhando era o que ecoava na sala.

Carla: Foi muito bonita e significativa sua atitude — Sorri envergonhado — Senti ainda mais orgulho de você, Arthú. 

Arthur: Finalmente consegui provar para a grande Carla Diaz Picoli que a amo de verdade? — Me inclinei para beijá-la, mas acabei beijando seu cabelo.

Carla: Você já provou isso a muito tempo, querido secretário — Abriu um lindo sorriso e me beijou.

Arthur: Eu te amo. Fiz isso para que um dia Maria Clara e Maria Ísis compreenderem que o meu maior presente foram vocês. Minha família.

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