Capítulo 30

1.2K 99 36
                                    

ARTHUR

Preparei-me psicologicamente para a manhã de segunda-feira mais do que para qualquer coisa em minha vida. Porque sabia que tinha feito porcaria; sabia que havia pegado pesado com ela, mas como explicar a Rainha de Gelo? Que fora tudo, não poder agarrá-la, beijá-la e consolá-la? Aquilo estava me matando; a proximidade, a intimidade que estávamos criando, mas apesar disso, não podíamos passar da amizade entre duas pessoas ligadas por uma criança. E ela chorou. Cara, ela chorou! Por algo que não estava relacionado à Maria Clara. Por minha opinião. Me fez sentir o pior lixo do mundo... E com certeza hoje seria um inferno na terra para mim.

Começou logo quando cheguei. Estavam todos reunidos no escritório quando o elevador se abriu; prendi a respiração ao ouvir gritos. Soltei e comecei a andar. Carla estava na frente e quase todo mundo parado amontoado a frente dela, pareciam cachorrinhos que levaram uma surra.

Carla: Em todos esses anos que estou no ramo de moda nunca vi um trabalho mais mal feito do que este! — dizia em alto e bom som — E o pior é que tenho a melhor equipe... Imaginem a pior? — suspirou e me olhou. Assim que me viu chegando, atirou uma pilha de papel na minha direção. Eles caíram na mesa e fizeram eco de tão grande e pesado — Estava te esperando.

Arthur: Bom dia senhorita Diaz — respondi tirando as mãos do bolso, postando-as nas costas — Em que posso ajuda-la? — Perguntei.

Os olhares de todos os meus colegas estavam sobre mim; porém o que mais pesava era o dela. Frio, calculista, objetivo, devastador. Típico da Rainha da Delux, não daquela Carla linda e fascinante do domingo.

Carla : Fazendo seu serviço de forma correta já ajuda — ironizou.

Arthur: O que fiz de errado?

Carla: Passou as instruções totalmente erradas para os seus colegas; eles mandaram as fotos erradas para o marketing! — acusou.

Arthur: Não, eu mandei as corretas. As que a senhorita me pediu que mandasse — afirmei totalmente convicto. Ainda havia perguntado três vezes sobre as fotos e ela me xingou.

Carla: Não, não mandou! — rebateu e veio andando em minha direção — Porque mudei de fotos, se é que não percebeu... — apontou a pilha de papel.

Arthur: Mas... — resolvi ficar calado, pois estava escrito na testa dela que isso era tudo armação para me deixar mal.

Carla: Por culpa do nosso querido Arthur, quero todo o trabalho com as fotos pronto e nas mãos do pessoal de marketing até a meia noite de hoje! — falou com uma leve ironia — E quem não conseguir... Nem precisa voltar amanhã.

Um alvoroço se fez; em segundos todos sumiram da nossa frente, ficamos apenas eu e ela, que sorriu levemente para mim e andou de volta a sala rebolando mais do que tudo.

Comentem

O Secretário. Onde histórias criam vida. Descubra agora