Capítulo 25 :

1.4K 119 77
                                    


Beatriz: Como assim o senhorito vai almoçar fora amanhã?
Ela estava na beira do fogão mexendo a panela e eu lavando alguns pratos na pia. Gargalhei com sua pergunta após a informação que dei a alguns segundos.

Arthur: Vou almoçar com a Maria Clara e a... Carla.

Beatriz: Carla? Maria Clara? — Ela usou um tom diferente quando falei, me olhando de cantinho de olho enquanto checava o sabor do molho — E posso saber quem são?

Arthur: Lembra mãe... A minha chefe. Eu te falei dela - continuei a lavar a louça sem desviar os olhos, mas soube que ela estava de olho em mim.

Beatriz: A é? — gargalhou — A sua chefe?

Xxx: A megera gostosa? — assim que olhei para trás, vi minhas irmãs, a mais velha e a mais nova que eu, entrando na cozinha. Revirei os olhos e continuei lavando a louça ignorando a pergunta de Thaís — O que tem ela?

Arthur: Nada que seja da sua conta.

Beatriz: Arthur vai almoçar com ela amanhã. E com uma tal de Maria Clara — ouvi as duas zoando.

Xxx: Almoçar? Não era você que não podia ouvir o nome da sua chefona? — me virei e joguei um pano na direção de Daniela a minha irmã mais nova. Ela agarrou no ar e se aproximou para secar a louça.

Arthur: Era... — pigarreei esfregando uma panela — Mas sou um grande amigo da filha dela, a Maria Clara.

Thaís: Ela tem uma filha? — ela estava guardando a louça que Daniela secava e colocava sobre a mesa da cozinha.

Beatriz: Ela é casada filho? — pareceu interessada.

Arthur: Não mãe, Carla é mãe solteira — respondi automaticamente.

Daniela: Uhm — brincou — Estou sentindo que aí tem coisa...

Thaís: Não é a única... — quando terminei de lavar tudo me virei para as duas que me encaravam. Quase tive um acesso de gargalhada.

Arthur: O que há de errado? Você também é mãe solteira Thaís, e nem por isso sai por aí ficando com qualquer cara! Sou só o melhor amigo da filha dela... O que tem demais?

Thaís: Fui abandonada por aquele idiota, isso é diferente! E o meu filho não tem um melhor amigo vinte anos mais velho que ele... Eu nunca iria deixar!

Daniela: Qual é maninho... É natural. Você está com 27 anos na cara! Tem que arrumar um rabo de saia...

Beatriz: Dani, para de encher o saco do seu irmão! Thaís vai ver o Pedrinho, ele estava brincando perto do jardim... — as duas continuaram zoando comigo e com minha paixão.

Arthur: Deixa que eu vejo o Pedro. É melhor lidar com um garoto de três anos do que com essas duas bestas — saí da cozinha e andei até o jardim.

Meu sobrinho estava sentadinho embaixo da árvore que fazia sombra, brincando com um carrinho a frente dele. Cheguei e me sentei ao seu lado.

Pedro: Oi titio — disse sem me olhar. Fiquei surpreso por saber que era eu ali.

Arthur: E aí xafadin..

Pedro: Elas mandaram você vir me ver?

Arthur: Sim — assumi — Está de boa?

Pedro: Se tivesse alguém pra brincar estaria melhor — sorriu para mim persuasivamente — Quer brincar de carrinho comigo?

Arthur: Não — seu sorriso se desfez — Sou velho pra isso... — dei um tapinha em seu ombro — Mas eu posso jogar vídeo game. O que acha?

Pedro: SIM! — ficou de pé na hora todo contente, pulando no lugar — Vamos, vamos, vamos, vamos! Quero jogar Crash!

Arthur: Ok... — enquanto caminhávamos para dentro, ele me surpreendeu com outra pergunta.

Pedro: Por que você não tem um filho? Assim terei alguém pra brincar...

Arthur: Bom, um filho não sei... Mas eu posso trazer alguém pra brincar um dia.

Pedro: Quem? — Ele me olhou confuso.

Arthur: o nome dela é Maria Clara.

Domingo de manhã.
Nove horas, para ser mais exato.

Nunca acordei tão cedo nesse dia da semana! Sai da cama tropeçando em tudo, usando apenas cueca. Fui para o  banheiro, lavei o rosto e resolvi tomar um banho. Fiz a barba, arrumei o cabelo, peguei a roupa mais casual que tinha. Camisa xadrez vermelha e preta, uma camisetinha também preta. Jeans e tênis. Coloquei óculos escuros, passei o melhor perfume que tinha e comi um pedaço de bolo que minha mãe mandou.

Sentei-me na sala, liguei a TV e passava o noticiário. Peguei o celular, fiquei vendo as fotos que tirei do Pedrinho para mostrar a Maria Clara, ansioso para que onze e meia chegasse logo. Não pude esperar. Sai de casa dez e cinquenta.

Passei no posto, abasteci, comprei uma água porque estava muito quente. O dia estava lindo, o céu bem azul, as pessoas bem humoradas. Parei no shopping, porque me ocorreu que chegar de mãos abanando seria algo meio sem educação. Comprei um urso enorme para a Maria Clara e isso foi o mais fácil. Sai andando no shopping inteiro em busca de algo que pudesse dar para Carla e nada... Liguei para minha irmã.

Arthur: O que posso dar a uma mulher que já tem tudo? — questionei em frente a uma loja de doces.

Thaís: Amor e muito sexo — respondeu rindo.

Arthur: Thaís... — repreendi.

Thaís: Que pergunta idiota heim? Tem uma coisa que toda mulher gosta de ganhar...

Arthur: O que?

Comentem

O Secretário. Onde histórias criam vida. Descubra agora