Capítulo 12 :

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Deslizei os dedos levemente pelas cordas do violão, sentado na sala com a TV desligada e uma latinha de cerveja aberta do lado. O vento que entrava pela janela acariciava minha pele desnuda pela falta de camisa, e tudo o que minha mente se limitava a pensar era sobre o que Maria Clara havia me contado.

A garota nunca havia conhecido o pai. Nunca viu sequer uma fotografia dele, uma carta, algo que evidenciasse sua existência. O cara que engravidou a Carla aos vinte e dois anos nunca mandou um presente de natal, um cartão de aniversário ou sequer um beijo para a filha. Como poderia existir alguém assim? Principalmente com a Maria Clara, que era uma garotinha tão encantadora?

Por outro lado, Maria Clara amava demais a mãe. Pelos minutos que conversamos, havia ficado evidente o quanto as duas eram próximas. O modo como falava da mãe deixava claro que a pequena reconhecia todo o esforço que Carla faz sozinha para cria-la. Segundo ela, ao descobrir que estava grávida, Carla recebeu todo o apoio da mãe, mas o pai não aceitou muito bem a noticia e deu até o final da gravidez para que saísse de sua casa com a criança e fosse morar na casa do pai do bebê. Pela falta do individuo que se denominava pai do bebê, sozinha, Carla lutou até conseguir se formar e dar uma vida digna para a filha. Mas... Porque tudo isso?

Qual seria realmente a história por trás da Rainha da Delux? Porque aquela mulher de postura arrogante me intrigava tanto? Qual seria o laço que nos manteria unidos dessa forma? O telefone tocou. Me estiquei pra atender.

Xxx: E ai cara... De boa?

Arthu: Quem é? — tomei um gole de cerveja sem reconhecer a voz do outro lado.

Xxx: Aqui é o Gustavo . Trabalho na Delux contigo — me lembrei de imediato da figura em questão. Era o cara que ficava atrás de Melanie e Emily, que babava por um rabo de saia e todo mundo fazia piadinha com esse fato. Mas conhecido como gozado.

Arthur: Ah, e ai? — cumprimentei.

Gustavo: Tudo beleza. Peguei seu telefone com a Thaís. Sem problemas, certo?

Arthur: Se não for me chamar pra um jantar romântico, tudo certo —ironizei e ele riu — O que manda?

Gustavo: Bom, é um convite, mas não pra um jantar romântico, não se preocupe! É pra uma festa.

Arthur: Festa? Sua festa? — achei estranho aquele cara me chamando pra uma festa. Como assim? Agente nem se conhecia direito, trabalhamos juntos por um dia só e ele já vinha me chamando pra festa? Ou era muito bacana, ou havia algo podre no reino na Dinamarca.

Gustavo: Não... Calma, eu explico! — pigarreou — Toda ultima sexta feira do mês os funcionários do departamento de moda se reúnem para ir numa boate, num restaurante... Só pra descontrair. O pessoal são gente boa. E bom, como você teve a sorte de entrar pra Empresa bem na semana da festa, resolvemos te chamar também, já que é parte chave do departamento. O secretário da Rainha não pode faltar, afinal!

Arthur: Nossa! Legal que vocês se reúnam e tudo — comecei a entender.

Gustavo: Sim, é muito bom. Todos ali já têm raiva demais da poderosa pra poder se preocupar com mais alguém — nós rimos — E então? Você vem? As garotas estão super empolgadas com a sua possível presença...

Arthu: Possível não. Confirmada. Pode dizer que vou estar lá.

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