O Secretário.

Capítulo 93 :

ARTHUR

Thaís: Ligação pra você! — assim que saí do elevador carregando minha pasta e meu terno, Thaís me chamou com as mãos um tanto nervosas, segurando o telefone — Corre!

Arthur: Quem é? — primeiramente pensei ser Carla. Não sei por que, mas lembrei dela assim que entrei. Talvez seja pelo fato dela sempre me esperar no elevador e dizer que estou gato  com aquela pasta e o terno nas costas.

Thaís: Marcelo Delux! — sussurrou praticamente tendo um treco. Empurrou-me o telefone e começou a roer a unha do dedão. Marcelo Delux. Claro que eu o conhecia, afinal. Apenas de nome, mas já presenciei ligações dele e de Carla por diversas vezes. Engoli a respiração e atendi.

Arthur: Aqui é Arthur Picoli. — Thaís me olhava apreensiva.

Marcelo: Bom dia senhor Picoli. Aqui é Marcelo Delux. Estou ligando apenas para lhe transmitir um recado e aproveitar a oportunidade, devo parabenizá-lo duplamente. Primeiro, pelo excelente desempenho que tem tido em minha empresa. Segundo, pela bela filha que tem. Maria Clara é mesmo uma menina maravilhosa...

Pasmo, tentei pensar em qual frase me chocou mais! Ótimo desempenho? Como ele sabia de Maria Clara? Deveria ter um dedo de Carla em meio a isso tudo.

Arthur: Fico lisonjeado senhor Delux. Muito obrigado... — me interrompeu.

Marcelo: Não deve agradecer, rapaz. — estava sendo modesto -– Vamos ao que interesse. Não tenho muito tempo. Ligo por Carla Diaz.

Arthur: Carla? —!praticamente gritei em nervosismo, imaginando mil coisas, mas me contive — Algo errado?

Marcelo: Estou ciente do momento que estão passando e, visando o bem estar de minha melhor e mais importante funcionária, lhe cedi férias fora de época. — aquilo fez meu queixo cair. Férias? — Carla Diaz vai para fora do país com a filha e pelas próximas semanas pediu que o senhor ficasse em seu lugar.

Arthur: O que? Como assim? Meu Deus... Não estou entendendo nada! -– praticamente gargalhei perdido —!Fora do país? Quando?

Marcelo: Não posso dar mais informações, meu caro. Porém, devo lhe assegurar que tanto você quanto ela necessitam de um tempo. Quem sabe, após isso tudo, as coisas não clareiam em sua mente? — fiquei em silêncio ainda baqueado pela situação — Bom... Recado dado. Agora preciso desligar. Tenha um bom dia, Arthur.

Arthur: Tenha um bom dia, senhor Delux. Obrigado por tudo. — Assim que desliguei o telefone Thaís estava me olhando em choque.

Thaís: Meu Deus! Você está no comando! — saltitou e joguei o telefone em sua mesa.

Arthur: Na próxima hora você está no comando. Preciso sair! — me virei sem pensar e entrei no elevador que se fechava. Eu precisava pelo menos tentar conversar com ela antes que saísse do país com nossa filha.

Dirigi por quarteirões, dando a volta na cidade... Mas em vão. O celular de Carla não atendia... Nem mesmo o de Maria Clara, que também tinha o seu. Deixei milhares de mensagens no e-mail, Instagram... Mas nada adiantou. Ninguém respondeu. O apartamento, do qual eu tinha uma cópia da chave, estava vazio. Sentei-me no sofá delas e respirei fundo mexendo em meu cabelo. Doía tanto estar longe delas... Doía saber que Carla pudesse estar triste ou magoada comigo. Estar longe de minha filha então... Era a pior coisa do mundo agora que o que menos desejava era essa distância.

Voltei para a Delux. Já que Carla me designou, não poderia estar errada e meu trabalho seria o mais impecável possível, o mais estilo Rainha de Gelo que pudesse alcançar. Esperei, ao menos, que Carla pudesse pensar em mim, em nosso amor, um só segundo.

CARLA

Por mais que quisesse, não conseguia para de pensar nele um só segundo. Maria Clara fez amizade com um garotinho durante o voo e, a cada gargalhada, comecei a notar o quanto o som de sua risada era idêntica a do pai dela. Cada vez que se agarrava ao meu braço, cada vez que piscava os olhos com sono... Comecei a lembrar das noites que passei em claro ao lado dele, acariciando aquele rosto, beijando seus lábios, tocando em seu cabelo... Momentos lindos e doces... Apenas nossos.