Capítulo 121 :

1.3K 113 63
                                    

CARLA

Abri os olhos com a sensação de minha mão sendo erguida levemente. Pisquei várias vezes e foquei em Arthur deitado ao meu lado, aquecendo meu corpo enquanto deslizava uma aliança de prata por meu dedo anelar. Após fazer isso beijou delicadamente sobre o anel e olhou em meus olhos.

Arthur: Bom dia! — falou com a voz carregada de felicidade. Notei que ainda estava nublado e chovia lá fora. Seu quarto estava todo revirado, nossas roupas jogadas por todo lado, almofadas no chão, livros caídos... Mas estávamos juntos sobre a cama e muito felizes. Tudo parecia completo!

Carla: Bom dia... O que significa isso? — toquei meu dedo brevemente e gargalhei. Parecia que meus ossos eram gelatinas e todo o resto de meu corpo estava fragmentado, flutuando nas nuvens.

Arthur: Ontem... Disse que eu poderia colocar o anel em seu dedo — gaguejou um tanto inseguro — Lembra?

Carla: Claro — me inclinei e o beijei longamente, não desejando me separar de seus lábios — Adorei a noite. Foi... Incrível. O anel também. Obrigada.

Arthur: Obrigado? — ele me olhava como se meu rosto fosse a coisa mais perfeita que existia — Sou eu quem deve dizer isso, querida.

Carla: Creio que já esteja na hora de trabalhar — torci os lábios — Minha vontade era ficar aqui com você o dia todo — nós sorrimos uma para o outro e me levantei da cama.

Arthur: E não podemos matar o trabalho hoje? — Ele permaneceu deitado com aquela carinha de dó. Comecei a pegar meu pijama antes molhado, agora seco, do chão e me vestir — Heim?

Carla: Lógico que não! — recriminei brincando — Temos muito a fazer! Além disso, vamos ficar juntos. Apenas vou passar em casa para tomar um banho. Não dá pra trabalhar de pijama! — Ao me ouvir mencionar, minha casa se levantou também.

Arthur: Vou com você. Assim contamos as duas novidades a Maria Clara.

ARTHUR

O plano parecia bom... Mas o ônibus escolar já havia passado e pego Maria Clara. Tarde demais para contar as novidades! Carla pediu à babá que assim que Maria Clara voltasse a levasse até a Empresa, pois precisávamos tratar de alguns assuntos com ela.

Arthur: Sabe o que andei pensando? — me sentei à sua frente dado momento do expediente. Carla ergueu os olhos da folha que lia um tanto apreensiva, surpresa com minha fala repentina já que estávamos dispersos.

Carla: O que? Não quer mais casar comigo? — disse com uma expressão um tanto confusa.

Arthur: Não seja boba! — A repreendi pegando em uma de suas mãos — Que devemos casar logo. Antes de o bebê nascer. Talvez... Será que conseguimos arrumar uma casa e tudo em dois meses? — estreitei o olhar em sua direção e vi um sorriso nascendo em seus lábios. Apertou minha mão na sua com cuidado.

Carla: Arthur... Calma! É um trabalho e tanto... Primeiro vamos vender nossas coisas, ver com o que vamos ficar, o que vamos nos desfazer... Depois temos que comprar uma casa maior. Não podemos ficar em um de nossos apartamentos, precisamos de um espaço maior por causa das crianças — o jeito como me explicava cada detalhe parecia deixar minha mente mais consciente do que estava por vir. Soava fácil em sua boca — Concorda?

Arthur: Mais é claro! Temos que planejar tudo... — cocei a cabeça brevemente — Mas acho que será fácil vender meu apartamento. O seu também! Posso ligar na imobiliária e agendar umas visitas.

Carla: Ótimo! — Ela assentiu prestando totalmente atenção em mim — Aí já aproveitamos e damos uma olhada em algumas casas. Precisamos ver algum bairro bom que tenha escolas por perto.

Arthur: claro. Maria Clara tem que opinar também. Já pensou se compramos uma casa que ela não goste? Acho que nos mata! — Carla sorriu lindamente.

Carla: Pelo jeito você não estava brincando... — comentou olhando para nossas mãos unidas — Vamos mesmo nos casar — demorou um pouco para me olhar nos olhos.

Arthur: Mais é claro! O quanto antes! Aliás, sou muito tradicional. Penso em um casamento formal, com tudo o que se tem direito, entende? Festa, vestido de noite, igreja e etc. O que acha? — Carla torceu os lábios ajeitando o cabelo solto com uma mão livre.

Carla: Também gosto da ideia, mas... Não sei se quero — deu de ombros — Sabe... Vou casar grávida. Além de estar quebrando a tradição, vou estar gorda pra caramba, com um barrigão enorme. Se brincar nem entro em um vestido! — comecei a rir de sua explicação — O que foi?

Arthur: Não seja tão provinciana! Ninguém se casa intocada hoje em dia querida. Além do mais, daqui a dois meses a barriga não vai estar tão grande assim. Exagerada...

Carla: Não vai? Espere e verá! Daqui a duas semanas já vai aparecer. Sou magra, a barriga aponta rápido — ficou pensativa e até largou minha mão — Falando nisso... Vou estressar nessa empresa.

Arthur: Por que diz isso? — me inclinei em sua direção ao notar sua preocupação.

Carla: Já pensou o que vai acontecer quando esse povo descobrir que estou grávida e você é o Pai ? Que vamos nos casar? — dizia séria — Pensou?

Arthur: Pra falar a verdade não. O que isso importa? — dei de ombros — A vida é nossa, o casamento é nosso, o filho é nosso...

Carla: Se perdemos o emprego como faz para bancar os filhos, o casamento... A nossa vida?

Arthur: Desde quando dinheiro é problema? — me olhou com cara de tédio e revirou os olhos.

Carla: Ok espertinho... Dinheiro não é problema, mas... Gosto da Delux.

Arthur: Acha que Marcelo vai nos demitir porque você está grávida? — soou ridículo. Nada me respondeu — Demitiria uma funcionária por estar grávida?

Carla: Claro que não! E nem posso, mas se ela fosse se casar com um dos funcionários do departamento e estivesse grávida sim. Um dos dois ia vazar. Já pensou quando brigarem? Isso iria virar um caos! A vida pessoal sempre se mistura com a profissional neste caso, poderia prejudicar a Empresa — não estava feliz enquanto argumentava.

Arthur: É melhor não pensar nisso. Não vamos estragar nosso momento de felicidade com meros detalhes, deixa as coisas acontecerem, está bem? — me levantei e dei a volta em sua mesa para beijar seu rosto. Carla ficou de pé e me abraçou com força, como se pudesse se esconder entre meus braços.

Carla: Não quero estragar nada. Só quero dividir o que penso com você. Para, se acontecer, não ser uma surpresa — suspirou e me olhou de baixo quase chorosa — Não quero que aconteça. Não quero parar de trabalhar com você. É muito bom ficar contigo aqui.

Arthur: Não chore sobre o leite derramado, amor. Tudo vai ficar bem. Vamos ficar juntos de qualquer jeito — Carla sorriu um pouco e assentiu. Beijei sua testa e em seguida ela se inclinou para mim, colando os lábios nos meus. Foi em uma fração de segundos para que abrissem a porta da sala.

Maria Clar: Mamãe, papai? Ishhh! Vocês estão se beijando? — quando olhamos vimos à pequena parada na porta da sala usando um vestido verde claro, sandálias e o cabelo preso. Tinha as mãos sobre os lábios de forma surpresa.

Comentem

O Secretário. Onde histórias criam vida. Descubra agora