Capítulo 109 :

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O expediente seguiu comum. Arthur e eu estávamos estorvados, estressados com tanto trabalho que nem tivemos tempo de ficar falando muito no bebê. Empolgado, a todo o momento ficava perguntando se eu queria algo, se estava me sentindo bem... A única coisa que queria no momento era saber se todo esse seu interesse duraria durante os oito meses que havia pela frente ou se limitavam aos três primeiros dias.
Fiquei recusando tudo, dizendo que estava bem... Mas não pude esconder quando vomitei em seu sapato. Ele riu enquanto a moça da limpeza limpava meu vômito e eu me desculpava pelo serviço extra. Enjoo fazia parte da gravidez e ele sabia, mas toda a carência que se evidenciava em mim a cada momento era um tanto desconhecida até por mim... Talvez meu problema fosse à falta de Maria Clara. Andávamos com tempo limitado agora que existia a divisão entre mim e Arthur.

Arthur: Vou descer para levar umas pastar a Sebastian — anunciou parado na porta — Qualquer coisa liga. Já volto.

Carla: Ok, não se preocupe — ironizei escrevendo em um documento — Estou grávida, não doente — relembrei.

Arthur: Ótimo. Esse vai ser seu discurso agora? — brincou saindo.

Carla: Talvez... — ele já tinha ido. Assim que a porta se fechou o telefone tocou alto. Assustei-me um pouco ao notar que era meu celular. Atendi no mesmo momento desconhecendo o número.

Xxx: Carla? — A pessoa sussurrou do outro lado da linha. Imediatamente reconheci a voz de minha ex-sogra. Ou atual?

Carla: Tia Bia! — quase gritei — Nossa... Tudo bom? Que saudades!

Beatriz: Querida... Quanto tempo! Como vai? Também estou com saudades, mas a ligação é rápida! Arthur não está por perto está? — me confundi um pouco com a reviravolta que fez.

Carla: não, ele acabou de descer para levar umas pastas — expliquei — Mas o que houve?

Beatriz: Então... Liguei para avisar que hoje a noite vai ter uma festinha para comemorar o aniversário do Arthur aqui no apartamento dele. Claro que eu gostaria muito que você fosse com Maria Clara! Tenho certeza que se as duas não estiverem de nada valerá o meu esforço de fazer uma pequena festa... Além disso, estamos com muitas saudades de você! Não é certo parar de aparecer por aqui meu amor.

Carla: Festa? — sussurrei — Mas ele disse que não vai ter nada...

Beatriz: É surpresa. Ele não tem ideia!

Carla: Oh... — fiquei confusa.

Beatriz: Por favor, diga que virá!

Vou ou não vou?

Sai da empresa percebendo que Arthur estava um pouco triste por passar o aniversário sozinho, por isso a dúvida. Ele não iria ficar sozinho, mas sem Maria Clara e até mesmo a mim não seria a mesma coisa. Hesitei... Cheguei em casa com a fome maior que o mundo e assim que abri a porta Maria Clara veio igual a um vulcão em cima de mim saltitando para contar detalhes da noite de aniversário que passou com seu querido papai.

Maria Clara: Foi muito legal! Quando deu meia-noite a gente comeu cupcake e coloquei uma velinha em cima do bolinho do papai. Ele assoprou e fez um pedido. Quer saber qual o pedido? — olhei em sua direção; sentadinha na beira da minha cama com as perninhas balançando no ar, estava muito empolgada me narrando os fatos.

Carla: Qual pedido? — dei mais um mordida em minha maçã enquanto olhava minhas roupas no closet. Apenas de toalha após sair do banho, a dúvida ainda me perseguia.

Maria Clara: Para que acontecesse alguma coisa para unir vocês dois de novo — Me virei em sua direção um tanto confusa.

Carla: Ele pediu isso mesmo? — estreitei o olhar.

Maria Clara: Aham! Disse em voz alta, eu ouvi — sorriu.

Imediatamente visualizei o resultado do teste de gravidez. O que poderia nos unir mais do que uma nova gravidez? Nada! Agora, mesmo se quisesse, minha vida tinha um segundo e mais forte nó atado a de Arthur, impossível de ser desfeito. Mesmo assim, mesmo se nada nos unisse, o amor que sinto por ele é gigante e indestrutível. Suspirei.

Carla: Quer ir a uma festa? — falei para ela que estreitou os olhinhos verdes e cruzou os bracinhos confusa.

Maria Clara: Festa de quem?

Carla: Quem faz aniversário hoje? — brinquei com a voz irônica. Ela abriu os lábios de surpresa e sorriu pulando da cama toda contente.

Maria Clara: Sério? Vai ter festa para o papai? Aonde?

O interesse dela já significava a obrigação de ir. Era o certo não era? Maria Clara é filha dele e deveria estar em seu aniversário. O mesmo se aplicava ao bebê que estava dentro de mim.

Carla: Na casa dele. É surpresa, sua avó quem organizou... — me voltei para o closet escolhendo a roupa — Quer ir ou não?

Maria Clara: Mas é claro que sim!

Carla: Então você tem quinze minutos para a Graça te deixar mais linda ainda — Ela saiu do quarto com pressa — E nada de roupa de calor. Está frio mocinha! — relembrei gritando.

Maria Clara: Ok! — gritou de seu quarto — Posso colocar lilás?

Carla: O que você quiser... — puxei um vestido branco de babadinhos e um casaco longo e escuro — só vestido mesmo para disfarçar esse peso todo... — cantarolei comigo mesma — De volta aos tempos de depressão e pronta para matar.

Vesti-me com a roupa colocando um salto fechado. Maquiei-me mais do que de costume, usei os perfumes mais caros... Apesar de sempre me arrumar, somente fazia isso com gosto quando Arthur ia me ver. Seria uma grande surpresa minha presença em seu aniversário, mas com certeza não um erro. O que eu mais desejava era estar perto dele nessa data especial. Mesmo querendo cortar um pouco dessa ligação entre nossos corações, era impossível. Principalmente depois da nossa loucura de hoje, foi uma tortura trabalhar com ele hoje. O amava cada vez mais e esse sentimento só tendia a crescer. Nessa noite eu queria estar lá.

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