Capítulo 112 :

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ARTHUR

De manhã, a caminho da Delux, o que se passava pela minha cabeça eram flashbacks de momentos da festa de ontem. Carla e eu não tivemos tempo de conversar muito, uma vez que fiquei apresentando-a para minha família toda. Contamos para muita gente sobre o novo bebê, algo que estava deixando minha mãe de cabelo em pé, tendo que explicar como iríamos ter um filho se não estávamos namorando. Ok, tirando o fato, dançamos juntos um pouco e consegui dar meu primeiro pedaço de bolo para Maria Clara, que ficou derretida com o gesto, mas dividiu o bolo com sua mãe.

Acompanhei as duas até o carro quando tiveram que ir embora. Maria Clara entrou primeiro, deixando que eu e Carla ficássemos a sós. Paramos frente a frente, ela me enrolou um pouco fazendo piadinhas, mas antes de entrar no carro me puxou pela blusa e colou os lábios nos meus de forma doce. Foi rápido, doce, suficiente para que ela corasse e entrasse no veículo mais vermelha que tudo. Gargalhando, acenei um tchau meio trêmulo para as duas. Maria Clara também ria e me mandou um beijo pela janela.

Assim, selamos a noite com chave de ouro, mas passei a encarar outro dilema. As coisas não poderiam ficar nessa de vai não vai. Tínhamos uma filha, um bebê a caminho... Confundir a mente de Maria Clara seria injusto, então a decisão teria que partir de um dos lados. Tomei a minha. Carla me amava e eu a amava. Sim, existiam problemas do passado, mas também estava aí o futuro. Um futuro promissor com muitas responsabilidades envolvendo nós dois. Precisávamos dar uma família para Maria Clara e para seu irmão ou irmã, pensar nos dois era essencial, por isso comprei um anel de prata simplório, simbolizando apenas o meu pedido honesto e cheio de amor. "Eu te amo e quero casar com você."

Cheguei a Delux disposto a oficializar o pedido. O máximo que ela poderia fazer era me dizer um grande NÃO. Valeria a pena em nome do amor, tentar qualquer coisa!
Passei por todos sem ao menos dizer bom dia, indo diretamente para a sala dela. Assim que entrei a vi sentada em sua mesa com a cara amarela e uma garrafa de água ao lado. Não estava escrevendo ou sequer digitando, apenas sentada como se pensasse. Olhou-me e sorriu fracamente.

Arthur: Bom dia... — falei colocando as coisas sobre minha mesa — Tudo bem com você?

Carla: Bom dia nada... — suspirou e tomou um gole de água — Desculpe, mas... Estou vomitando sua genética novamente.

Arthur: Ah poxa... — abaixei-me a sua frente — Posso te perdoar. Nossa, você não me parece nada bem... Quer ir a um hospital?

Carla: E o médico vai dizer o quê? — ironizou — Estou grávida, lembra? Isso é normal nos primeiros meses. — levou uma das mãos à cabeça.

Arthur: Então vá para casa, Carla. Não dá para trabalhar assim.

Carla: Nem pensar! Já saí de férias há duas semanas. Deixar a Delux mais um dia está fora de cogitação. Não desmerecendo seu trabalho, é claro, mas se eu for embora você também vai ficar preocupado e não trabalhará direito. É melhor ficar. Logo isso passa. — piscou e sorriu.

Arthur: Teimosa... Quero só ver.

Carla: Não sou teimosa!

Arthur: É claro que é!

Carla: Humm... — torceu os lábios — Na verdade, já vou faltar semana que vem.

Arthur: Por quê? — quase chorei com essa afirmação.

Carla: Acho que você também vai.

Arthur: Como assim?

Carla : Tem ultrassom do bebê. — corou um pouquinho.

Arthur: Ultrassom? Sério? Quando? — o sorrio em meu rosto fora incontrolável. Derreti-me.

Carla: Dia vinte oito, às dez e meia da manhã. Quer... Quero dizer... Você gostaria de ir? — gaguejou de forma meiga.

Arthur: Mas é claro que irei! — beijei sua mão — Poxa... Que incrível. Nunca passei por isso antes. Posso chorar?

Carla: Ah não! — gargalhou — Quem chora sou eu!

Arthur: Nós dois... Por favor.

Carla: Ok... Só porque é a primeira vez.

Com toda essa emoção, a história do pedido de casamento apenas ganhava mais força. Eu esperava sinceramente que ela dissesse sim.

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