ARTHUR
Carla não ligou. Maria Clara disse que ela estava cansada, por isso deveria ter dormido cedo, mas não acreditei. Ela não ligou porque não quis. Será que o beijo havia confundindo-a? Foi errado?
Esfreguei os olhos e sai do elevador, dando de cara com o pessoal da Delux reunido e segurando um bolo. Gustavo, Beto e Thaís usavam chapeuzinho de aniversário, outros estavam arremessando confetes em mim e com bexigas nas mãos. Antes que pudesse falar, começaram a me fazer pagar mico.
Cantaram parabéns. Tive vontade de voltar para o elevador de vergonha, mas eles me puxaram para o meio e aceitei as comemorações. Colocaram-me um chapeuzinho e me empurraram para frente do bolo. Cocei o queixo e corei de vergonha. Esse pessoal não tinha mesmo jeito! Procurei a Carla em meio à multidão, mas nada. Ela não havia chegado ou não queria comemorar com todos? Logo descobriria.
Thaís: Faça um desejo e apague as velinhas Arthur! — pediu sorrindo.
Cocei o cabelo e rodei os olhos, pensando no pedido. Foi fácil. Apaguei as velinhas com os números 2 e 8 pensando... Desejo que Carla volte para mim.
Abri os olhos. Como num clique o elevador se abriu e quem saiu de lá de dentro carregando uma caixa de presente cinza?Carla: Bom dia... — disse a todos, quando o departamento de moda inteiro se voltou para olhar para ela.
Carla tinha um sorrisinho no rosto e passou por todos nós sem dizer nada, indo até sua sala discretamente, sem querer atrapalhar nada. Segurei-me para não segui-la, sabendo que aquele presente que trazia era meu. Esperei apenas que meus colegas cortassem o bolo e, claro, guardei o primeiro pedaço para ela. Assim que pude, escapei de todos e fui para a sala levando o bolo e um copo de refrigerante com alguns docinhos. Ao entrar a vi parada em frente a sua mesa... Estava de pé, apoiada no móvel. Encontrava-se linda... Usava um vestido listrado de azul e branco, salto alto branco e cabelos soltos... Brilhava como o sol aos meus olhos. Sorri e me aproximei, carregando o bolo.
(Look da Carla)
Arthur: Trouxe o bolo para você — A vi me olhar e morder os lábios delicadamente — Está muito bom e deve comer. Ninguém pode recusar o primeiro pedaço... — quase impus o que falei a ela, esticando o bolo em sua direção.
Carla: Obrigada — murmurou aceitando o bolo. Colocou o refrigerante de lado e se esticou para pegar a caixa com a outra mão. Ficou me olhando durante uns segundos, hesitante, vi em seus olhos que não sabia o que fazer!
Arthur: É para mim? — perguntei de uma vez. Carla sorriu minimamente e assentiu corando. Estiquei a mão para receber e ela me entregou após longos segundos — Já posso abrir? — Ela estava agora cutucando o bolo de chocolate com o garfo, me ignorando um pouco.
Carla: Pode... — sua voz mal saia. Intriguei-me, pois estava nervosa.
Enquanto Carla comia o bolo calada, me espiando por baixo dos cílios, desfiz o laço branco da caixa e afastei os papeis enrolado com tanto enfeite. Vasculhei e a primeira coisa que encontrei foi uma folha e uma caixinha fechada. Paralisei quando peguei a caixinha. Era um sapato. Mas, definitivamente, aquele sapato não serviria em mim!
O sangue gelou em minhas veias. Fiquei estático, parado, sem se mover um milímetro! Descongelei ao notar que a marca era infantil, para bebês.
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...