Capítulo 62 :

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Arthur subiu e me ajudou com as malas e Maria Clara, que dormia em seu colo. Tia Bia não quis entrar porque Pedro dormia. Após colocarmos tudo no apartamento, ele depositou a Maria Clara delicadamente no sofá e o acompanhei até a porta.

Carla: Quero conversar com você — paramos em frente ao elevador juntos, sozinhos no corredor — Sobre nós.

Arthur: Pode falar... — tocou minha cintura e me trouxe para mais perto, quebrando a distância entre nós — Se é sobre ontem à noite, tudo bem. Te entendo e compreendo perfeitamente. Não aconteceu nada que não fosse previsível — fiquei apenas olhando seu rosto gentil e sincero. Ele me olhava da mesma forma integra.

Carla: Não é só sobre isso — confessei suspirando, cruzando os braços, insegura — E sobre tudo. Sobre nossa relação. Mas acho que devemos falar disso em particular, em outro lugar... Outra hora. Agora sua mãe precisa ir para casa com o Pedro.

Arthur: Está certo — assentiu e abaixou o rosto — Mas pensa direito sobre nós. Com muito carinho, porque quero fazer dar certo. Juro que não vou pisar na bola nem te magoar... — toquei seu rosto sorrindo do seu jeito. Pela expressão que trazia, parecia pensar que eu iria terminar tudo o que tínhamos. Colocar um fim na nossa história, mas não era assim.

Carla: Já pensei em tudo, Arthú — nos olhamos novamente e o elevador chegou — Agora vai.

Arthur: Eu te amo — apenas gargalhei baixinho e ele também. Aproximou-se e beijou minha testa com carinho, segurando em minha mão até entrar no elevador e a distância nos afastar.

Carla: Eu também... — sussurrei quando a porta se fechou.

Voltando ao meu apartamento, enquanto Maria Clara prosseguia dormindo, desfiz minhas malas e sentei em frente à TV para ver um filme. Estava um calor tremendo do lado de fora; mesmo que a noite estivesse chegando a sensação térmica apenas se elevada. Curiosamente, um filme relacionando chefe e secretária estava passando num canal de TV paga, me intrigando. Comecei a assistir, vendo a cada momento a relação entre os dois crescendo mais e mais.
Nunca dei importância a relações em meio de trabalho, por isso confundi as coisas em relação a Arthur. Ele não era como aquela secretária, que queria seduzir seu patrão apenas pelo dinheiro e poder que o homem possuía. Não ficava se insinuando para mim, pelo contrário! Brigava comigo, me atazanava e sempre me fazia rir. Era doce, gentil, preocupado, protetor... Tudo o que um personagem de romance mel com açúcar deveria ser. Fazíamos mais juz a um filme de romance do que um de sedução barata.
Esqueci-me do filme e comecei a pensar em nossos momentos juntos. Mais gargalhei com as lembranças do que chorei; mais suspirei do que me arrependi.

ARTHUR

Maria Clara pendurada no meu pescoço. Maria Clara com o rosto juntinho do meu, nós dois fazendo careta. Meu olho e o de Maria Clara. Idênticos. Pedro, Maria Clara e eu na piscina fazendo pose engraçada. Minha mãe sendo beijada por Maria Clara e Pedro. Um de cada lado da bochecha.

Carla e Maria Clara brigando, mas de forma engraçada.
Carla lendo revista e Pedro espiando por cima do ombro dela. Carla e minha mãe sentadas juntas. Carla eu. A foto foi tirada por mim, estava meio torta. Nós riamos muito. Carla o meu lado, Maria Clara no meu colo. Nós três sorrindo. Como uma família.

Abaixei minha câmera com expressão derrotada. Ver todas aquelas fotos estava me deprimindo, porque tudo que é tão lindo e divertido era difícil esquecer, quase impossível. Será que minha mãe estava certa? Seria o tempo capaz de resolver tudo? Será que daqui a um tempo nós realmente estaríamos juntos e superando tudo isso? Suspirei. Ergui-me do sofá e percebi que não dava mais para esperar. Peguei o celular e procurei o número dela. Apoiei-me na janela, fiquei observando a vista de cima até que atendesse.

Carla: Alô?

Arthur: Preciso te ver — anunciei assim que ouvi sua voz, falando por cima dela — Por favor, preciso te ver.

Carla: Calma Arthur... — preocupada, tentou me fazer relaxar — O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Arthur: É, aconteceu! Não posso ficar assim, quero saber o que tem para me dizer. Não dá para esperar até amanhã... Estou indo para aí — me cortou antes que terminasse.

Carla: Não! A Maria Clara está aqui. Não é assunto para ser tratado com ela do lado! — insistiu.

Arthur: Então pega ela e vem pra cá... A gente dá um jeito. Chama minha mãe, o Pedro para ficar com ela. Eu só preciso falar com você... — meu tom comoveu a mim mesmo.

Carla: Não, ela está cansada... — permaneci em silêncio, sem mais argumentos. Pensei em desligar, porque de repente me senti um idiota ansioso por estar perturbando-a — Mas podemos sair juntos. Para outro lugar.

Arthur: Como? — questionei sem entender — Já é quase noite! Maria Clara vai ficar sozinha? Além disso, amanhã tenho que chegar cedo ao escritório. Minha chefe me mata se eu chegar atrasado... — ironizei.

Carla: Arthur... Relaxa! — gargalhou — Chamo a Graça para ficar com a Maria Clara. Aquela menina não faz nada da vida mesmo. E sobre o trabalho... — seu tom de voz estava divertido — Tenho certeza que sua chefe não vai ligar de que chegue um pouco atrasado amanhã. Algo me diz que ela também vai se atrasar, neste caso.

Arthur: Está aí algo antiético — relembrei-a.

Carla: Não quer sair comigo? Pensei que precisasse me ver... — gargalhei.

Arthur: Te pego às oito, na porta do seu prédio — marquei olhando para o relógio, vendo que eram quase sete horas.

Carla: Combinado... — Ela parecia feliz.

Arthur: É bom colocar um biquíni por baixo da roupa. A propósito... Tem taça de champanhe? Hoje à noite vou dirigir até a praia.

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