Capítulo 129 :

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Carlos: Olá querida. Você está muito bonita — aproximou-se e me deixou estática!

Mesmo tendo entregado os convites para meus pais, nunca pensei que ambos estariam presentes em meu casamento com Arthur. Era uma grande surpresa, uma vez que desde que Maria Clara nasceu não faziam a mínima questão de mim.

Carla: Caramba pai... Estou surpresa, quero dizer...

Como explicar a ele que convidei Gil para entrar no casamento comigo? Como dizer que jamais contei com sua presença ilustre? Ísis, de repente, se acalmou dentro de mim, talvez notando toda minha tensão. Pigarreei.

Carlos: Ainda está em tempo de ir com você para o altar? — tocou meu ombro amigavelmente.

Carla: Não sei...

Ao ver seu sorriso, uma vontade louca de gritar "como assim você só quer ficar ao meu lado nos momentos bons?" veio à minha mente. Porém, como se fosse acionada por uma alavanca, a memória de Arthur me dizendo que Maria Clara havia perdoado-o por ter sido ausente surgiu como um borrão. Maria Clara, minha filhinha de sete anos que no auge de sua inocência havia perdoado um homem que nem sequer conheceu e que, na lógica, não merecia um pingo de sua compaixão, em nome do amor... E quem era eu, uma simples súdita de toda a ternura nos olhos daquele ser compreensivelmente maravilhoso que criei com Arthur, para cogitar passar por cima de sua ligação de anjo e autoridade de criança e não perdoar meu pai também?

Carlos: ...O que me diz? — brizei perante suas palavras. Ele disse muito, eu ouvira pouco... Mas a resposta estava na ponta da minha língua — Será que, depois de tudo, pode me perdoar por ter te deixado num momento tão difícil?

Carla: Sim, perdoo o senhor pai. Sem ressentimentos — assenti firme, compreendendo que se a decisão dele tivesse sido distinta, talvez eu não tivesse crescido tanto como pessoa, mãe e mulher. Se meu pai tivesse me ajudado, me bancado, passado a mão em minha cabeça, o dia de hoje, com certeza, não estaria se tornando realidade.

E então era a hora. Minha barriga saltava, e nada tinha haver com o bebê que eu carregava. Eu estava ansiosa, nervosa, mas, por fim, calma e relaxada. Como seria isso? Eu não sabia bem, mas era como era. Eu acho que sentia tudo o que uma noiva sentia em seu casamento, mas eu tinha uma certeza tão absoluta do amor de Arthur por mim, por nossas filhas, que nenhum medo vinha. Diferente de muitos atrás.  Nenhum medo de que ele se arrependesse. Nenhum medo de que o casamento não desse certo Nenhum medo de que Arthur não fosse o homem certo. Nada. Eu só tinha a certeza comigo. A certeza de que, o que eu estava prestes a fazer seria uma das melhores coisas da minha vida.

Carla: Vamos? — Digo ao meu pai.

Quando chegamos ao tapete branco gigante, que ia desde o altar até o fim das fileiras de cadeiras e além mais, eu me mantenho um pouco afastada para que Maria Clara pudesse tomar a frente. Os acordes da marcha nupcial soam por toda a igreja. Maria Clara caminham de forma tímida, junto a Pedro que de forma nada tímida a segura pelas mãos e praticamente a arrasta todo caminho até Arthur. Eu sorrio com a cena e uma lágrima me escapa quando a emoção de saber que essa era a minha família, me bate. Arthur sorri adoravelmente para nossa filha, como se não existisse mais nada no mundo.

Mas então é a minha hora. E quando eu começo a caminhar pelo tapete branco com meu pai segurando meu braço, Arthur olha em meus olhos, como se só existisse nós dois no local. Eu não sabia como seria nossa vida até o fim.
Não sabia quantos filhos mais teríamos, ou se pararíamos nas duas. Mas de uma coisa eu tinha certeza, de alguma forma eu tinha encontrado meu príncipe. Meu companheiro de alma. E por mais que talvez a vida não fosse somente flores e contos de fadas daqui pra frente, eu sabia que tinha encontrado o meu felizes para sempre.

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