Capítulo 63 :

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CARLA

Arthur: Psiu, moça bonita... Estou procurando uma tal de Carla Diaz. Conhece?

Absorta, olhei para o lado e lá estava Arthur dentro de seu carrão branco. Usava óculos escuros e uma camisa preta. Sorria lindamente, a expressão boba. Desci as escadinhas da portaria do prédio e me aproximei do carro dele, sentindo ainda mais o calor que fazia naquela noite de domingo.

Carla: Carla Diaz? Acho que não... Por quê? — parei perto de sua janela e sorri, cruzando os braços.

Arthur: Porque ela é a coisinha de um metro e cinquenta e três mais linda que eu já vi na minha vida. Temos um encontro hoje... É importante pra mim... Quero casar com ela — deu de ombros e ficou me olhando.

Carla: Ah é? — entrando em sua brincadeira, olhei em volta — Será que ela quer se casar com o senhor? Talvez sim, porque marcou oito horas e são sete e cinquenta e cinco. Está ansioso? — gargalhou e acenou em direção ao carro.

Arthur: Entra no carro... — sugeriu impaciente. Comecei a dar a volta até chegar à porta do passageiro. Arthur me acompanhou todo o momento com o olhar. Ergueu os óculos e piscou — Pronta?

Carla: Para o que exatamente? — me acomodei ao seu lado sentindo-me estranha.

Algo me dizia que essa nossa saída iria representar a nova fase, o novo momento mais doce de minha vida. Queríamos a mesma coisa... Ser um do outro. Coloquei o cinto de segurança e me ajeitei no banco.

Arthur: Para passarmos uma noite inesquecível juntos — seu tom era convencido, tanto que gargalhei — Como Maria Clara está?

Carla: Bem. A babá veio ficar com ela. Vai custar o dobro porque é domingo, mas não importa — dei de ombros enquanto ele dirigia — A noite inesquecível vai compensar, creio eu — nós rimos novamente. Logo percebi que Arthur falava sério quando disse sobre dirigir até a praia. O caminho que fazia era mesmo o que levava a estrada.

Arthur: Depende do ponto de vista... Se não compensar pago metade da babá.

Carla: Deveria mesmo... — cruzei os braços e ele se divertiu — O que foi? — questionei ao ver sua expressão diferente, quase confusa.

Arthur: Será que nunca vamos deixar de ficar provocando um ao outro? De brigar por idiotice, ficar se cutucando... — sorri também e olhei pela janela.

Carla: Acho que foi você quem disse que isso apimenta a relação...

[...]

As tardes de domingo eram sempre as mesmas. Porém, o mesmo não poderia ser dito em relação à noite. Arthur nos levou para Angra. A praia onde ele me levou estava praticamente deserta, apenas alguns casais andavam juntos à beira mar e outros se beijavam na areia... Um cenário perfeito com aquela lua maravilhosa no céu e um vento quente atingindo nossos corpos. As horas  que viajamos de carro compensou, era exatamente como imaginei.

Carla: Sério,pensei que estava zoando. Até o último minuto pensei que fosse mentira — assumi quando paramos lado a lado em frente ao carro, os olhos fixos no mar.

Arthur: Porque pensou que fosse mentir? O melhor da vida é quebrar as regras. Se minha patroa disse que posso chegar atrasado, é sinal de que posso viver um pouco além daquilo que estou acostumado — sorri de canto e senti a mão dele tocando a minha brevemente, entrelaçando nossos dedos.

Aquele era o cenário perfeito para se viver um romance, para se ligar a uma pessoa porque de fato a ama. Tentei encontrar alguma imperfeição além de mim mesma, além de meus sentimentos complexos e de meus medos... Nada. Por este motivo decidi me abrir com Arthur, lhe dizer tudo sobre mim... Ou quase tudo.

Carla: Cadê o champanhe? — questionei me virando em sua direção, me pondo a frente dele, roubando totalmente sua atenção anteriormente voltada para a lua — Pensei que iríamos beber até cair... — sorrimos e entrelaçamos as duas mãos.

Arthur: Vamos guardar o champanhe para mais tarde? — piscou e me trouxe para per perto, mantendo as duas mãos em meus quadris de forma possessiva e engraçada, pois o jeito como me encarava era como se fosse ser afastado a qualquer segundo — Primeiro quero ouvir de você o que tem para me dizer... — assenti aceitando sua vontade e me aproximando ainda mais.

Carla: Vamos dar uma volta na praia então? — sugeri tocando seu rosto brevemente — Temos algumas coisas para conversar.

De mãos dadas andávamos pela beira do mar juntos e tranquilos. A cada segundo o lugar se esvaziava mais, chegando a ser assustador em alguns aspectos. O jeito como o vento bagunçava o cabelo de Arthur estava me fascinando, assim como a ideia de estar com ele. Somente alguém tão gentil e doce poderia me aturar cheia de paranoias e incertezas.

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