ARTHURPor alguns minutos pensei que pudesse esquecer tudo e apenas sentir... Mas não. Passamos grande parte da noite fazendo amor e, mesmo com o corpo tomado por sensações arrebatadoras, não consegui tirar da mente toda a história que nos envolvia. Vendo seus olhos fechados, as mãos espalmadas em meu peito, sentindo as pontas de seu cabelo loiro e longo roçarem meu peito suado enquanto se movimentava sobre meu quadril... Não pude parar de pensar que aquela mulher que tanto amo e admiro é a mãe da minha filha... Que havia grande parte de culpa minha em meio a seu sofrimento. Segurei-a pelo quadril e inverti nossas posições, colocando-a sobre o colchão docemente e retomando o controle.
Arthur: Olhe para mim — ordenei em uma voz que não parecia ser minha, carregada de rigidez e possessão.
Em seguida, a vi abrir os olhos lentamente, quase sonolenta, arrebatada por um prazer que jamais contemplei no rosto de outra antes. Apenas assim, olhando em seus olhos, pude me despedir da forma correta, tendo plena consciência que um momento como este entre nós poderia demorar ou nunca mais acontecer novamente.
Pelo que pensei ser a última vez, senti a mulher que amo estremecer em meus braços, gemer perdida em prazer, chamando o meu nome... Olhei seu rosto, admirei-a, mantendo meu ritmo. Perdi-me em seu corpo acolhedor, em seus olhos apaixonados... Afundei em pensamentos meramente ilusórios onde eu, Maria Clara e Carla éramos uma família feliz e completa. Até apagar também, caindo aos poucos na realidade.
Ao meu lado, Carla cantarolava uma música qualquer com os olhos fixos no teto. Estava nua, as mãos pousadas delicadamente sobre a barriga e o cabelo espalhado no travesseiro. Era impossível parar de olhá-la, de contemplar a forma como sorria feliz e completa. Levemente levou uma das mãos até a minha e entrelaçou nossos dedos.
Carla: Cada vez me surpreendo mais com sua capacidade de me satisfazer — quase sorri tocando sua mão pequena com a minha que parecia ser mil vezes maior — Penso que vou perder a cabeça com... Tudo o que fazemos — corou e sorriu brevemente.
Arthur: Você fica linda perdendo a cabeça — murmurei olhando também para o teto — Mal consigo desviar a atenção.
Carla: Então fica olhando para mim na hora...? Oh Deus! — com a outra mão cobriu os lábios e sorriu envergonhada.
Arthur: Para o que mais eu deveria olhar? — me virei em sua direção sutilmente — Tenho uma mulher tão linda... Tão doce... Tão quente.
Carla: Acho que está me confundindo — ironizou.
Arthur: Não estou — garanti.
Carla: Quer falar sobre outra coisa? Esse negócio de falar de sexo após o sexo é estranho... Vamos acabar fazendo de novo e... — achei que era a deixa perfeita para tocar no assunto que queria.
Arthur: Ok. Vamos falar do pai biológico da Maria Clara. O que sente por ele? — fui direto, curto e grosso! Não temi a reação, uma vez que dali a horas Carla saberia toda a verdade. Assim que a festinha de Maria Clara acabasse eu contaria tudo a elas.
Carla: Como assim, eu... ? — meio confusa, procurou as palavras — Nem o conheci. Não sinto... Sei lá! — deu de ombros brevemente — Por que quer falar disso?
Arthur: Tudo bem que não o conheceu, mas... Como assim não sente nada? Ele deve te despertar algo quando pensa na pessoa dele, certo? — insisti — Ou... Nunca pensou nele?
Carla: Claro que pensei — aquilo derrotou tudo ou qualquer esperança de que fosse me perdoar — Já pensei muito mais, porém, depois que te conheci praticamente esqueci sua existência — garantiu com um sorrisinho bobo — Mas... Não tenho ódio por ele... Muito menos amor.
Arthur: Então tem o quê?
Carla: Indiferença. Frustração. Desilusão. Decepção — cada palavra pontuada soava como uma facada em meu coração. Profunda e dolorosamente fixa — Nunca mágoa, nem algo assim... Mas me sinto mal. Talvez seja porque tudo foi com ela. Recusar-me tudo bem, mas a ela... Não posso tolerar. Nunca pude... Mesmo que esteja no direito dele — o silêncio foi enorme, quase intolerável — Por que... Quer saber disso?
Sem resposta, a puxei para mais perto e beijei seu cabelo levemente, quase dolorosamente.
Arthur: Amanhã será um longo dia, não é? — assentiu — Espero que Maria Clara aproveite.
Carla: Ela vai aproveitar... Mas, voltando ao assunto, me sinto feliz por você estar aqui. Agora Maria Clara tem uma referência masculina e isso me faz feliz — pelo modo como falou me pareceu aliviada, tranquila — Entende?
Arthur: Sim... Também estou feliz por nós.
Não demorou muito até que pegasse no sono. Fiquei lá, a noite toda, aproveitando a sensação de ter minha mulher tão próxima, tão minha, nem que fosse pela última vez.
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...