O Secretário.

Capítulo 42 :

CARLA

Porque não conseguia me lembrar de algo que fosse melhor do que isso? Porque nem a melhor lembrança de minha mente, que foi sentir Maria Clara se mexendo dentro de mim pela primeira vez, podia se igualar a essa sensação?

Meu coração foi a mil e me deixei levar, porque no fundo era o que queria e sempre quis. O beijo dele era tão bom, tão doce e carinhoso. Sua mão em minhas costas era leve, delicada, me tocava com quase adoração. Não tive vontade de me afastar nunca! Desejei me pendurar nele e se ligar a Arthur de todas as maneiras possíveis, me tornando pelo menos um pouquinho do ser maravilhoso que ele era...

Toc toc...

Gil: Estou entrando minha Rainha!

Como na noite em que quase nos beijamos e Maria Clara acordou, nos empurramos no mesmo segundo em que ouvimos a voz. Gil entrou na sala sorridente e com algumas pastas; seu sorriso morreu quando nos viu parados lado a lado, ofegantes e nervosos.

Carla: Gilberto...?

Gil: Oh... — Ele olhou de mim para Arthur, de Arthur para mim. Mordeu os lábios — Me desculpem. Melanie disse que não era para incomodá-los, mas como era urgente... Aqui estão os modelos extras que me pediu, Rainha, retocados e tudo! — colocou sobre a mesa de Arthur.

Carla: Ah. Claro! Obrigada Gil... — em choque, estávamos ainda do mesmo jeito. Nem sei como pude proferir qualquer palavra! Parecia que ia desmaiar de tão entorpecida.

Gil: Bom... — tossiu de forma nervosa e nos olhos novamente — Desculpem por interromper de novo! Foi sem querer... Pelo menos eu bati! Vai saber né — e riu — Com licença... Boa sorte!

Assim que saiu e ficamos a sós novamente, me movi colocando a mão no peito e olhando para Arthur. Seus olhos se moveram até mim e estavam engraçadamente assustados. Piscou algumas vezes e suspirou.

Arthur: Pelo menos ele bateu...

Carla: Pelo menos. —  O silêncio dominou o ambiente e ficamos em uma situação constrangedora! Arthur suspirou, se moveu e me encarou.

Arthur: Quer falar sobre o que houve?

Carla: Não.

Arthur: Quer que eu peça desculpas, mesmo me sentindo feliz por ter feito?

Carla: Não. Quando um não quer, dois não fazem — ou seja, fez porque deixei seu... Lindo!

Arthur: E como ficamos? — neste momento, algo apitou e atraiu nossa atenção. Era o relógio da parede marcando o inicio do turno. Nove horas. Nos olhamos e Arthur suspirou adotando uma postura mais rígida e correta — Bom dia senhorita Diaz. O que temos para hoje?

Carla: Muitas coisas — notei que se iriamos conversar não iria ser no horário de trabalho.

ARTHUR

Gustavo: Com licença senhorita Diaz — um pouco surpreso, vi Gustavo parado na porta com metade do corpo para dentro — Posso roubar o Arthur dois segundos?

Carla: Claro que sim! Apenas não demore a devolver meu secretário hein? — e sorriu.

Ela sorriu para alguém que não fosse Maria Clara. Um gesto simples e rápido antes de voltar para o trabalho, mas o fez. Ergui-me da cadeira notando o quão assustado Gustavo estava com o ato.

Gustavo: Meu Deus! Acho que a poderosa vai me demitir... — assim que fechei a porta o ouvi falar — Você viu aquilo?

Arthur: Vi claro que vi! Mas ela não vai te demitir, fica tranquilo... Ontem mesmo me disse que o quadro de funcionários que tem está ótimo — dei de ombros e o vi suspirar aliviado. Bati em seu ombro levemente — E ai, aconteceu alguma coisa?

Gustavo: Pois é, sobre isso que quero falar... — começou coçando a cabeça — Ia te dizer no almoço, mas como não desceu pra comer...

Arthur: É, estou cheio de coisa para fazer — o que era uma verdade. Carla e eu estávamos trabalhando a todo o vapor para dar conta de terminar tudo antes que a temporada chegue e os modelos atrasem. Tudo estava em nossas mãos — Por isso nem desci, comi um lanche aqui mesmo.

Gustavo: Não, tudo bem, mas... — parecia perdido, sem saber o que falar — Não me leve a mal, cara, sei como é estranho ouvir o que vou te dizer, mas tem duas fofocas rolando sobre você com o pessoal. Nenhuma das duas é boa, e como Thaís faltou resolvi vir te avisar antes que chegue ao seu ouvido de forma errada.

Arthur: Ah não, tudo bem! — o tranquilizei — Pode ficar tranquilo porque não ligo pra isso — dei de ombros me apoiando na parede — O que é agora?

Gustavo: Acho que para essas vai ligar... E até ficar bravo — torceu os lábios.

Arthur: Acho que não...

Gustavo: Ok... Primeiro a Vih chegou falando que te beijou ontem e vocês dois, bom... Vocês dois estão tendo um lance — fez gestos com as mãos insinuando sexo.  Apenas com isso meu queixo já foi no chão. Ao perceber minha expressão pasma, Ele prosseguiu — E a outra, que talvez seja mais leve, é que Gilberto pegou você e a chefe na sala dando uns amassos!

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